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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 9 de maio de 2020

Miranda do Douro em tempos "catastróficos" devido ao encerramento da fronteira

Os comerciantes de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, falam de tempos "catastróficos" para a económica do concelho devido ao encerramento da fronteira com Espanha, provocada pela covid-19 e pedem ao Governo que olhe para este território.
"Com o encerramento da fronteira com Espanha devido às medidas de contingência provocadas pela covid-19, se não forem tomadas medidas pelo Governo, antevemos uma verdadeira catástrofe para a economia deste concelho e para a cidade em particular", disse à Lusa o presidente da Associação Comercial e Industrial de Miranda do Douro (ACIMD), César João.

O também empresário apontou números para a catástrofe: o concelho de Miranda do Douro tem uma capacidade hoteleira de 800 camas e o setor da restauração é capaz de servir cerca de 5.000 refeições diárias. Já o comércio local, virado para o turista espanhol, tem cerca de uma centena de lojas onde a venda de produtos de vestuário, têxtil, material desportivo e alimentação tem um grande impacto económico.

"Os números apontados não podem ser direcionados apenas para o mercado de uma cidade fronteiriça com cerca de 2.500 habitantes. Seria imperioso, para evitar uma catástrofe económica, que o Governo, dentro das medidas de segurança e higiene possíveis, fosse abrindo gradualmente a fronteira com Espanha", indica o representante do comércio e indústria daquele concelho.

Se há 258 anos (08 de maio de 1762) os espanhóis arrasaram a cidade de Miranda do Douro, durante a "Guerra do Mirandum", destruindo a praça-forte, onde, na sequência da explosão do paiol da pólvora da estrutura defensiva, morreram mais de 400 pessoas, são agora os mirandeses a chamar pelos espanhóis para ajudar a recuperar a economia local.

"A fronteira com Espanha em Miranda do Douro está como uma mãe para um filho, em que não podem ser separados ", concretizou à Lusa César João.

O empresário lembra que a abertura da fronteira entre Miranda do Douro e Espanha "foi uma verdadeira revolução para a economia local", o que fez com que Miranda do Douro se tornasse "numa cidade atrativa do ponto de vista turístico e comercial e com alguma pujança económica".

Ao percorrer as principais artérias comerciais da cidade de Miranda do Douro tais como a Rua do Mercado, Rua 25 de Abril ou Rua da Alfândega ou Centro Histórico, depressa se nota a ausência de turistas, já que as ruas estão despidas e são poucos aqueles que por ali circulam.

"Não há ninguém. O Governo tomou medidas para que o pequeno comércio abrisse portas. Mas abrir para quem? Se não há turismo e se a fronteira com Espanha está fechada, só temos despesa em manter a porta aberta", desabafou José Mesquita, proprietário de uma casa comercial virada para a retrosaria e têxteis.

Uns metros mais abaixo, Bruno Gomes, empresário do setor da restauração, afiançou que o seu restaurante servia em média 90 refeições diárias durante a semana e ao fim de semana os números disparavam para sala cheia (140 lugares), com fila de espera.

"Recorremos ao serviço de `take away`. Estamos a servir uma média de seis refeições por dia. As nossas receitas eram provenientes dos turistas espanhóis ", indica o empresário.

Com os espanhóis em confinamento e com as fronteiras fechadas, só resta aos empresários de Miranda do Douro esperar por melhores tempos e que a pandemia provocada pelo novo coronavírus seja combatida.

"A preocupação não é tanto o presente, mas sim o futuro. Já passámos por datas que eram fortes para o comércio. Porém, estava tudo fechado. Sou otimista por natureza e vou esperar por melhores dias", disse André Irulegui, um comerciante de artigos têxteis lar.

Apesar do cenário de "catástrofe" económica, apontado pelos comerciantes e empresários de Miranda do Douro, o desemprego ainda não é notório, porque o comércio e a restauração recorreram ao regime de lay off.

"Mas o lay off é uma medida que não dura para sempre. É preciso rever o processo de reabertura de pontos de fronteira que se encontram encerrados", observou o presidente da ACIMD, César João.

Por seu lado, o presidente da câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, disse que está ser elaborado um plano com um pacote de medidas para apoio aos comerciantes e empresários que será apresentado a muito breve prazo.

Portugal contabiliza 1.114 mortos associados à covid-19 em 27.268 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

O país entrou domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

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