Pelo que apontaremos de seguida, podemos constatar o espírito criativo do artista pela diferença de propostas, sob o ponto de vista estético, para as duas intervenções no tecido urbano.
Convidado a apresentar uma proposta para o monumento comemorativo do 25 de Abril, José Rodrigues enviou ao Presidente da Câmara de Bragança, em 29 de abril de 2002, um documento com a memória descritiva onde revelava a sua conceção para a escultura a executar. Pelas suas palavras, podemos seguir o seu pensamento criador: “Por fim, um povo que resiste… por tempo demasiado… quebra os cadeados e procura desesperadamente recuperar a luz perdida, a esperança perdida, as vidas perdidas… Pretendeu-se aqui exaltar o fim das poderosas correntes que, longamente, foram amarrando um povo inteiro e, por outro lado, introduzir, através do brilho das curvas em meia-lua, a tomada do novo dia, brilhante, que acabou com um tempo de escuridão, silêncio, morte…”
A 7 de junho de 2002, o Departamento de Obras e Urbanismo propunha a adjudicação da conceção do monumento ao artista, “por se tratar de um escultor trasmontano e de nome reconhecido”, mencionando-se como local destinado a receber a obra o topo da Avenida das Forças Armadas, com ligação ao prolongamento da Avenida Sá Carneiro. Em reunião havida ainda em junho desse mesmo ano, o coletivo camarário aprovou, por unanimidade, esta proposta, tendo o próprio Presidente da Câmara informado oficialmente o escultor desta resolução, a 13 de setembro.
Inaugurada em 2003, esta escultura, encomendada pela Câmara de Bragança para comemorar uma efeméride tão importante para Portugal como foi o 25 de Abril, iria destacar-se entre as muitas outras que se foram espalhando pelo País. A utilização de planos que se intercetam brutalmente, de correntes enormes que são quebradas por forças invisíveis, transmite-nos a visão telúrica do conceito de liberdade do artista que, no seu pensamento, tem origem na noite dos tempos e que é transversal a todas as épocas, explodindo pela vontade do Povo e que, no monumento, se reflete na luminosidade das meias-luas associadas à esperança intemporal do Homem.
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa
Infelizmente, mamarrachos desses, estão espalhados por todo o País.
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