(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
A cada passo lemos, nos jornais, que tal figura pública ou conhecido político, teve que corrigir o currículo, porque incluiu habilitações, que não possuía.
Será que o fez por vaidade ou pelo facto de conhecer, que só tem valor, quem possui título académico?
No final do século passado, fui encarregado, primeiro pelo vice-director, depois pelo director de publicação local, a realizar série de entrevistas a figuras que se evidenciaram, na: política, ciência, arte ou desporto.
Certa tarde, depois de acordo telefónico, combinei entrevistar jovem deputado.
Após apresentações e conversa informal, confidenciou-me (recomendando desligar o gravador,): que quando chegou, pela primeira vez, à casa da democracia, verificou, estupefacto, que era olhado de modo diferente.
Rapidamente verificou, que era devido a não ser licenciado! …
Então, procurou tirar curso superior, pois desejava fazer carreira política…
Lembrei-me agora, do artigo da escritora Tereza de Mello, referindo-se à minha crónica:” Doutores e Engenheiros”, onde comentava a determinado passo: “ (Meu) pai tinha dois cursos superiores, e nunca foi tratado senão pelo nome.” – “Jornal de Abrantes” – 13/2/09.
Pelo nome, também, deseja ser conhecido o Prof. Doutor Pedro Barbosa, do Porto, que pede aos alunos, que o tratem pelo nome próprio.
João Adelino, da RTP, conta em “ Dinheiro Vivo” – 14/04/12, – que sendo moderador, entre dois políticos, um recusou entrar no estúdio, por não o ter tratado por Sr. Doutor! …
E por que assim acontece?
Responde Marden, em: “ O Poder da Vontade”: “ Dá-se mais importância ao diploma, que representa uma sabedoria fictícia, do que à verdadeira sabedoria, sem garantia do diploma.”
Para o vulgo – e não só – quem não tem “canudo”, por mais sábio que seja, não passa de simples habilidoso…
Meu pai, com graça, mas de semblante sério, dizia: “Virá o tempo, em que as Escolas Técnicas, terão de dar, o título de doutor: aos trolhas e pedreiros, se queremos ter, quem nos tire a pinga do telhado…
Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".
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