Sr. Viriato do Nascimento Rodrigues, 80 anos, vive em Pinela.
Comia-se caldo de couves todos os dias. Passotas, eram boas.
Vitela só em dias de festa. Comiam-se uns franguinhos estufados. Sopa: entrou-se muito na fidalguice, antes dizia-se caldo. As casas grandes compravam feixes de bacalhau. O presunto reservava-se para a época dos trabalhos.
Quem tinha cabras fazia queijo. Cabrito comia-se de longe em longe, nós éramos dos que comíamos bem. Pão centeio nunca se acabava, o trigo destinava-se à matança.
Se se fosse pequenino e estivesse doente faziam-lhe uma malguinha de sopas de alho. No Entrudo butelo, chouriço e salpicão, na Páscoa folar, um bocadinho de carne de cabrito. Cabra velha ia à feira. Polvo só na Consoada, mais rábanos e couves. A vindima e o mata porco eram a festa dos lavradores. Os homens pisavam as uvas, as mulheres, umas ajudavam a apanhar as uvas para o lagar, as outras iam para a cozinha. Fazia-se uma sardinhada em lenha de vides da parreira, porque não dão gosto de lenha à comida. Os barros faziam-nos as mulheres, alguidares grandes e pequenos.
Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança
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