O município de Miranda do Douro anunciou hoje o início de escavações arqueológicas, que vão abranger uma área de 6.000 mil metros quadros, na área envolvente à antiga fortificação da cidade onde se depositam "grandes expectativas".
"As escavações vão incidir numa zona muito próxima da área onde estava instalado o paiol da pólvora, que rebentou durante a 'Guerra do Mirandum', em maio de 1762, matou algumas centenas de pessoas e destruiu parte do povoado. A ideia é colocar a descoberto um dos momentos mais marcantes da história de Miranda do Douro", explicou o presidente da câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes.
Segundo os investigadores, em maio de 1762, num momento em que a praça tentava resistir às investidas das tropas espanholas no decurso da Guerra dos Setes Anos, o paiol explodiu, levando consigo alguns troços de muralhas e outros edifícios que não mais se reconstruíram.
"É por isso que, em muitas partes do recinto, a ausência de muralhas é flagrante, tendo-se limitado os trabalhos de restauro a pouco mais que obras de consolidação. Posso dizer que, desde o rebentamento daquela estrutura militar há mais de 250 anos, nunca mais se fizeram escavações neste local", adiantou o autarca.
As expectativas são grandes, adianta Artur Nunes, dado que há a possibilidade de se encontrar uma vala comum onde foram enterrados os mortos que foram vítimas da explosão, assim como diversos artefactos civis e militares ou solados soterrados pelos escombros, que permanecem nos seus postos de combate.
"Estas escavações são um desejo antigo dos mirandeses para melhor perceberem a sua história e o seu passado, já que se trata de uma área de 6.000 metros, onde nesta fase, vamos intervir em cerca de 1.000 metros quadrados", vincou.
Por seu lado a arqueóloga Mónica Salgado adianta que outro dos objetivos é perceber as remodelações que foram efetuadas no antigo bastião defensivo, no que respeita à evolução das mais diversas técnicas de combate, principalmente, com a introdução da "pirobalística"
"Vamos tentar perceber as alterações feitas num castelo da Idade Média, ou até anterior, sofridas até 1762, data da explosão que sacrificou a antiga praça-forte, raiana", enfatizou a técnica.
O castelo de fronteira de Miranda do Douro, assim como aqueles a que está ligado, os vizinhos de Algoso (Vimioso), Penas Roias e Mogadouro, assim como o mais distante Castelo de Bragança, constituíam, no conjunto, o chamado núcleo duro defensivo do Nordeste trasmontano, frente ao invasor castelhano.
O trabalho está inserido em trabalhos de revitalização daquela área de Miranda do Douro numa parceria entre Direção de Regional de Cultura do Norte (DRCN), para a revitalização das muralhas da antiga estrutura defensiva fronteiriça.
O Castelo de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, está classificado como Imóvel de Interesse Público, desde 09 de agosto de 1957.
Foi edificado num segundo momento de povoamento e ordenamento de Trás-os-Montes, ocorrido no reinado de D. Dinis.
FYP // MAG
Lusa/fim
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