(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
E o pão centeio sabia tão bem. A mãe regressava da horta e a fogaça amaciava as fomes e os dias longos.
O Pão centeio acompanhou a nossa infância, criou gente de bem, sábia e santa… e o pão negro, como a noite, iluminou o dia.
Fiz esta caminhada, por todas as aldeias de Bragança, plasmei as memórias no livro, na companhia do grande Luciano Capitão o mais andrajosos dos pedintes… capitão-de-mar-e-guerra. A tia josefina jurou, pelas almas do purgatório que o viu amortalhado na Igreja da Misericórdia e teve honras militares.
Mergulhei fundo na longa noite transmontana… entrei na taberna. De novo cheguei a casa, à aldeia, acendi o lume, fiz a ceia, à velada assustei-me com as contas fantásticas de bruxas e almas penadas, esperei pelas festas do verão, fui à segada, participei nas malhas, cantei pelo natal, jejuei na quaresma, fiz o folar pela páscoa… fui à missado galo. Morri com as mortes de meninos soldados, em Angola, Guiné e Moçambique. Viúvas tantas. Falei com padres santos e pecadores. Segredos… Fui a casamentos por conveniência e o casal é tão grande. As aldeias ficam desertas na febre da emigração. Renascem. Na taberna bebi um copinho de aguardente… cheira a polvo de meia cura e a bacalhau… entristeci-me com mulheres antiquíssimas que ignoraram o amor pelo amor à vontade paterna… estive com o 1º sargento que fez todas as guerras e regressou, na sua velhice, a Angola, à procura da negra mais bonita do que a Senhora da Ribeira… convivi com o engenheiro que afaga as suas memórias… mulheres tantas… morrer de amar…
Um ano demorou esta viagem…e assisti durante 365 dias à formatura da 1ª Companhia dos sonhos… O Luciano Capitão… o 1º sargento… em sentido… o engenheiro em sinal de paz… às vezes cantavam o hino da Maria da Fonte… para que o sonho fosse possível… pela paz… pela liberdade…
… Cumpriu-se o tempo… todos se foram embora… ficou a saudade e o romance: “PÂO CENTEIO”… para contar como foi…
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
Sem comentários:
Enviar um comentário