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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 8 de agosto de 2021

Memórias da escola - Das professoras que me inspiraram à profissão que abracei

Por: Maria dos Reis Gomes
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...) 

Quando recordo a minha abordagem ao mundo das letras, deparo-me com uma primeira experiência nas férias grandes que antecipavam a entrada na 1ª classe. Para me habituar, a minha mãe, achou que devia fazer um “estágio” no Senhor G., na rua de S. João em Bragança. Muitos diriam foi sol de pouca dura, eu tenho memória de um “suplício”.  Não tive nada contra o Sr. G.  nem contra as intenções da minha mãe. 
Mas para mim - que noutros verões estava habituada a correr e brincar com as tarefas de Verão na aldeia dos meus avós e ser livre como um passarinho, - as tardes passadas na sala do Sr. G. eram um verdadeiro sacrifício. Recordo a imagem do “mestre” com o ponteiro na mão, num espaço fechado em bancos corridos e a lengalenga (B á…bá…b é…  bé) e, assim por diante. 
Ansiava pela hora do lanche que correspondia à hora do recreio, na rua em frente à porta da casa do mestre. Numa mesa ao canto da sala ficavam os guardanapos com o “lanche” que cada um trazia de casa. Eu reconhecia o guardanapo do meu lanche e sabia que dentro do mesmo me esperava um pão com uma das compotas que a minha mãe fazia… Um dia não vi o guardanapo. Só sei que a propósito deste episódio desatei a correr para minha casa para dizer à minha mãe que se me voltasse a mandar para o “Sr. G.”… eu fugia para a aldeia…
Valeu-me o meu pai que, em concordância comigo, disse à minha mãe: - “Deixa a garota brincar”. 
Em Outubro do mesmo ano chegou a hora da entrada na 1ªclasse. Fui parar à escola do Loreto. A uma distância considerável da minha casa e sem conhecer ninguém. Dessa experiência tenho a imagem de uma sala despida de tudo e de um recreio que não me dizia nada. Começou aí o meu treino de resistência e resiliência que durou 2 anos e ainda hoje se faz sentir.
Na sequência de qualquer reorganização escolar, na 3ª classe, fiquei matriculada na Escola da Estacada. Foi uma viragem de 180 graus no meu percurso e, quando recordo os meus 3º e 4º ano, o meu coração fica cheio. Pela professora maravilhosa que tive e com quem ainda hoje troco ideias – a Professora Gina Ferreira – pelas colegas que ainda recordo, pela imagem que ainda tenho da sala e ficarmos em volta da professora, pelo que esta me transmitiu: calma, aceitação, valorização dos diferentes desempenhos e “liberdade” - é palavra que eu encontro mais representativa do meu estado de alma quando penso nesse tempo, na escola.
Posso dizer que, não me apercebendo na altura do efeito que a professora Gina Ferreira provocou em mim, hoje e desde que me tornei mais reflexiva na minha prática profissional, o exemplo de paz e de relações interpessoais que a professora Gina nos ofereceu, ecoam na tomada das minhas decisões.
Foco-me agora noutra personagem do meu percurso académico, já na Escola do Magistério Primário – a Professora Lurdes Vila Afonso. Uma senhora carismática, mas não consensual. Consigo ainda hoje visualiza-la na sala de aula, quando ainda a Escola do Magistério Primário funcionava junto à Igreja de Santa Clara. Aqui a sua presença era mais impactante. Era professora de Didática da Língua Materna. 
Eu “bebia” as mensagens que ela transmitia de forma muito prática e entusiasmante. Eram duas horas de aula que eu via passar num ápice. Ensinou-me a planificar. Ensinou-me a como estar numa sala de aula com mais de quarenta alunos e com quatro classes em simultâneo. Ensinou-me como era importante desenvolver aulas com um grupo em direto e com os outros grupos a trabalhar individualmente ou em pares. Ensinou-me que todos os dias era obrigatório prestar alguma atenção a todos e a cada um.
O profissionalismo, o entusiasmo destas duas senhoras tão diferentes mas tão envolvidas com a “causa” da educação, têm alimentado a minha entrega às “coisas” da educação.

O meu OBRIGADA.

Maria dos Reis

Maria dos Reis Gomes
, nascida e criada em Bragança.
Estudou na Escola do Magistério Primário em Bragança, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira em Lisboa e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação no Porto, onde reside.
Sempre focada no ensino e na aprendizagem de crianças com NEE (Necessidades Educativas Específicas) leccionou no CEE (Centro de Educação Especial em Bragança). Já no Porto integrou o Departamento de Educação Especial da DREN trabalhando numa perspetiva de “ escola para todos, com todos na escola). Deu aulas na ESE Jean Piaget e ESE Paula Frassinetti no Porto.
A escola, a educação e a qualidade destas realidades, são os mundos que me fazem gravitar. Acredito que, tal como afirmou Epicteto “ Só a educação liberta”. Os meus escritos procuram reflectir esta ideia filosófica.

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