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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 4 de maio de 2019

PÃO CENTEIO - Romance - Fernando Calado

Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

E o pão centeio sabia tão bem. A mãe regressava da horta e a fogaça amaciava as fomes e os dias longos.
O Pão centeio acompanhou a nossa infância, criou gente de bem, sábia e santa… e o pão negro, como a noite, iluminou o dia.
Fiz esta caminhada, por todas as aldeias de Bragança, plasmei as memórias no livro, na companhia do grande Luciano Capitão o mais andrajosos dos pedintes… capitão-de-mar-e-guerra. A tia josefina jurou, pelas almas do purgatório que o viu amortalhado na Igreja da Misericórdia e teve honras militares.
Mergulhei fundo na longa noite transmontana… entrei na taberna. De novo cheguei a casa, à aldeia, acendi o lume, fiz a ceia, à velada assustei-me com as contas fantásticas de bruxas e almas penadas, esperei pelas festas do verão, fui à segada, participei nas malhas, cantei pelo natal, jejuei na quaresma, fiz o folar pela páscoa… fui à missado galo. Morri com as mortes de meninos soldados, em Angola, Guiné e Moçambique. Viúvas tantas. Falei com padres santos e pecadores. Segredos… Fui a casamentos por conveniência e o casal é tão grande. As aldeias ficam desertas na febre da emigração. Renascem. Na taberna bebi um copinho de aguardente… cheira a polvo de meia cura e a bacalhau… entristeci-me com mulheres antiquíssimas que ignoraram o amor pelo amor à vontade paterna… estive com o 1º sargento que fez todas as guerras e regressou, na sua velhice, a Angola, à procura da negra mais bonita do que a Senhora da Ribeira… convivi com o engenheiro que afaga as suas memórias… mulheres tantas… morrer de amar…
Um ano demorou esta viagem…e assisti durante 365 dias à formatura da 1ª Companhia dos sonhos… O Luciano Capitão… o 1º sargento… em sentido… o engenheiro em sinal de paz… às vezes cantavam o hino da Maria da Fonte… para que o sonho fosse possível… pela paz… pela liberdade…
… Cumpriu-se o tempo… todos se foram embora… ficou a saudade e o romance: “PÂO CENTEIO”… para contar como foi…


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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