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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Mais Lendas do Concelho de Vinhais

A fraga onde Nossa Senhora descansou

No lugar de Valpaço, próximo de Espinhoso, no concelho de Vinhais, há uma fraga que é conhecida como a “fraga do Valmiro” e que tem o furo de um sombreiro, onde Nossa Senhora esteve a descansar algum tempo. Dizem os antigos que os mouros vieram para a matar, por isso está lá também a marca do calcanhar de um deles, e Nossa Senhora teve de fugir para o alto da serra, no lugar de Vale de Janeiro, onde o povo lhe fez uma capela, que ainda lá está. É a capela de Nossa Senhora da Saúde.

Fonte: Inf.: Graciano Augusto Morais, 81 anos; rec. Espinhoso, Vinhais, 1999

A Fraga dos Mouros de Espinhoso

Na aldeia de Espinhoso, num sítio elevado, conhecido como o Alto da Torre, está localizada a “Fraga dos Mouros”, onde o povo diz que está uma moura encantada a tecer fios de ouro, e que ali ficou quando os mouros fugiram destas terras. Nesse lugar há também uma gruta que dá entrada para uma grande sala, onde cabem à vontade vinte homens. Era aí que os mouros faziam vida. Diz ainda o povo que eles iam por essa gruta buscar água ao rio Rabaçal.

Fonte: Inf.: Padre Joaquim São Vicente, 80 anos; rec.: Espinhoso, Vinhais, em 2001.

Lenda do Caúnho

Conta-se que há muitos anos no lugar do Caúnho, em Agrochão, no concelho de Vinhais, ouvia-se um tear a tecer no meio de uma rocha, num monte longe da povoação. Um rapaz, intrigado com o barulho, aproximou-se e viu então uma cobra enorme, com uma grande cabeleira, a qual penteava com um rico pente de ouro e diamantes. A cobra ao ver o rapaz disse-lhe:
– Se me deres um beijo vou fazer-te feliz. Estou aqui encantada nesta horrível serpente, mas sou uma linda princesa moura. Aceitas dar-me um beijo?
O moço aceitou. Mas ao aproximar-se sentiu tanto medo que recuou e fugiu.
Ela ainda tentou apanhá-lo, mas ele foi mais ligeiro. E nas suas costas ouviu-a dizer:
– Ah, ladrão, que dobraste o meu encanto!
O rapaz contou na povoação o sucedido. Outros moços foram lá também, mas nenhum voltou a vê-la. Mesmo assim continua a dizer-se que em certos dias ainda há quem ouça ali o bater do tear.

Fonte: Inf.: Antónia de Conceição Magro Gomes, 46 anos; rec.: Agrochão, Vinhais, 2001.

Lenda da Torca de Balmeão

Junto a um lameiro, no termo de Vilar de Peregrinos, concelho de Vinhais, há um lugar que o povo conhece como a Torca de Balmeão, onde passa um pequeno ribeiro e para onde as mulheres costumavam levar o linho para ficar macio.
Diz que, há muito tempo, ficou ali uma moura encantada com um bebé, que muitas vezes se ouve chorar. E também se diz que ela só se livraria do encanto se o bebé fosse baptizado, e que, para ficar baptizado, bastaria que fosse amamentado por uma mulher que também estivesse baptizada.
Um dia uma mulher da aldeia foi tirar o linho da laga, e deixou ficar o seu menino a dormir à sombra de umas árvores do lameiro enquanto ela trabalhava. Então a moura, que estava à espreita, foi lá e trocou os bebés, ficando à espera que a mulher lá fosse dar de mamar.
Dali a nada, a mulher ouvia uma voz que lhe dizia:
– Ó mulher do linho, vai calar o teu menino!
Mas ela, como conhecia bem o filho, e como o tinha deixado bem farto, só respondia:
– O meu bem calado está!
E continuava o seu trabalho sem lhe dar ouvidos. Por fim a moura, cansada de ouvir o seu menino a chorar tanto, voltou a ir lá e destrocou-os. Diz-se que, por isso, ainda lá continua na Torca do Balmeão, com o filho a chorar, à espera de ser baptizado. E também se diz que o som do ribeiro, quando vem mais forte, é o choro do bebé.

Fonte: Inf.: Ana Maria Fernandes, 78 anos; rec.: Vilar de Peregrinos, Vinhais,1999

Mouros Míticos em Trás-os-Montes – contributos para um estudo dos mouros no imaginário rural a partir de textos da literatura popular de tradição oral

Alexandre Parafita

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