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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

QUE INGRATIDÃO...

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Durante o tempo que fui redator de jornal local, realizei numerosas entrevistas a figuras públicas: industriais, grandes proprietários, políticos, artistas...
Durante a conversa, perguntei, também, a alguns milionários, como conseguiram obter os avultados bens.
Grande parte, informaram-me: que na realidade, o mérito – se havia mérito nisso, – era devido aos avós, que começando do nada, com sacrifícios e privações, acumularam as enormes fortunas.
Mas, ao interrogá-los como começou: a fábrica, a indústria, a casa agrícola, e o nome dos avós, a maioria respondiam-me de olhos vagos:
- "É uma boa pergunta! Sabe? Nunca tive o cuidado de saber. Vou tentar informar-me, para lhe dar os dados que precisa."
Directora de importante instituição, a quem fui recolher elementos para a biografia do tio. Benemérito, que fez fortuna na América, e, como não tivesse descendentes, tudo deixou para criarem a fundação, olhou-me espantada, e apontando com o indicador direito, o solene retrato, ricamente emoldurado, pendente na parede do salão nobre, limitou-se a dizer:
-"Meu tio..."
Nada mais conhecia, que o retrato, mesmo sendo a responsável... Envergonhada, sorrindo, disse-me que ia investigar…
Outra senhora, sobrinha de ricaço, cujo pai herdara do irmão incomensurável fortuna, pouco conhecia desse tio, nem foto tinha. Se quis ilustrar o texto, tive que fotografar a lápide, que estava no cemitério!...
Certa ocasião entrevistei figura conhecida, para publicar curta biografia do pai.
Recebeu-me, amavelmente, no luxuoso gabinete, lamentando não poder ser-me útil, porque do pai, só conhecia o nome e pouco mais...
Argumentou, que em criança, o paizinho, contava curiosas peripécias ocorridas na infância, mas nunca prestara atenção. Não lhe interessavas saber velharias...
Admirava-me, de início, que não soubessem curiosidades dos ascendentes (pais e avós,) mas conclui estupefacto: estavam mais interessados nos bens que herdaram, que lhes permite, viverem folgadamente, que nos pais e avós...
Pura ingratidão!...

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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