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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Um presidente de junta nas montanhas

Altino Pires tem 42 anos. Está a começar o segundo mandato à frente da freguesia com mais aldeias de montanha do concelho de Bragança.
"Palácios, Caravela, São Julião, Vila Meã, Deilão e Petisqueira", enumera Altino, com orgulho. As seis aldeias estão na denominada Lombada de Bragança, na parte nordeste do Parque Natural de Montesinho, a mais de 800 metros, junto a Espanha. É lá que habitam cerca de 300 pessoas. "Na União de freguesias são mais ou menos 300 pessoas. Depois oscila no Natal e no Verão com os emigrantes", avança o presidente de junta.

E são essas pessoas que residem ali que vivem das culturas de montanha. "Dos cereais, da castanha e do gado bovino e ovino". Nas seis aldeias existem 11 rebanhos que durante todo o ano percorrem os montes à procura de pasto.
Foi ali, em São Julião de Palácios que Altino Pires nasceu e cresceu. O presidente de junta lembra-se bem dos tempos de escola na aldeia e dos dias de neve sem aulas. "Não éramos nós que não íamos à escola era a professora que não conseguia cá chegar (risos). Hoje a escola já não tem alunos e quase já não há neve", salienta.

Na altura as aldeias ficavam dias isoladas de tudo. Se antes havia o fumeiro que dava para o inverno e para essas ocasiões, agora todo o comércio vai ter com eles. "Porque temos os comerciantes ambulantes. Hoje aqui não falta a carne, não falta o peixe, não falta o pão nem o resto da mercearia. Todos os produtos de primeira necessidade são trazidos aqui diariamente".

As maiores faltas da freguesia diz Altino Pires, são duas: a primeira arranjar forma de possibilitar convívio aos mais velhos na freguesia, (que são a grande maioria) e a segunda o não haver indústrias para empregar e segurar os mais novos. Para a primeira já arranjou uma meia solução. A União de freguesias criou um grupo de Gaitas de fole. Tem 33 elementos

"É composto por pessoas dos 8 aos 70 anos. É um grupo que nos une pelo menos aos fins de semana, às sextas e sábados à noite que é quando ensaiamos. Foi formado também por uma questão cultural. Aqui na lombada sempre se fizeram as chamadas Festas dos Rapazes nos meses de Inverno e sempre se usaram gaitas. Para não deixarmos morrer a tradição criámos o grupo".
E para trazer gente de fora às aldeias, a junta criou alguns percursos pedestres e para bicicletas. "Mais pedestres porque o de bicicleta tem 50 quilómetros, sempre pelas montanhas e não é fácil de fazer. Dois deles, o da grande rota a pé e o de BTT passam na freguesia toda. São trilhos feitos para conhecer a fauna e a flora mas também para conviverem com as pessoas que vivem aqui", afirma Altino Pires.

É por isso e muito mais que o presidente diz que ali se vive bem. "Ninguém passa fome nem há sem abrigo como nas grandes cidades".

Altino Pires apenas se ausentou da sua terra durante os 5 anos que frequentou a universidade nos Açores onde tirou engenharia agrícola. Trabalha numa loja de venda de produtos para animais na cidade de Bragança. Sempre que pode corre para as suas aldeias e o resto do tempo passa-o em casa, na aldeia, porque diz ser um apaixonado por aqueles montes. "Se não fosse é porque a minha infância tinha sido mal vivida e como foi bem vivida nunca esqueci as raízes...estas montanhas", termina.

Afonso de Sousa
TSF

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