quarta-feira, 2 de setembro de 2015

PEREDO DOS CASTELHANOS

História
Peredo dos Castelhanos vem referenciado na Corografia Portugueza, e Descripçam Topografica do Famoso Reyno de Portugal publicado em Lisboa a partir de 1706 como Abbadia da Mitra Primaz, pertencente à Comarca de Torre de Moncorvo. Diz-nos que a designação de Castelhanos se explica "porque nos tempos antigos o forão seus primeiros habitadores".
A origem da associação de Castelhanos ao Peredo é explicada, por seu lado, por António Veloso de Carvalho, como tendo acontecido no século XVI, aí teria surgido "um período de despovoamento deste local, sem se saber bem as causas. Aliás, cumpre dizer que isto aconteceu por mais de uma vez, fruto, por vezes, de invasões, e noutros casos, por razões desconhecidas. Assim, abandonadas as terras, pelo século XV e princípios do XVI, os responsáveis de Urros deram-nas a Gomes Borges de Castro, que as arrendou a oito famílias castelhanas, da Vila de Frexeneda".
Esta explicação tem certa relação com a tradição oral, transmitida, ainda hoje, no Peredo, em que as mulheres, juntamente com o padre, após os homens terem ido trabalhar para os campos, tivessem corrido com os espanhóis que vinham receber os impostos, usando pás do forno, vassouras, varapaus e outros instrumentos ameaçadores que apanharam à mão. Apesar desta aproximação parece-nos bastante simples e ingénua e somos levados a considerar outros factores históricos para a sua associação.
As referências históricas ao Peredo são mais antigas e nas Inquirições de 1258, ordenadas pelo rei D.Afonso III, aparece já o Peredo. Os seus habitantes viriam a ser obrigados, no ano de 1366, pelo corregedor do rei D.Fernando, a trabalhar nas obras do Castelo de Moncorvo. Esta participação forçada nas obras do castelo levaria o rei, em 1370, a considerar que a povoação se enquadrava melhor neste concelho, pelo que a enquadrou, juntamente com Urros, no dito concelho de Moncorvo, cortando com a ligação anterior a Freixo de Espada à Cinta.
A origem do topónimo do Peredo é própria do tipo B1b da definição da Geografia de Portugal de Orlando Ribeiro. Reúne os topónimos de forma latina tardia ou portuguesa arcaica, entre eles os nomes terminados em _edo, que derivam de _etum e designa um grupo de plantas, por exemplo Matianetum = Macedo (pomar de macieiras), Fraxinetum = Freixedo (mata de freixos). Pêra vem do latim pira ou piru, que se juntarmos o sufixo _edo, daria Peredo (conjunto ou pomar de pereiras. Nas denominações toponímicas das terras do Peredo encontramos, ainda hoje, Pereira, Vale do Pereiro, o que indica que seria uma variedade de plantas muito comum no Peredo. 
Isto leva-nos a enquadramo-nos nos tempos em que esta "terra de fim do mundo, que, já foi o centro do mundo", no dizer de Luís Miguel Duarte, professor da Faculdade de Letras do Porto. Nos topónimos de sítios do Peredo encontramos termos como Atalaia, que remetem para pontos avançados de vigilância e o Peredo em frente à confluência do Côa com o Douro dava dupla razão para estabelecer sentinelas, pois poderiam observar-se movimentações quer do lado de Ribacôa, quer do lado portucalense de Foz Côa actual
Este termo de "Piredu" vem já mencionado no foral de 1225 de Santa Cruz da Vilariça, localidade sobranceira ao local onde desagua a ribeira da Vilariça no rio Sabor e que daria origem a Torre de Moncorvo. Uma cópia do livro dos "Estatutos e Regras" da Confraria da Santa Cruz do lugar do Peredo, de 1618, apresenta o Peredo sem a designação dos Castelhanos. A capela da Santa Cruz é natural que já existisse nesse tempo e sabemos que está em estudo, pelo IPPAR, a sua classificação como Imóvel de Interesse Público, o que releva a sua importância e traz um valor acrescentado ao património da aldeia.
Descrição da Aldeia
Situa-se num pequeno vale, que nasce do planalto para os declives do rio. Forma uma rua inicialmente que desemboca na Igreja Matriz, daí bifurcam duas ruas que rodeiam a aldeia e se complementam entre si. Estas duas ruas são amplas e mais airosas do que a maioria das que encontramos em algumas vilas e cidades mas nos anos sessenta eram encolhidas pelos balcões de pedra que davam acesso às casas de um lado e de outro.
Descendo pelo lado esquerdo encontra-se o largo da Amoreira, pois aí existiu uma amoreira, onde está agora uma tília, a rua leva-nos ao largo da Santa Cruz, que tem a designação da capela que aí se encontra. Voltando à esquerda encontra-se a sede da Junta de Freguesia, onde funciona o único café da aldeia.   É no centro da povoação onde se pode contemplar o largo das Eiras, pois aí funcionaram até há poucos anos as malhadas de trigo, cevada e centeio e os animais bovinos e cavalares de todo o povo pastavam durante o ano, sendo proibido ao gado ovino e caprino.
Em 1998 construiu-se aí o Centro de Dia/ Lar.
No lado poente pode identificar-se o Cemitério, para lá chegar passa-se pelo campo de futebol. Ao redor das Eiras encontram-se os palheiros que circundam as mesmas e que vão sofrendo desgastes de mau gosto pela vontade de organização prática.
A partir do largo da Amoreira pode-se voltar à esquerda e pela rua do Canto aceder à Escola Primária, construída nos inícios dos anos sessenta, e admirar duas fontes antigas construídas em pedra xistosa. Se continuarmos a subir em frente passa-se por alguns dos palheiros que rodeiam as Eiras e no alto chegamos ao Calvário, onde se pode ter uma visão global de toda a aldeia e dos campos vizinhos e estender a panorâmica até à serra do Roboredo a Norte e expandir o olhar por montes que chegam à serra do Marão. Encravados em sulcos bem profundos observa-se o traçado sinuoso do rio. Pelo caminho em frente, que sai para os campos e era fechado por um portão de ferro, que era a forma de guardar o gado que pastava nas Eiras, chega-se à Capela de Nossa Senhora da Glória. Um belo miradouro, onde pode observar as ladeiras até ao Douro e os montes vales e planaltos que se prolongam numa excelente panorâmica. 
No regresso à aldeia pode observar as habitações tradicionais que eram na sua totalidade construídas de xisto. Só a partir dos finais dos anos setenta encontramos casas de tijolo e blocos e as primeiras ramificações de estilo "fenêtre" mas, ainda, encontramos nichos apreciáveis de traça original.

in:peredo.no.sapo.pt

2 comentários:

  1. Senhor Hengerinaques Poderia ter indicado a fonte onde foi buscar estes dados! Não fica bem colar como próprios osm escritos dos outros. Agradeço, entretanto pela divulgação da terra do Peredo, que até aos inícios do século XX aparece como S. Julião do Peredo: Sem ressentimentos mas esperando um esclarecimento.

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  2. Bom dia.
    Como poderá verificar numa leitura mais atenta, a fonte está e sempre esteve, indicada no final da publicação.
    in:peredo.no.sapo.pt

    Cumprimentos.

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