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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 18 de março de 2017

Entrevista a Pedro Rego “Sou um apaixonado pela vida selvagem.”

Pedro Rego, um dos melhores fotógrafos brigantinos e nacionais, em entrevista ao Diário de Trás-Os-Montes, revela o seu início, motivações e projetos. Esta é a entrevista de um homem em comunhão com a Natureza que preserva em fotografias toda a beleza que a mesma nos transmite. Recentemente lançou o livro “Pólo Norte – O Degelo Final” em que alerta através das suas imagens para problemas que assolam o nosso planeta.

DTM - Como iniciou esta aventura no mundo da fotografia e o que te motivou a ser profissional nesta área?

PR - O início foi em meados de 2000 com a compra de uma pequena máquina digital compacta. Já antes tinha fotografado em rolo, com uma Canon AE-1 mas o maior impacto da fotografia em mim, foi nessa altura. Depois, a partir de 2006, com a compra da minha primeira Reflex, que me abriu portas a todo o universo da fotografia. A partir de 2012 veio a decisão de me tornar profissional nesta área, por duas razões fundamentais; a primeira por uma questão de necessidade, a docência vive dias muito difíceis, apenas conseguia encontrar horários de 6h e 12 h e fora de Bragança o que não me garantia um ordenado suficiente para me alimentar a mim e à minha família. A segunda por já ter um vasto conhecimento adquirido principalmente ao longo dos últimos 6 anos, o que me faziam ter um bom conhecimento a nível técnico e a nível de mercado e, claro, por gostar muito de fotografia.

DTM - Como pode um fotógrafo se destacar perante uma crescente banalização da fotografia?

PR - É mesmo muito difícil...como diz e bem, hoje em dia banaliza-se muito a fotografia. Banaliza-se no sentido da não valorização da fotografia em si, pois paradoxalmente, vivemos tempos em que toda a gente destaca e valoriza a fotografia, mas ela cada vez vale menos em termos monetários. Isto porque existem muitos amadores com grande qualidade que pelo facto de não viverem da fotografia oferecem as fotos que tiram e o mercado aproveita-se disso. É impossível competir com o gratuito, mesmo que tenhas fotos melhores. Outro exemplo disso é a massificação das fotografias publicadas na internet e nas redes sociais, muitas vezes sem critério e apenas com um único intuito, a caça aos “likes” e ser-se popular.

DTM - Porquê a escolha da vida animal como género fotográfico predominante nos teus trabalhos?

PR - Acima de tudo porque adoro a Natureza, adoro estar em contacto com a Natureza e sinto que a fotografia de Natureza me completa. Sou um apaixonado pela vida selvagem. Não faço só fotografia de Natureza, infelizmente para se conseguir alguma rentabilidade em fotografia é necessário fazer outros trabalhos e gosto muito de fotografar Desporto, mas sem dúvida que é na Natureza e na fotografia de Natureza que me sinto bem e que me dá enorme prazer fotografar.

DTM - Qual foi a motivação para chegar ao conceito presente no livro “Pólo Norte – O Degelo Final”?

PR - As razões para esse conceito e para a elaboração do trabalho são três; a primeira porque as alterações climáticas e o aquecimento global sempre foram temas que me preocuparam e que me interessaram. Julgava eu antes e tenho a certeza agora, depois do trabalho feito, que é o maior problema que a humanidade irá enfrentar no futuro. Senti que seria o momento ideal para fazer este trabalho devido às notícias cada vez mais alarmantes do aumento do degelo no Ártico. Depois e associado a isso, o aumento do perigo de extinção do Urso Polar, um dos animais mais icónicos do planeta e que hoje enfrenta sérias dificuldades devido ao degelo. E a terceira razão, uma razão mais pessoal, porque o gelo e estas regiões do planeta sempre me atraíram e era um objetivo que tinha de ir lá fotografar.

DTM - Que dificuldade encontrou no processo preliminar e durante a tua aventura no Pólo Norte?

PR - Muitas dificuldades, sobretudo no aspeto económico. Este era um trabalho que em termos de orçamento superava as minhas possibilidades e encontrei desde logo uma enorme barreira que dificultava a execução do trabalho. Como é um trabalho não financiando, ou não pago por nenhuma empresa ou entidade, todos os custos inerentes à expedição teriam que ser suportados por mim e sozinho nunca teria conseguido. Recorri a um crowdfunding e a patrocínios de empresas e instituições. Felizmente correu tudo bem e consegui. Depois, todo o processo de planeamento foi extremamente difícil pois tinha poucos dias para poder passar no ártico e tudo tinha que estar milimetricamente coordenado e planeado para correr bem. Como exemplo, para se fazer um bom trabalho deste género eu iria necessitar de estar no Ártico durante 2 meses e...tinha apenas 14 dias. Muita coisa para conseguir fotografar e pouco tempo. Mesmo assim nem tudo correu bem, durante a estadia no Ártico tive um problema grave no barco, estávamos a navegar perto de uma porção de mar congelado, começámos a fazer uma aproximação a uma zona onde estava um urso quando de repente o motor do barco partiu e ficámos presos no gelo. Tivemos que ser rebocados e toda a expedição ficou comprometida. Felizmente consegui resolver a questão e arranjei um outro barco à última da hora que me permitiu navegar para norte, junto do mar gelado e dos ursos polares. Depois, o frio, embora sendo Transmontano, o Ártico consegue ser um pouco mais frio que aqui! 

DTM - Como têm sido o feedback em relação ao teu trabalho “Pólo Norte – O Degelo Final”?

PR - Tem sido excelente, todas as pessoas que têm contacto com o trabalho elaborado têm ficado muito satisfeitas com o que veem, quer a nível do documentário de vídeo, que ainda só se conhece o trailer inicial, quer a nível do livro que tem tido muita procura. Os feedbacks recebidos têm sido muito positivos.

DTM - Regressaste recentemente de África, como foi mais essa aventura com um contexto tão diferente da tua viagem ao Pólo Norte?

PR - Totalmente diferente! Desde logo pelo clima em si, no Ártico lutava-se contra o frio extremo, em África é contra o calor! Durante os dias que estive no Serengeti, as temperaturas rondaram os 40 graus. Depois também totalmente diferente pelas paisagens e pela vida animal. O Ártico sendo um local mais inóspito tem menos quantidade e presença de vida, em África é absolutamente extraordinária a quantidade de animais que ali vive. Esta viagem correu muito bem e tive a felicidade de poder fotografar todos os objetivos que tinha traçado. Foi um trabalho direcionado para os grandes predadores africanos, Leão, Chita, Leopardo, Hiena, com a adição de outros animais emblemáticos de África e que também correm elevado risco, como os Elefantes, Girafas, etc.

DTM - Podemos dizer que mais uma aventura equivale a mais um livro?

PR - Muito provavelmente! O objetivo é esse, mas para já é preciso ver e tirar conclusões do impacto e do sucesso que o livro do Pólo Norte terá. Só depois saberei se há condições para iniciar uma nova obra.

DTM - Que outro projeto já tem em mente para o futuro?

PR - Já tenho em mente 5 novos projetos. A bem dizer, isto é só um projeto, que contempla 6 diferentes trabalhos. O primeiro está concluído, faltam 5! É um projeto que terá como duração cerca de 5 anos, ou seja o objetivo é conseguir realizar pelo menos 1 por ano. Não poderei revelar todos, até porque muita coisa pode mudar até lá e alguns locais já definidos até poderão ser substituídos por outros, mas há um, que será o meu próximo destino, que não vai mudar. É daqueles objetivos que já está traçado, que é ir ao outro extremo do mundo, a Antártida! Novos objetivos, novas dificuldades, novas barreiras. Mas tudo farei para as ultrapassar.

Para mais informações sobre o trabalho de Pedro Rego visitem as suas páginas:
AQUI
E AQUI

Guilherme Moutinho
in:diariodetrasosmontes.com

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