A associação ambientalista Quercus considerou hoje que o início da construção da barragem de Foz Tua «simboliza» a «morte» da linha do Tua e de «todas as potencialidades do vale do rio Tua».
O primeiro-ministro, José Sócrates, lançou hoje a primeira pedra da barragem que, para a Quercus, «simboliza a pedra que se quer colocar em cima de um defunto aquando do seu enterro».
A associação refere, em comunicado, que a construção da barragem «viola a Directiva Quadro da Água, acaba com a linha do Tua e com a acessibilidade ferroviária ao Nordeste e irá afectar muito negativamente os últimos dois pilares de desenvolvimento da região de Trás-os-Montes e Alto Douro: a agricultura e o turismo».
Para a Quercus, «se as barragens fossem sinónimo de riqueza e emprego, esta região seria uma das mais ricas e teria das taxas de desemprego mais baixas da Europa», pelo número de empreendimentos que ali existem.
«A estimativa do custo do Plano Nacional de Barragens é de 7.000 milhões de euros a serem pagos pelos consumidores, em vez de um investimento em alternativas energéticas que custariam somente 360 milhões de euros para obter os mesmos benefícios em termos de protecção do clima e de independência energética».
O Partido Ecologista Os Verdes (PEV) reagiu ao início da obra, afirmando que «não é com uma pedra que vão enterrar o vale e a linha do Tua».
O partido promete continuar «a lutar» contra o empreendimento e lembra, em comunicado, que «Foz Côa não se construiu e, no entanto, parte do paredão da barragem já estava erguido».
O PEV acusa o Governo de utilizar a «estratégia do facto consumado que visava e visa ainda inibir a mobilização e toda e qualquer decisão e posição contra esta barragem, dando-as como inúteis perante uma situação irreversível».
Os Verdes consideram, no entanto, que «esta primeira pedra não deixa de ser um insulto e uma afronta ao bom senso, ao interesse regional e nacional, ao património e à entidade cultural do povo desta região».
O partido entende ainda que «é uma afronta aos procedimentos legais e à transparência democrática, que estão a ser, em todo este processo, várias vezes lesados».
Mas está convicto de que «esta primeira pedra não é, por certo, um pilar da barragem e que debaixo da ponte de Foz Tua ainda vai correr muita água e que a luta de todos quantos se opõem à barragem de Foz Tua, na qual o PEV teve uma forte intervenção desde a primeira hora, continuará».
O PEV lamenta ainda «a afinação do coro dos autarcas do Vale do Tua, que, por alguns 'tostões' que ainda não estão garantidos e não passam de promessas no papel que facilmente são postas em causa em nome de qualquer crise ou défice, estão prestes a hipotecar o desenvolvimento futuro dos seus concelhos e da região».
Sol/Lusa
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