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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

José Joaquim Barrigão
Sr. José Joaquim Barrigão, 82 anos, vive em Bragança. Trabalhava na agricultura.
Na aldeia, Milhão, um ano houve uma seca tão grande que não permitiu colher nada. Morriam os animais, os porcos, tudo. Ele tinha dez anos.
Comiam favas com azeite, o chouriço estava alto! Cozinhavam grão-de-bico (gravanços), lentilhas e batatas. Para ter arroz necessitavam de senha para o levantar (época de racionamento). E arroz não mata a fome. O butelo comia-se no Entrudo, se havia. Enquanto não veio o adubo o pão era uma espigueta pequena. Na Páscoa matava-se um cordeiro, comia-se folar. Se por acaso morresse um cordeiro também ia… Caça se pudesse caçava, o problema era a guarda. Ia dar uma volta, apanhava uns pássaros, um coelho, laçava uma lebre. Já estava!
No seu casamento matou uma vitela, um cordeiro, batatas e pão foram a companhia.
Nessa altura já casa estava farta.
A matança era a grande festa, juntava-se a família e os amigos para ajudarem. Bebia-se muito vinho maduro, até cair. Nas festas comia-se borrego e vitela. Jogava-se o fito, os paus, a barra e o ferro.
Nas ceifas trabalhava-se alegremente, cantava-se muito. Comia-se pouco, mas muitas vezes ao dia. Nas malhas era igual, as malhadeiras aparecerem em 1945, ou 46.
Depois da apanha das castanhas e das azeitonas, o Inverno era o melhor tempo para descansar. Do cerejo ao castanho, bem eu me amanho, o pior é do castanho ao cerejo.
Alimentavam-se os porcos dando-lhe abóboras, castanhas, rabões folhas de negrilho com água e farelos. Comiam melhor do que eu, agora!
Apanhava peixes com uma marreta. Batia com a marreta numa pedra e os peixes ficavam de papo para o ar. A Espanha ia buscar carne (mais barata), chocolate, colorau e vinho.
Morriam muitas crianças, só havia anjos, os padres andavam sempre a enterrar.



José Acácio Gama Vara
Sr. José Acácio Gama Vara, 62 anos, vive em Gimonde.
Os avós viviam a dois quilómetros de Gimonde. Tinham muita fruta: malápios, cerejas brancas embroesas, melancias, melões e morangos. Ao fim de semana vinha a vender a fruta a Gimonde, num cesto de vime. Gosta de cozinhar, mas é melhor a confeccionar comida (cozido à portuguesa, feijoada e rancho) para muita gente, do que para pouca.

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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