A capela de S. Roque na aldeia de Samil, concelho de Bragança, está a ser descaracterizada com as obras de conservação que estão a ser feitas.
A acusação é do arqueólogo Ernesto Vaz, que considera que as obras efectuadas até ao momento, decapitaram totalmente a arquitectura com cerca de 500 anos. Segundo o arqueólogo Ernesto Vaz a intervenção está a arruinar um valioso património. Entre outras coisas estão em causa os pilares antigos que foram substituídos por colunas contemporâneas de granito. “Uma coisa é conservar e outra coisa é alterar o que lá estava. Todos nós sabemos que quando os edifícios são alterados desta maneira, decapitando tudo o que lá estava, perde-se a estética, perde-se a história, perde-se a memória e o edifício fica a valer menos, porque mesmo do ponto de vista económico, os pilares que lá estavam tem muito mais valor que duas reles colunas que mandámos encomendar por standard no alto das cantarias naquelas fábricas de granito”, afirma Ernesto Vaz.
O arqueólogo acusa o antigo padre da paróquia, Rufino Xavier, de ter autorizado as obras. “Foi o Padre Rufino Xavier que pastoreou a igreja de Samil nos últimos oito anos e foi ele e eu acuso-o a ele de ser o responsável material pela decapitação da nossa capela, ele e um mordomo irresponsável”, frisa.
Contactado, o padre Rufino Xavier não quis prestar declarações, alegando não ter de o fazer, visto que as obras começaram depois do Padre Sobrinho ter tomado posse da paróquia.
Por sua vez o novo pároco diz que as obras já decorriam quando ele chegou à aldeia, desconhecendo mesmo a existência da capela.“Eu nem sequer conhecia a capela, chamaram-me lá e quando lá cheguei nem sequer havia já pilares, por isso eu nem sei como era antes destas obras”, conta o padre Sobrinho.
A Comissão Diocesana de Arte Sacra e dos Bens Culturais da Igreja da Diocese de Bragança-Miranda devia ter sido informada, como deve ser de qualquer trabalho que ocorra na igreja, mas tal não aconteceu.“Eu só tive conhecimento há três ou quatro dias, ou seja, as obras já estavam a decorrer e não foi dado conhecimento à comissão soube por alguém que se apercebeu da problemática das obras”, explica o presidente da Comissão, Padre António Ferreira.
As obras estão a cargo da Comissão Fabriqueira de Samil que contactada pela Brigantia se recusou a esclarecer quem autorizou a realização dos trabalhos.
Escrito por Brigantia
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