Uma das mais importantes vilas nordestinas, bem no coração do úbérrimo vale do Tua, Mirandela teve o primeiro foral em 1250, mas foi o rei D. Dinis quem fez implantar a povoação no cabeço de São Miguel, a dotou de castelo e lhe definiu os limites por carta de foro em 1291.Um fragmento do chamado Arco de Santo António é a única ponta que resta do Castelo, tendo igualmente desaparecido o pelourinho da vila.
Opiniões sobre a origem do nome Mirandela:Pinho Leal de Portugal Antigo e Moderno (1935): “Dizem que quem fundou Mirandela foi o rei árabe ou emir Orelhão, governador daquelas terras. Habitava na serra de Santa Comba, e, por estar em frente daquela serra aquel vila, deu-lhe o nome de A mira dela, donde Mirandela”.
Xavier Fernandes em Topónimos e Gentílicos (1944): “ Quanto a Mirandela, é mais uma terra portuguesa que apresenta a sua lenda, com que pretende explicar a origem do nome. A simples título de curiosidade, registamos essa lenda, tal como foi contada bem recente por um jornal local. «A tradição da vila anda muito ligada à lenda do Orelhão. Emir árabe, que vivia na serra hoje chamada de Santa Comba e por ser fronteira à povoação que deu a Mirandela de hoje, dizia ele estar à mira dela.
Fantasia ?
Comba era uma recatada lavradeirinha, que teve a má sorte de aquele chefe mouro a encontrar com o irmão no amanho do campo. Pretendeu-a, primeiro a bem, depois à forç. Neste último lance, matou o irmão e degolou-a depois.
Hoje existe uma povoação a vinte e um quilómetros, chamada Lamas de Orelhão, que decerto é adulteração de Lágrimas de Orelhão, as choradas por ele, arrependido do seu negro feito contra a pobre Comba».
Mas o topónimo Mirandela, evidentemente não provém de mira dela nem de mirando ela, como se conta numa variante da mesma lenda, pois não é mais do que um derivado de Miranda, com um sufixo diminutivo …
Mirandela tem, pois, o significado etimológico de Miranda pequena”.
Mirandela
Mirandela, Mirandela,
Mira-a bem, ficarás nela;
Quem Mirandela mirou,
em Mirandela ficou.
Vestígios históricos dão-nos a conhecer as influências deixadas pelas civilizações celtas, romanas e visigóticas, mostrando-nos o passado destas terras, cuja história se perde nos limiares do período histórico da Lusitânia.
O lugar de Mirandela teve a sua origem no monte de S. Martinho, junto ao monte do Mourel, onde hoje ainda se identifica o Castelo Velho. Mais tarde foi transferida para o cabeço de S.Miguel, actualmente centro histórico da cidade. D. Afonso III deu-lhe a carta de foral a 25 de Maio de 1250.
Cognominada a "Coimbra do Norte", pela configuração geográfica e traço paisagístico do rio e suas pontes, Mirandela tem a dominá-la o célebre e majestoso Palácio dos Távoras, a perpetuar o seu passado de glória e por tapete o cerimonioso rio Tua, de águas tranquilas e mansas que a beija e embala constantemente.
Mirandela é a sede de um extenso concelho que ocupa uma área aproximada de 674 Km2 e engloba 105 aldeias agrupadas em 37 freguesias. Tem 29 807 habitantes em 10 043 fogos, dos quais 8 501 vivem na sede.
Situada no centro geográfico da imensa região de Trás-os-Montes e Alto Douro, o concelho de Mirandela é com toda a certeza o mais próspero do distrito de Bragança.
Como centro propulsor de toda a actividade comercial, industrial e agrícola, a cidade de Mirandela viveu na última década uma explosão urbanística e demográfica que a coloca em lugar altaneiro no panorama distrital.
Pela sua maravilhosa situação geográfica em consonância com as vias de comunicação que a cortam em todas as direcções, as quais constituem um eixo rodoviário por excelência, e pelo extraordinário desenvolvimento do seu comércio e da sua indústria, cada vez mais florescentes, Mirandela antevê um futuro risonho, na esperança de poder afirmar-se como uma potência económica do Nordeste Transmontano.
Mirandela
Historia » Contos
Abreiro
Diz a lenda que a ponte, a Arcã e cruzeiro foram construídos pelo diabo de noite, que prometeu fazer também uma estrada da ponte até à povoação em troca da alma de uma moça que lha entregaria, para mais comodamente passar o rio a fim de ir buscar água a uma fonte sita na margem esquerda. Segundo o contrato, o diabo daria a ponte concluída numa só noite, antes de cantar o galo. Quanto mais afanosa trabalhava uma legião de demónios carreando, aparelhando e assentando pedras, cantou o galo. Que galo é? - perguntou o rei das trevas infernais. - Galo branco - responderam-lhe. Ande o canto - ordenou ele. A breve espaço novo canto. Que galo é? Galo preto. - Pico quedo vociferou ele. Faltava apenas uma pedra para assentar nas guardas da ponte e assim ficou, por mais vezes que os homens tenham lá colocado, aparece derrubada pelo diabo no rio na noite seguinte. Lenda semelhante é apontada a respeito da calçada de Alpajares, também conhecida por Calçada Mourisca, e à ponte a ela ligada no termo de Poiares, que causa pasmo pela sua duração de tantos séculos (Alves, 1934).
Romeu
A capela de N. Sra. de Jerusalém foi construída pelo povo a pedido de uma pastora a quem a Senhora apareceu, incumbindo-a de dizer ao mesmo que a edificasse, e em confirmação da sua sobrenaturalidade, para que a pastora bebesse, visto ser a terra muito falha de água, fez brotar a fonte da encosta do cabeço, onde está a capelinha ainda hoje existente. O dinheiro para a obra, segundo a tradição, era dado pela pastora que o tirava de um buraco ou de uma lapa, de onde a Senhora mandara à mesma pastorinha que o tirasse para a edificação da sua casa (Alves, 1934).
Torre de D.Chama
Há na província de Trás-os-Montes umas esculturas zoomorfas em pedra representando quadrúpedes, conhecidos por porcas ou porcos, segundo indica a marcação sexual clara nuns, irreconhecível noutros.
Idênticas esculturas encontram-se nas províncias vizinhas de Salamanca e Zamora. Em Portugal são desconhecidos fora da região transmontana.
No Outeiro sobranceiro à vila, onde têm aparecido várias antigualhas romanas e pré históricas, é que segundo a lenda, existia a torre habitada por D. Chama, castelã lúbrica, sempre pronta a dormir com quantos cavaleiros a procuravam e, para que não divulgassem o segredo de que tinha pernas de cabra, mandava-os matar no dia seguinte. Um dos mais ardiloso tirou-lhe o anel do dedo enquanto dormia e, ao sair, apresentou-o aos guardas do castelo como sinal de aliança com a dama, que o deixaram passar.
Quando acordou e deu por falta, mandou os criados após o fugitivo, gritando-lhe: a dona chama, a dona chama; de onde o nome de D. Chama à vila, mas nada conseguiram, e então ela, vendo-se desacreditada e descoberto o segredo, ficou encantada com os seus tesouros e a lira popular a dedilhar (Alves, 1934):
D. Chama chamorra
Pernas de cabra
Cara de senhora
Franco
Quase no sopé da Serra de Orelhão existe uma entrada (hoje quase aterrada pela erosão) que dá acesso a um corredor, que depois de percorridos alguns metros se subdivide em várias galerias que têm uma altura superior à de um Homem. Diz o povo que em tempos várias pessoas tentaram explorar o interior desta galeria com candeias ou velas acesas. Depois de penetrarem alguns metros pelo interior destas galerias, a luz apagava-se, não permitindo que se continuasse a fazer a exploração das mesmas. Diz também o povo que no final de uma das galerias está depositado um grande tesouro de ouro, que passará a ser propriedade de quem conseguir chegar junto do mesmo. Quando em menino me contaram esta história, ainda tentei reunir mais um ou dois amigos para fazermos a exploração destas galerias e pedi ao meu pai, que várias vezes visitou o local por fora que nos levasse ao local, entretanto no momento da decisão, faltou-me a coragem e nem sequer ficamos a saber a localização exacta do local de entrada (Paulo Pontes, Presidente de Junta do Franco, 2001).
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