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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 26 de maio de 2018

"É preciso acabar com o medo e o preconceito em relação aos deficientes" na Igreja

A irmã Verónica Donatello vai passar por várias dioceses portuguesas até 30 de maio, para mostrar como não há nada que impeça o acolhimento e a integração de pessoas com debilidade física ou mental na Igreja.
Verónica Donatello
“Venho partilhar as coisas belas que tenho visto”, começa por dizer à Renascença a irmã Verónica Donatello, especialista em educação para a inclusão eclesial da Conferência Episcopal Italiana.

Responsável, há sete anos, pelo setor da catequese para pessoas com deficiência, já tinha experiência pessoal nesta área por ser filha de pais surdos e ter uma irmã com debilidade intelectual. “Aprendi a comunicar em casa”, conta, para sublinhar logo de seguida que o fundamental é rejeitar a visão do ‘coitadinho’, que muitos têm destas pessoas, e acabar “com o medo e o preconceito em relação aos deficientes”.

E ainda há muito a fazer? “Há. Há preconceito e há medo, por exemplo, dos autistas e das pessoas com debilidade mental, porque se comportam de forma estranha”, explica a irmã Verónica, lembrando que, às vezes, “são as próprias famílias que se envergonham e não levam os filhos deficientes à Igreja". É aí, ressalta, "que o trabalho dos padres é muito importante”.

Para esta religiosa italiana, a formação dos sacerdotes “não pode ser apenas teológica”. Devem “saber mediar a presença de todos na comunidade”, porque “o que é estranho é deixar estas pessoas de parte".

"A presença na Igreja de pessoas com deficiência, ou com debilidade mental, ajuda a voltar à essência do Evangelho e a recordar que a fragilidade é uma condição humana.”

Mas será possível evangelizar quem sofre, por exemplo, de debilidade mental? “É possível, sim”, responde a irmã Verónica, lembrando que Santo Agostinho dizia que “cada um tem uma porta por onde Cristo entra, e a relação com Deus, a fé, não é só compreender, é um encontro. O que temos de descobrir é essa porta por onde Cristo entra.” A sua experiência mostra que os deficientes intelectuais “podem e devem ser incluídos na catequese”. Considera mesmo “um pecado” achar-se que eles não devem ter acesso aos sacramentos.

Evolução positiva em Itália

Em Itália, o esforço dos últimos anos permitiu que já se tivesse evoluído bastante. “60% das dioceses têm serviço pastoral para pessoas com deficiência e temos muita formação inclusiva. Nas dioceses de norte a sul do país não há projetos iguais e isso é uma grande riqueza”, afirma a religiosa, dando como exemplo o que se passa em relação aos deficientes auditivos. “Há muitos cursos de língua gestual básica. É habitual que numa comunidade haja uma pessoa que faz essa formação para ser intérprete durante a missa, mas depois toda a assembleia sabe dizer pelo menos ‘bom dia’ e ‘como está’, e acompanha e canta com as mãos.”

Muitas comunidades católicas foram ainda mais longe e, neste momento, têm “pessoas com autismo a ajudar catequistas, cegos que fazem parte do coro, rapazes com síndrome de Down que são acólitos e que também cantam e ajudam na missa”, conta a religiosa italiana, que considera também fundamental a Igreja apostar nas novas tecnologias. “O seu uso é uma bênção para os jovens deficientes, alguns deles comunicam com esses instrumentos, que também ajudam a encurtar distâncias.”

“Em Itália já temos algumas missas transmitidas pelo Facebook, em streaming, temos vários instrumentos para o autismo nos iPad, temos o catecismo em eBook, adaptado para os disléxicos, e com língua gestual, áudio, imagens e legendas, ou seja, um único instrumento que vale para todos”, diz-nos Verónica Donatello, que trouxe alguns dos materiais para mostrar nas dioceses portuguesas por onde vai passar até dia 30 de maio.

Périplo por Portugal

A religiosa, das Suore Francescane Alcantarine, está em Portugal a convite do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, da Igreja Católica, para partilhar o seu pensamento e as suas experiências com um público alargado, desde agentes de pastoral, párocos, educadores, professores, catequistas, famílias, pessoas com deficiência, comunicação social e público em geral.

A visita começa esta sexta-feira pela diocese do Algarve. Para amanhã, sábado, está prevista uma sessão interdiocesana, em Lisboa. No domingo segue para Braga, para um encontro com a pastoral dos surdos, seguida de uma passagem pela diocese de Bragança-Miranda na segunda-feira, diocese essa que tem um serviço pastoral para pessoas com deficiência. No dia seguinte, 28 de maio, irá a Coimbra.

Para além do contacto com os bispos de cada uma destas dioceses, Verónica Donatello vai também reunir-se com D. José Traquina, atual bispo de Santarém, que tem a seu cargo esta área pastoral no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa.

Editado por Ângela Roque
Rádio Renascença

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