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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Águas Vivas

Águas Vivas (em mirandês Augas Bibas) deve o seu nome às numerosas nascentes de água que surgem à superfície, que devido às emblemáticas qualidades terão dado origem, suscitado o interesse e motivo de fixação nesta localidade.
Pensa-se que os primeiros habitantes terão sido uma comunidade religiosa na Idade Média, por volta do ano1000 D.C. após a Reconquista (aos mouros) também denominados "Homens Bons" que asseguravam a defesa destes territórios. Deverão ter edificado o primeiro local de culto em honra de Sta Catarina; [ Mendes Pimentel ];
A "intensa" colonização de que esta região [nordeste transmontano] foi alvo a partir do século XIII, como revelam as Inquisições  de D. Afonso III, por agentes leoneses, mormente os mosteiros de Santa Maria de Moreruela e de San Martín de Castañeda, o mosteiro beneditino de Castro de Avelãs, os Templários de Alcañices e, outros particulares que terão mantido a posse da terra muito para além do século da fundação da nacionalidade portuguesa;
Após a formação de Portugal, a localidade é administrativamente incorporada na freguesia de Palaçoulo, e distribuídos os terrenos outrora da igreja a fidalgos e Nobres por "feitos guerreiros" existindo ainda muitos terrenos "baldios" para os Homens livres;
Graças ao isolamento geográfico/cultural deste concelho a língua fluentemente falada, e autóctone, é o Mirandês. Provavelmente devido às influências asturio-leonesas dos colonizadores, e da proximidade com Espanha!
Gerra do Mirandum
Durante a "guerra dos 7 anos" (que envolveu a França e a Inglaterra), sendo que Portugal era Aliado da Inglaterra, e Espanha de França. Pressionados pelos franceses os castelhanos decidem invadir Portugal, obrigando Portugal ao "Pacto de Família" e cortar relações com Inglaterra.
Em 24 de Fevereiro de 1762, Carlos III (rei de Castela) dá ordem ao marquês de Sarriá para entrar em Portugal, mas as forças ainda não estavam preparadas para a acção e só em 2 de Março o Comandante‑em‑chefe estabelece o seu Quartel‑General em Salamanca. Em 16 de Março o Rei assina o plano de operações, que prevê a invasão na fronteira do Nordeste Português entre Puebla de Sanábria e Ciudad Rodrigo. Há depois uma troca de correspondência entre o Rei e Sarriá, em que se nota a impaciência de Carlos III para que se execute a invasão, a qual colide com as razões locais de impossibilidade de passar o Douro internacional e de dificuldade em transpor o Esla, afluente da sua margem direita.
Nos finais de Março o Rei continua a insistir para que se passe à acção, mas só no fim de Abril parece estar preparada a força. Em 29 de Abril o Marquês informa a Corte, em Madrid, que vai iniciar o movimento e tomar a praça de Miranda do Douro. Sarriá deixa Zamora em 1 de Maio e, fazendo o exército marchar em 3 colunas, progride sobre Alcanises, onde acampa em 4 de Maio. No dia seguinte uma parte significativa das forças entra em território português.
A coluna militar tomou a cidade de Miranda do Douro, progredindo até Duas Igrejas onde terão aquartelado as tropas.
Há relatos que entre Águas Vivas e Duas Igrejas, terá sido Palco de um confronto entre os castelhanos e as forças resistêntes ( milícias, compostas pelas populações e pelo exercito português). O local desses confrontos ainda hoje é denominado pelo "Cabeço da Matança*" pelas atrocidades aí cometidas. Há inclusive relatos populares que relatam, que existindo uma lagoa para onde foram atirados os corpos. Na decomposição dos corpos formaram-se ai grandes "bichos" sendo apelidada de "lhagona de las bichas" .
Séc XX - Actualidade
Na primeira metade de século XX Águas Vivas, graças à exploração mineira do volfrâmio, também chamado tungsténio, tornou-se um importante local desta actividade mineira no nordeste transmontano, onde acorreram muitas pessoas para ai trabalharem.
A exploração fez-se a cargo de uma companhia inglesa, que com o apoio do Estado Novo, expropriou os terrenos e explorou as minas.
Ainda que população se tenha revoltado, pelos "rapazes da terra" e populares, (tendo inclusivamente assaltado e roubado todo o minério numa das vezes) uma vez que os abusos aos camponeses eram frequentes. As minas foram o primeiro "motor" do desenvolvimento de Águas Vivas. Nessa altura vivia-se em plena "febre do ouro negro" e o minério era um bem valiosissimo.
Na segunda metade do sec. XX Águas Vivas, tal como quase todo o nordeste transmontano sofeu a onda "avassaladora" da Emigração, saíndo quase 1/3 da população para França, Alemanha, Suiça e outros!
Em 12 de Julho de 2001 Águas Vivas é elevada à categoria de freguesia, por desmembramento da vizinha freguesia de Palaçoulo.
Águas Vivas é um centro rural inserido no planalto mirandês, predominantemente ligado à agricultura e na aldeia existem algumas empresas, nomeadamente um aviário de grandes dimensões e uma unidade de transformação de carnes e produção de fumeiro regional .
Os solos são expremamente produtivos, e as culturas predominantes são: o trigo, centeio, vinho e claro a horticultura!
A construção civil tem um papel importante na economia local, pelo que os habitantes gostam de afirmar que na localidade "não há desemprego nem subemprego".

Bibliografia: Este assunto, bem como a invasão, particularmente em Trás‑os‑Montes, é tratado em pormenor in MOURINHO, António Maria. “A Invasão de Trás‑os‑Montes e das Beiras na Guerra dos Sete Anos...”, e a “...Guerra do Mirandum” tendo por base a correspondência do Marquês de Sarriá e do Conde de Aranda, documentos que estudou no Arquivo de Simancas, de que dá a conhecer alguns;


in:aguasvivas.home.sapo.pt

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