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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Carocho e Velha saem à rua em Constantim para manter o comunitarismo

A aldeia de Constantim, no concelho de Miranda do Douro, teima em manter viva, uma das mais antigas tradições mitológicas do comunitarismo transmontano, com a celebração a 27 de dezembro da festa do "Carocho e da Velha".
Segundo o historiador António Rodrigues Mourinho, a festa tem início na quarta-feira, prologando-se até sábado, com diversas atividades, cuja, a origem se perde nos tempos mais remotos.

"O conjunto de mascarados sai à rua na manhã de quinta-feira para animar a localidade raiana, dia que é dedicado a S. Evangelista na Liturgia Romana, sendo a data assinalada em tom de festa e de diversão entre todas os residentes e muitos visitantes que vêm um pouco de todo o país e da vizinha Espanha", explicou hoje à Lusa, Aureliano Ribeiro, um morador da aldeia.

Nos dias que antecedem a festa, os rapazes fazem o "acarrejo dos cepos, da lenha e urzes e juntam-nos em pilha no largo dos Pauliteiros para posteriormente se acender a fogueira que em poucos minutos assume proporções gigantesca", conta Aureliano Ribeiro, um dos habitantes da aldeia.

"O dia de quinta-feira começa com uma arruada logo de manhã, E os foguetes anunciam que as celebrações começam e os gaiteiros da terra tocam a única música destinada a esta hora, a alvorada", indicou.

Depois disto, os personagens assumem o completo controlo da aldeia e, acompanhados pelos pauliteiros e gaiteiros, visitam todas as habitações da aldeia e 'roubam' as chouriças destinadas a alimentar a população ao fim do dia.

"A Velha e o Carocho, personagens mitológicas, são os patronos da Festa das Morcelas ou da Mocidade, que se realiza entre quarta-feira e sábado na aldeia de Constantim. Aparece muita gente para registar o evento, dada a sua raridade", adiantou à Lusa o historiador, António Rodrigues Mourinho.

O investigador defende que estas tradições só morrerão quando as comunidades locais assim o entenderam e por esse motivo é preciso celebrá-las.

A festa do 'Carocho e da Velha' é conservada de acordo com a originalidade do seu ritual e que assenta nos rituais dionisíacos celebrados na antiga Grécia, que ultrapassavam a ordem social e o que era convencional nas sociedades da época.

Para o também antigo diretor do Museu Terra de Miranda, será preciso incentivar as pessoas mais novas a manterem vivas as tradições ancestrais.

"Esta festa esteve perdida no tempo entre 1958 a 1978. No entanto, a mocidade de Constantim decidiu retomar esta tradição em 1979 e a cada ano que passa é vivida com mais intensidade. Mas há outros exemplos mais recentes", explicou.

Para António Rodrigues Mourinho, esta é uma celebração de profundo significado com ritos de iniciação, mitos de eterno retorno cuja origem há que procurar "muito longe no tempo".

"Estas rituais chegaram mesmo a ser proibidos pela própria igreja a partir do século VI, porque tem uma dose muito grande de paganismo", observou.

Agência Lusa

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