sábado, 17 de novembro de 2012

O cemitério das cruzes

Local: Argozelo, VIMIOSO, BRAGANÇA
Informante: Maria Elisa Belchior (F), 46 anos

Em tempos que já lá vão, havia um homem que todos os dias se lamuriava porque tinha uma vida muito difícil. Estava sempre a dizer a uns e a outros que a cruz que carregava todos os dias era pesada demais. 
 E tanto se queixou, tanto se lamuriou, tanto pediu a Deus que o aliviasse do peso da sua cruz, que num certo dia Nosso Senhor lá lhe apareceu: 
 — Então o que é que tu queres? — procurou-lhe. 
 — A minha cruz é pesada demais. Não posso com ela! — respondeu o homem. 
 — Ora trá-la, e vem comigo — disse-lhe Nosso Senhor. 
 E levou-o ao cemitério das cruzes. Logo à entrada disse-lhe: 
 — Pousa aí a tua cruz e vai lá dentro escolher aquela que te pareça mais leve. 
 O homem assim fez. Foi pegando numa, noutra e noutra, e, depois de as ter experimentado a todas acabou por pegar de novo da sua, concluindo que afinal ainda era a mais leve. Diz o povo, a propósito, que cada um carrega a cruz que merece.

Fonte:PARAFITA, Alexandre Antologia de Contos Populares

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