Ressalvando as devidas distâncias, Bragança, à semelhança do que acontece, por exemplo, com Lisboa, Porto e Braga, é reconhecidamente uma cidade na moda. O Turismo, associado à gastronomia, ao património arquitectónico e a uma agenda cultural bastante apelativa, representa hoje uma fatia importante da riqueza aqui criada.
No entanto, à boa maneira tuga, parece verificar-se que a chico – espertice tem empolgado, com algum deslumbre, certas pessoas ligadas ao sector da restauração, praticando escandalosamente preços só possíveis de comportar pelas recheadas carteiras dos turistas estrangeiros - por quem, felizmente, a nossa cidade tem sido “tomada” nos últimos tempos.
Um amigo meu, há dias, pagou, num restaurante da dita zona histórica, 25 euros por uma garrafa de vinho, que nas grandes superfícies se encontra à venda por 5 euros. A um outro apresentaram-lhe uma conta de 40 euros, por pouco mais do que uma tábua de presunto e queijo, com o respectivo vinho, sem ser reserva.
Não será difícil perceber que para uma actividade comercial, independentemente do ramo que seja, o lucro é, obviamente, o objectivo principal, partindo do princípio que ninguém se “estabelece” para aquecer ou perder dinheiro. Outra coisa, bem diferente, é haver pessoas que, na onda do turismo em alta, do “boom” económico, sejam tocadas pela ganância de querer ganhar tudo de uma só vez.
Embora, creio, não movidos pelo sentimento da usura, mas por uma ideia errada da dinâmica comercial, constata-se que quem, num outro nível, se dedica à produção e consequente venda dos produtos tidos por gourmet, certificados, o faz, partindo do falso pressuposto de que o preço tem necessariamente que ser um requisito de diferenciação. E a lógica será esta: se eu tiver um produto de qualidade reconhecida - o queijo, o “wine” (é mais chique do que dizer vinho), a compota e o licor-, tenho a garantia de que a clientela não falta; pelo que, logicamente, poderei praticar preços mais simpáticos e para todas as carteiras.
Porque as coisas do vil metal são contagiantes, como bragançano, receio que estejamos a matar a galinha dos ovos d ouro, que nos foi oferecida de bandeja, em grande parte, em razão dos conflitos étnico – religiosos que grassam no Norte de África, fenómeno que forçou a alteração das rotas do turismo mundial, sendo Portugal um dos países beneficiados. E as coisas podem mudar de um dia para o outro!
Recuperando a segunda parte do meu penúltimo artigo, deixo aqui três perguntas retóricas ao excelso edil desta cidade: não será contraditório, e até patético, determinar o encerramento das esplanadas e dos bares da cidade, respectivamente, à 1 e 2 da manhã, na época estival, quando o mote da autarquia é “viver a cidade”? Fará algum sentido, no interior dos bares, os espectáculos de música ao vivo terem licença só até à meia - noite? Não seria mais avisado, pelo menos nos meses de Junho, Julho e Agosto, depois das 7 da tarde e durante os fins de semana, cortar o trânsito automóvel nas ruas que dão acesso ao coração da urbe?
Depois de julgar ter “estimulado” o meu interlocutor à reflexão, insisto na ideia de que dar o braço a torcer não é sinal de fraqueza, mas de respeito por quem depende das nossas decisões.
António Pires
in:mdb.pt
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