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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

DA REVOLTA DE 1891 À INSTAURAÇÃO DA REPÚBLICA (1891-1910) - BRAGANÇA

Na viragem do século XIX para o século XX, Portugal conheceu uma dramática conjuntura política, económica e financeira, marcada pela crise financeira de 1891-1892, por uma crescente debilidade da nossa economia, incapaz de concorrer nos mercados internacionais, e pelo fracionamento dos tradicionais partidos monárquicos, criando-se assim condições para a afirmação progressiva do Partido Republicano Português.

Tudo isto teve como consequência a baixa da cotação dos títulos de dívida pública, a desvalorização da moeda, a paralisação das obras públicas, a redução dos vencimentos da função pública, a proibição de novas admissões de trabalhadores no Estado, o aumento da dívida pública, uma drástica baixa do nível de vida, e o crescimento da emigração, que não mais parou de aumentar até inícios da Primeira Guerra Mundial em 1914.
Entre 1891 e 1910, no Município de Bragança, apenas temos conhecimento de dois incidentes populares e um conflito: um confronto em Quintela de Lampaças, a 2 de janeiro de 1896, entre a população e uma força do regimento de Caçadores de Bragança, a qual, em busca de agitadores republicanos, entrou nesta povoação “desordenadamente e em arruada, proferindo insultos e arruaças às pessoas que encontravam e dirigindo palavras desonestas às mulheres”; um incidente em Bragança a 16 de junho de 1901, com o bispo, que quis terminar com o antigo costume de, nas procissões da Cidade, se incorporarem os andores dos povos das freguesias do Município, cuja notícia que transcrevemos é, cremos, suficientemente explicativa; e um episódio de indisciplina eclesiástica no Seminário de Bragança, que acabou por assumir uma configuração política e dimensão nacional.
Relativamente ao célebre Motim do Seminário, que ocorreu em 1904 e que dividiu fortemente a população de Bragança, na noite de 13 de dezembro de 1904, os alunos internos do Seminário de Bragança amotinaram-se disparando armas de fogo, arrombando e destruindo portas e mobiliário e quebrando os candeeiros de iluminação, não conseguindo, porém, apanhar os prefeitos e o vice-reitor, contra os quais se dirigia o levantamento.
As acusações de um jornal de Viana do Castelo contra os bragançanos, designados como “judeus”, levaram os jornais da Cidade, Distrito de Bragança e Gazeta de Bragança, a repelir a afronta, mas O Nordeste, periódico progressista, iniciou uma campanha insultuosa contra o bispo de Bragança, D. José Alves de Mariz, que teve repercussões nacionais, levando o bispo de Bragança a retirar-se da Diocese, ainda em 1904. A questão, todavia, só iria terminar em junho de 1906.
A publicação do edital-sentença do prelado em 23 de janeiro de 1905, expulsando perpetuamente do Seminário numerosos alunos, desencadeia uma violenta campanha contra José Alves de Mariz e contra aqueles que o apoiavam. O bispo, pressionado pelo Governo e pela hierarquia da Igreja, cede um pouco, declarando-se disposto a readmitir os seminaristas que demonstrassem o seu arrependimento e a reabrir o Seminário, que se encontrava encerrado desde 17 de fevereiro de 1905.
O ministro dos Negócios Eclesiásticos publica uma portaria referente a tais acontecimentos, extravasando os seus poderes, enquanto os alunos do Seminário continuavam a dar provas de indisciplina, nomeadamente nos exames, em junho de 1905.
D. José Alves Mariz só regressou a Bragança em 5 de abril de 1906, após a queda do Governo progressista de José Luciano de Castro, substituído pelo Ministério regenerador de Hintze Ribeiro em 20 de março, e a nomeação de um novo Governador Civil de Bragança. Um mês mais tarde, O Nordeste encerrou a sua campanha contra o prelado.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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