quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas devolve abutres à natureza

 Em parceria com a Vulture Conservation Foundation, as equipas do instituto devolveram à Natureza um exemplar da espécie de origem africana, no Parque Natural do Douro Internacional. A par do espécime foram libertados um abutre-preto e outros grifos, restabelecidos em diversos centros de recuperação.


O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF, I.P.) coordenou com a Vulture Conservation Foundation a devolução à Natureza de um conjunto de abutres, em Figueira de Castelo Rodrigo, no Parque Natural do Douro Internacional. No grupo incluiu-se o primeiro grifode-rüpell (Gyps rueppellii) a ser equipado na Europa, com emissor de GPS, fornecido pela referida fundação.

O destaque para esta ave justifica-se por ser de uma espécie com origem africana, cujo número tem aumentado na Europa, mas ainda é muito rara no território. Embora várias dezenas de indivíduos da espécie sejam referenciados todos os anos e em número crescente, ainda não é conhecido qualquer caso de reprodução no continente europeu – embora alguns indivíduos tenham emparelhado com grifos.

O exemplar agora equipado foi recolhido em Vouzela, tendo sido tratado no Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens (Gouveia), gerido pela Associação Aldeia, entre outros grifos devolvidos. Esta tarde, as equipas envolvidas libertaram ainda no mesmo parque, um abutre-preto (Aegypius monachus), recuperado no Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real), além de grifos de outras espécies, com saúde restabelecida noutros centros de recuperação.

Durante os últimos dois meses deram entrada em várias destas unidades, diversos exemplares de abutres. A afluência de aves em mau estado fisiológico, sobretudo juvenis nascidos no presente ano, é normal e típica deste período do ano. A maioria dos casos corresponde a indivíduos que dispersam de bandos, para locais com pouco alimento. Os espécimes chegam em estado de desnutrição, por vezes extrema, sem que isso esteja associado a outras patologias.

Em geral, feita a sua recuperação física, estão prontas a ser devolvidas à liberdade. O Parque Natural do Douro Internacional apresenta-se como o território adequado para tal e já alberga populações nidificantes de três espécies de abutres e tem um habitat propício a estas aves necrófagas. Tanto na vertente portuguesa como na espanhola existem fontes de alimento nas quantidades necessárias, em campos de alimentação de aves necrófagas.

Britango remetido para “colónia de inverno” em Cáceres

No dia 26 de outubro, uma equipa devolveu, em Cáceres, um britango (Neophron percnopterus), também conhecido como abutre-do-Egipto, que precisou de tratamento de recuperação, em Portugal. A zona espanhola tem particular importância para a espécie, ao acolher a única população invernante da ave, na Península Ibérica.

Depois de ter estado em tratamento no Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e no Centro de Interpretação Ambiental e Recuperação Animal, em Felgar, o britango será libertado em articulação com os Servicios de Conservación de la Naturaleza da Junta de Extremadura.

Todas estas aves, a serem devolvidas, estão a ser equipadas com emissores GPS fornecidos pela Vulture Conservation Foundation, para se seguir em detalhe os seus movimentos.

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