Julióbriga |
Julióbriga era a cidade mais importante dos cântabros, no dizer de Plínio: Juliobriga sola memoratur.
Na região pertencente a esta cidade chamada depois Brigância, havia o Portus Victoria Juliobrigensium, que não devemos confundir com a cidade, cabeça dos povos deste nome, como alguns fizeram, baseados em Plínio, dizendo que na Cantábria havia duas cidades com o nome de Julióbriga: uma no litoral, o porto de mar, e outra no interior.
Este geógrafo dá efectivamente o Ebro como – ortus in Cantabria haud procul oppido Juliobriga; esta é a que tomam por mediterrânea, a outra é quando o mesmo, no liv. IV, cap. 20, diz: Portus Victorice Juliobrigensium. Ab eo loco fontes Iberi XL Millia passuum.
É evidente, porém, que aqui não se trata de cidade, mas sim de um porto dito da Vitória, que pertencia aos juliobrigenses, talvez por estar no território dos povos que reconheciam aquela cidade por cabeça, ou por outra qualquer razão.
Ambrosio de Morales escreveu que o porto dos juliobrigenses «estaba en las marinas de Vizcaya»; mas enganou-se, mesmo porque este escritor estava persuadido que a Cantábria era a moderna Viscaia.
Henrique Florez coloca-a em Santander duvidosamente e mais certo em Santoña, para o que se funda nos quarenta mil passos, ou sejam quarenta milhas — dez léguas — que Plínio distancia esta cidade das nascentes do Ebro, sem precisar de recorrer à seguinte inscrição, cuja autenticidade põe em dúvida, dada por Tamaio ao dia 27 de Janeiro, que diz haver sido encontrada no porto dos Juliobrigenses – ubi hodie el Puerto dicitur, inter Bermeo, et oppidum Santander. Eis a inscrição:
IMP. C.ES. L. SERT. SEVERI. PII. PERTIN.
AUG. ARABICI. ADIABEN. PARTH. MAXIM.
FIL. DIVI. M. ANTON.
PII. GERM. SARM. NEP.
DIVI. HADRIANI. ABNEP. DIVI. ANT.
PRONEP DIVI TRAIANI PARTHIC.
ET. DIVI NERVAE ADN.
M. AVRELIO. ANT. AVG.
TRIB. POT. VII. COSS. I. PROC. PP.
NAVIG. QVI. CANTABR. NEGOT.
AD. PORT. IVLIOBRIG.
POSVER. DEVOT.
N. M. Q. E.
Florez diz que esta pedra não merece crédito por inverter contra o costume a ordem dos Césares — «en esta fórma, Nerva, Trajano, Antonino, Hadriano y anadir al consulado año I siendo asi que en el primer consulado no se añadia numero».
Tendo dito do porto da Vitória que pertencia aos juliobrigenses, vejamos agora a situação desta cidade. Alguns colocam-na em Logroño, Valdivieso, Aguilar de Campos, mas sem fundamento sólido. Florez, baseado no texto de Plínio, que a situa perto das nascentes do Ebro, o qual, segundo aquele escritor, nasce perto de Reynosa e não em Espinosa de los Monteros, como alguns escreveram, diz que Julióbriga estava a meia légua de Reinosa e ao seu meio dia do Ebro abaixo, num alto chamado Retortillo, onde ainda perseveravam ruínas de construções antigas e haviam aparecido moedas e lápides epigráficas romanas e cinco terminais, nas suas imediações existentes ainda no seu tempo, que dividiam os termos Augustaes entre a Legião IV e Julióbriga, que se vê mencionada em todas as cinco lápides.
Em Julióbriga residia o tribuno da Coorte Celtibérica, como traz a Notícia das Dignidades do Império do Ocidente, onde, tratando dos presídios da Galiza, diz: — Tribunus Cohortis Celtiberæ, Brigantiæ, nunc Juliobriga. — Esta locução, como adverte Florez, não denota que a Coorte Celtibérica fosse de Brigância ou que aí residisse, e agora (no tempo de Arcádio e Honório) estivesse em Julióbriga, mas que o lugar chamado antes Brigantia era já conhecido pelo nome de Julióbriga, porque, para denotar diversos lugares de residência em diferentes tempos, devia dizer: Brigantiæ, nunc Juliobriga, salvando assim a concordância. Morais também assim o entendeu.
De onde se conclui que Julióbriga era chamada, antes da conquista dos romanos, Brigância. Já o nosso Argote interpretava da mesma maneira este texto; porém, no intuito de mostrar que a Brigância mencionada não é a da província de Trás-os-Montes, mas sim a cidade ou porto de mar Flavium Brigantium, de que adiante falamos, apontada por Ptolomeu na Galiza, recorre à interpretação violenta e oposta às regras de gramática de Hanao, nas Averiguações das Antiguidades de Cantábria, liv. I, cap. 32, que traduziu: O Tribuno da Coorte Celtibera assistia em Brigância, agora assiste em Julióbriga. É, porém, evidente, para quem ler a sua obra no lugar abaixo citado, que ele entendia o contexto do modo como temos dito, embora, por algo concordar com o seu modo de pensar e só neste sentido seguisse a Henao.
Grutero aponta também uma inscrição lapidar, de onde a copiou Florez, que mostra como Julióbriga ficava na Cantábria. É como segue:
C. ANNIO. L. F.
QVIR. FLAVO
IULIOBRIGENS
EX. GENTE. CANTA
BRORUM. PROVINCIA. HISPA
NIA. CITERIOR
OB. CAVSAS, VTILITATESQVE
PUBLICAS
FIDELITER. ET. CONS
TANTER. DEFENSAS.
A província da Espanha Citerior dedicou esta memória a Caio Annio, natural de Julióbriga, na região cantábrica, filho de Lúcio Quirino Flavo, por ter defendido fiel e constantemente as coisas e utilidades públicas.
Ptolomeu também coloca Julióbriga entre as cidades mediterrâneas
dos cântabros, aos 12°, 10°, de longitude e 44° de latitude. Jorge Cardoso, baseado no Chronicon de Juliano, nº 140, onde se lê: in Lusitania prope Bracharam, Brigantia, quæ quondam Juliobriga dicta est, vigesima tertia martii Sancti martyres Domitius, Pelagia, etc.
— isto é — que na Lusitânia, em território bracarense, fica Bragança, chamada outrora Julióbriga, e nesta cidade, a 23 de Março, padeceram martírio Domício, Pelágia, etc., diz que Julióbriga ficava no território da actual cidade de Bragança, em Trás-os-Montes, reino de Portugal.
Confirma tal opinião com uma lápide encontrada em 1591, em Castrelos, povoação do concelho de Bragança, quando se abriam os alicerces para uma capela, na qual se lia:
SEMPRON. TVDIT.
NVMORVM IX. M.
Junto dela se encontrou uma pia de pedra, cheia de moedas de ouro, de que fala o cipo, com o nome do imperador Antonino.
Cardoso quer que este Semprónio seja o Procônsul Caio Semprónio Tuditano, mencionado por Tito Lívio que, ferido na guerra, se recolhera à nossa cidade, como a lugar de asilo. Argote tem tal localização por frívola e indigna de crédito, vistos os textos de Plínio e Plotomeu, já citados, além de que a lápide nada faz ao caso, nem fala em Julióbriga e apenas diz que ali «estão nove mil moedas de Semprónio Tuditano», além de que este Semprónio não pode ser o Procônsul mencionado por Tito Lívio, que o foi na Espanha Citerior, onde morreu de feridas, recebidas em batalha; o distrito de Bragança, naquele tempo, ainda não estava ocupado pelos romanos e caía na Espanha Ulterior. Demais, o Semprónio de Castrelos viveu depois do imperador Antonino, como as moedas indicam, e o Procônsul muitos anos antes de haver imperadores.
Como as coisas são! Este tesouro de Semprónio, que faria a fortuna de alguns, foi a desgraça do seu descobridor, pois, segundo Fr. Luís dos Anjos, já citado, por suspeitarem que achara maior soma de moedas ou que não indicava o local, prenderam-no, sua mulher «desapareceu e ele morreu negativo e com muita miséria na cadeia, sem se aproveitar a si,
nem a outrem do dinheiro».
Alega mais Jorge Cardoso uma outra lápide encontrada na igreja de Nogueira, meia légua distante de Chaves, dada originariamente por João de Barros, nas suas Antiguidades de Entre Douro e Minho, que é como segue:
ÆMILIANO FLACO.
L. ÆLVIS FLACUS SIGNI
FER LEG. TT. AVG. CV
RAVIT INSTRVENDVM
VIVO VOLENTE ET PRE
SENTE SACRATISSIMO
SVO PATRI.
DE HOC IULIOBRIGA.
que vem a dizer — que Lúcio Élio Flaco, porta-bandeira da legião segunda augusta, cuidou em levantar a seu venerável pai Emiliano Flaco, natural de Julióbriga, que nisso consentiu e esteve presente, aquela memória.
Argote diz que a inscrição, conforme vem em João de Barros, segundo uma cópia que lhe mandaram, é desta forma:
ÆMILIANO FLACO DE HOC. C. IVRE
BRIGA. L. ÆLIVS FLACVS SIGNIFER LEG
TT. AVG CVRAVIT INS. TRVENDUM
VIVO VOLENTE ET PRESENTE SACRATISS
SVO PATRE.
e deixa entender que a lista que das inscrições de Chaves lhe mandou João de Morais e Castro também por este modo a apresentava, acrescenta que já no seu tempo, dele Argote, não existia tal lápide, que não entende a última palavra da primeira linha terminar na segunda, e que alguns que trataram desta inscrição a falsificaram, dizendo que tinha estas palavras: «de hoc Juliobriga» — e, portanto, não falando em Julióbriga, nada prova relativamente à localização desta cidade.
Na Biblioteca Municipal do Porto há cinco códices das Antiguidades de Entre Douro e Minho, de João de Barros, que têm por título: Breve summa de Geographia da Comarca d’Entre Douro e Minho e Traz-os-Montes; têm respectivamente os números 192, 255, 440, 549 e 1109, nenhum é original, mas simples cópias. A inscrição em questão, conforme a apontam, concorda com a de Argote, notando-se apenas ligeiras diferenças.
Dado, porém, que a inscrição fosse autêntica, não vejo razões para favorecer Bragança de preferência a Chaves, em cujas imediações a deram como existente, sendo que da nossa cidade dista passante de quinze léguas de péssimos caminhos e, conseguintemente, nada próprios para ser transportada a tão grande distância sem que vejamos motivos especiais para isso.
O já citado Cardoso, no intuito de aduzir provas em ordem a demonstrar que Julióbriga é a actual Bragança, continua: «Favorece a isto Abraão Hortelio, que, no Thesouro Geographico, verbo — Brigantia — diz: nunc Julióbriga». E mostra que está na Lusitânia, tratando da palavra — Deobriga — que lhe parece estar erradamente escrita em Ptolomeu e que é a mesma Julióbriga, chamada agora Bragança, que muitos autores fazem na Lusitânia, junto a Braga, por ser então daquele arcebispado e hoje de Miranda.
E Pancirolo, in Noticia Utriusque Imperii. C. 90, in Commentario, fol. 180, diz que Julióbriga é Bragança, citando Ptolomeu.
E o Mappa de Portugal, que o nosso Fr. José Teixeira estampou em França, ano 1592, dando às cidades os nomes antigos, a Bragança dá Julióbriga.
A isto responde Argote: «Primeiramente Hortelio, Pancirolo e Teixeira, por si, não têm autoridade em matéria tão antiga e nem Hortelio, nem Bercio, nem Pancirolo falam de Bragança, mas da Corunha, que se chamava também Brigancia, e a Noticia do Imperio o que diz é, que uma cohorte, que primeiro estava de presidio na Corunha (Brigantia) se passara depois para Juliobriga». Já atrás aludimos à interpretação deste texto.
Algo concorre para esta confusão o Ptolomeu, ao tratar da Galiza, situar entre os Callaicorum Lucensium uma cidade ou porto de mar com o nome de Flavium Brigantium entre 7°,15' de longitude e 45° de latitude, que se entende devia ficar no actual porto de mar da Corunha ou imediações, ou melhor no Padrão, e daqui e do texto já citado — Tribunus Cohortis Celtiberæ, Brigantiæ, nunc Juliobriga — se originou a obscuridade.
Poderia haver nas Astúrias, onde então caía a Bragança de Trás-os-Montes, alguma cidade deste nome, mas dos textos dos geógrafos e escritores romanos por nenhum modo pode deduzir-se tal existência, e nestas coisas é o que soa sicut jacet e não o que queremos que seja. A Julióbriga de Plínio e Ptolomeu estava na Cantábria, perto das nascentes do Ebro, e não em outra parte. Portanto, não merecem crédito as notícias que os falsos chronicons nos dão, seguidas por vários escritores somenos criteriosos, aplicadas à nossa Bragança, na presunção de que foi a Julióbriga de Plínio e Ptolomeu.
E assim, não lhe cabe o dizer-se, como querem Cardoso; Julian Perez, arcipreste de Toledo, em seu falso Chronicon, a quem seguiu D. Rodrigo da Cunha, na Hist. Eccl. dos Arcebispos de Braga; Abraão Ortelio, no seu Thesouro Geographico; o autor da Benedictina Lusitana; o autor do Anno Historico; Fr. Luís dos Anjos, no Jardim de Portugal, pág. 91; João Baptista de Castro no Mappa de Portugal; P.e António Carvalho da Costa, na Corographia Portugueza; Rodrigo Mendes da Silva, na Poblacion General de España, 1645, pág. 155; Paulo Perestrelo da Câmara, no Dicc. Geograph. do Reino de Portugal e geralmente os escritores modernos, que Bragança é fundação de Brigo IV, rei de
Espanha, mil oitocentos e noventa e oito anos antes de Jesus Cristo, enriquecida depois com privilégios por Júlio César, falecido quarenta e quatro anos antes do Nascimento do Redentor, e que o imperador Augusto lhe dera o título de Júlio, de onde Julióbriga, em memória de seu tio Júlio César, vindo assim a confundir-se no mesmo o do seu fundador e reedificador.
Não deve admirar que estes escritores, num tempo em que os processos de crítica careciam dos elementos de que esta ciência dispõe modernamente, prestassem crédito aos forjadores de tais descalabros que, como diz Camilo, «mentiram mais do que permitia a força humana».
É certo que, logo no tempo em que apareceram, motivaram dúvidas, mas a crítica não dispunha de elementos para discriminar a sua autenticidade.
O pensar geral, a tal propósito, regulava-se, pelo que nos diz o Agiologio Lusitano. «Se alguem duvidar da auctoridade de Dextro, Marco Maximo, Luitprando, Juliano, Paulo Diacono Emeritense e Edacio de Lamego, por serem auctores que a cabo de tantos seculos em que viveram em nossos tempos sairam á luz, lêa a seus illustradores Bivar, Caro, Tamaio, Higuera, Ramiriz de Prado, Moreno de Vargas e Sandoval e ficará satisfeito; e muito mais se vir os innumeraveis auctores que em seu abono trazem F. João Marquez, no Defensorio Augustiniano, o Padre Quintanadueñas, nos Santos de Sevilha, que todos com grandes encomios os acreditam e seguem suas auctoridades, como testemunhos irrefragaveis.
E hoje muitos prelados de Hespanha, graves e doutos, não sómente qualificam estes livros, senão que a Dextro (o principal d’elles) mandaram pôr nos archivos de suas egrejas, como fez D. Agostinho de Castro, arcebispo de Braga, D. Sancho d’Avila, bispo de Jaen, D. Prudencio de Sandoval, bispo de Tuy e D. Pedro de Castro e Quinhoñes, arcebispo de Sevilha, e outros.
Demais d’isto, nesta idade hão saido varias apologias em sua defensa que com grandes louvores o acreditam e defendem».
No entanto, a luz foi surgindo e um século depois dizia o célebre frade Martim Sarmiento: «Hoy pasara por um escritor idiota y chapucero el que citare testos de essos pseudo cronicones».
Mas, passando estas coisas assim, estando já as notícias constantes originariamente de tais fontes há mais de um século reconhecidas unanimemente como viciadas, é motivo de estranheza que ainda hoje escritores de nome façam obra por elas e as sigam!
Pinho Leal, Silva Pinto, Manuel António Pires, cónego da Sé de Bragança, Lopo e até os autores do monumental Portugal — Diccionario historico, chorographico, heraldico, etc., ainda em publicação, no artigo «Bragança», seguiram a mesma errada opinião e vieram dizer-nos que Bragança se chamara antigamente Julióbriga e fora fundada por Brigo IV, rei de Espanha, etc., e que Júlio César a reedificara, etc.
João Maria Baptista, em sua Chorographia Moderna do Reino de Portugal, veio também repetir a mesma notícia, guiado pela obra do P.e António Carvalho da Costa, a quem cita.
Pobre Brigo, suposto IV rei de Espanha, que nunca existiu, a não ser em mentes avariadas, sendo esta palavra um nome comum, de origem provavelmente céltica, sobre cuja significação não estão acordes os filólogos! Ingente seria a sua tarefa se todas as cidades, em que entra o elemento dessa palavra, lhe devessem a fundação. Só Ptolomeu, Europæ Tabulæ II, menciona:
Augustobriga, cidade dos Pelendones, na Espanha tarraconense — 1ª província.
Nertobriga, cidade dos Celtiberi, na Espanha tarraconense.
Arcobriga, cidade dos Celtiberi, na Espanha tarraconense.
Segobriga, cidade dos Celtiberi, na Espanha tarraconense.
Mirobriga, cidade dos Oretani, na Bética — 2ª província.
Nertobriga, cidade dos Turdetani, na Bética.
Mirobriga, cidade dos Turdetani, na Bética.
Langobriga, cidade dos Celtici, na Lusitânia — 3ª província.
Myrobriga, cidade dos Celtici, na Lusitânia.
Arcobriga, cidade dos Celtici, na Lusitânia.
Meribriga, cidade dos Celtici, na Lusitânia.
Arabriga, cidade dos Lusitani, na Lusitânia.
Talobriga, cidade dos Lusitani, na Lusitânia.
Cottæobriga, cidade dos Vettones, na Lusitânia.
Augustobriga, cidade dos Vettones, na Lusitânia.
Deobriga, cidade dos Vettones, na Lusitânia.
Flaviobriga, cidade dos Antrigonum, na Espanha tarraconense — 1ª província.
Julióbriga, cidade dos Cantabri, na Espanha tarraconense.
Flavium Brigantium, cidade dos Callaicorum Luccubium na Espanha tarraconense.
Nemetobriga, cidade dos Tiburorum, na Espanha tarraconense.
Tuntobriga, cidade dos Callai Bræcarii, na Espanha tarraconense.
Coeliobriga, cidade dos Coelerinorum, na Espanha tarraconense.
Como vemos, foi medonha a tarefa! Nada menos que vinte e duas cidades e todas importantes, porque os polidos escritores gregos e romanos deixavam de mencionar muitas, atenta, dizem eles, a barbaridade, aspereza e dissonância de seus nomes, que lhes irritavam os nervos.
Mas ainda não é tudo; não foi só na península ibérica que o pseudo Brigo semeou cidades, o que ao bom senso repugna, atenta a extrema divisibilidade de seus povos, divergências étnicas e, enfim, impossibilidade de congraçar debaixo de uma só vontade tantos elementos heterogéneos, passou além, houve um Brigantium na Rhecia, dea Brigantia na Irlanda e outros em desvairadas partes e regiões as mais afastadas, o que tudo prova a insensatez de quem recorre a tais expedientes para nos dar o fundador da nossa Bragança.
Sobre a significação do elemento — briga — ver Lopo, José Leite de Vasconcelos, acrescentando apenas que Rodrigo Mendez Silva dá Brigo como palavra da língua arménia, onde significa alcaide.
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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