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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 26 de maio de 2018

... MATER DOLOROSA

Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Sempre em nossa casa houve um espargo, uma begónia e um rádio. Hoje, como ontem, aqui estão. Memórias. Afetos. E o sentir de todos aqueles que se cansaram dos dias longos, das caminhadas, dos maus bocados. Ontem, como hoje, cuido das plantas, como se todos estivessem aqui… ao entardecer… esperando a noite e o toque das Trindades:
- “O anjo do Senhor anunciou a Maria; – E ela concebeu do Espírito Santo; Ave- Maria; – Eis aqui a serva do Senhor; – Faça-se em mim segundo a vossa palavra”.
Depois ligo o rádio na esperança de ainda ouvir a radionovela, a voz de Argel e Manuel Alegre poeta e resistente…
… a mãe só quer ouvir as cerimónias do 13 de Maio… e Fátima tão perto… às vezes também ouvia a Amália: “Povo que lavas no rio; Que talhas com o teu machado; As tábuas do meu caixão”.
… ainda João Villaret declamava, sentido, dolente : “E quanto à mãe que embala ao colo um filho morto; Todos nós embalamos ao colo um filho morto. Chove, chove.”
… vou-me lá regar as plantas… como quem cumpre um dever… que herdei!
… as memórias são o meu fadário… via dolorosa…
… anoitece!


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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