A fraga onde Nossa Senhora descansou
No lugar de Valpaço, próximo de Espinhoso, no concelho de Vinhais, há uma fraga que é conhecida como a “fraga do Valmiro” e que tem o furo de um sombreiro, onde Nossa Senhora esteve a descansar algum tempo. Dizem os antigos que os mouros vieram para a matar, por isso está lá também a marca do calcanhar de um deles, e Nossa Senhora teve de fugir para o alto da serra, no lugar de Vale de Janeiro, onde o povo lhe fez uma capela, que ainda lá está. É a capela de Nossa Senhora da Saúde.
Fonte: Inf.: Graciano Augusto Morais, 81 anos; rec. Espinhoso, Vinhais, 1999
A Fraga dos Mouros de Espinhoso
Na aldeia de Espinhoso, num sítio elevado, conhecido como o Alto da Torre, está localizada a “Fraga dos Mouros”, onde o povo diz que está uma moura encantada a tecer fios de ouro, e que ali ficou quando os mouros fugiram destas terras. Nesse lugar há também uma gruta que dá entrada para uma grande sala, onde cabem à vontade vinte homens. Era aí que os mouros faziam vida. Diz ainda o povo que eles iam por essa gruta buscar água ao rio Rabaçal.
Fonte: Inf.: Padre Joaquim São Vicente, 80 anos; rec.: Espinhoso, Vinhais, em 2001.
Lenda do Caúnho
Conta-se que há muitos anos no lugar do Caúnho, em Agrochão, no concelho de Vinhais, ouvia-se um tear a tecer no meio de uma rocha, num monte longe da povoação. Um rapaz, intrigado com o barulho, aproximou-se e viu então uma cobra enorme, com uma grande cabeleira, a qual penteava com um rico pente de ouro e diamantes. A cobra ao ver o rapaz disse-lhe:
– Se me deres um beijo vou fazer-te feliz. Estou aqui encantada nesta horrível serpente, mas sou uma linda princesa moura. Aceitas dar-me um beijo?
O moço aceitou. Mas ao aproximar-se sentiu tanto medo que recuou e fugiu.
Ela ainda tentou apanhá-lo, mas ele foi mais ligeiro. E nas suas costas ouviu-a dizer:
– Ah, ladrão, que dobraste o meu encanto!
O rapaz contou na povoação o sucedido. Outros moços foram lá também, mas nenhum voltou a vê-la. Mesmo assim continua a dizer-se que em certos dias ainda há quem ouça ali o bater do tear.
Fonte: Inf.: Antónia de Conceição Magro Gomes, 46 anos; rec.: Agrochão, Vinhais, 2001.
Lenda da Torca de Balmeão
Junto a um lameiro, no termo de Vilar de Peregrinos, concelho de Vinhais, há um lugar que o povo conhece como a Torca de Balmeão, onde passa um pequeno ribeiro e para onde as mulheres costumavam levar o linho para ficar macio.
Diz que, há muito tempo, ficou ali uma moura encantada com um bebé, que muitas vezes se ouve chorar. E também se diz que ela só se livraria do encanto se o bebé fosse baptizado, e que, para ficar baptizado, bastaria que fosse amamentado por uma mulher que também estivesse baptizada.
Um dia uma mulher da aldeia foi tirar o linho da laga, e deixou ficar o seu menino a dormir à sombra de umas árvores do lameiro enquanto ela trabalhava. Então a moura, que estava à espreita, foi lá e trocou os bebés, ficando à espera que a mulher lá fosse dar de mamar.
Dali a nada, a mulher ouvia uma voz que lhe dizia:
– Ó mulher do linho, vai calar o teu menino!
Mas ela, como conhecia bem o filho, e como o tinha deixado bem farto, só respondia:
– O meu bem calado está!
E continuava o seu trabalho sem lhe dar ouvidos. Por fim a moura, cansada de ouvir o seu menino a chorar tanto, voltou a ir lá e destrocou-os. Diz-se que, por isso, ainda lá continua na Torca do Balmeão, com o filho a chorar, à espera de ser baptizado. E também se diz que o som do ribeiro, quando vem mais forte, é o choro do bebé.
Fonte: Inf.: Ana Maria Fernandes, 78 anos; rec.: Vilar de Peregrinos, Vinhais,1999
Mouros Míticos em Trás-os-Montes – contributos para um estudo dos mouros no imaginário rural a partir de textos da literatura popular de tradição oral
Alexandre Parafita
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