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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

O estado do Folclore e algumas sugestões

 Opinião sobre o estado do Folclore e algumas sugestões


Como pessoa interessada e atenta aos usos, costumes e tradições dos nossos antepassados, resolvi dar o meu contributo (e toda gente que gosta destes temas também devia dar) para ajudar as organizações (Ranchos e Grupos Folclóricos) que divulgam e representam os modos de vida dos nossos antepassados.

Todos sabemos que os testemunhos desse tempo vão escasseando, por isso há que juntar todos os testemunhos disponíveis.

Eu, como pessoa que gosta de etnografia e folclore, e que já passei por alguns ranchos folclóricos, além de ter feito pesquisas através de conversas com pessoas idosas (e agora também com a ajuda das novas tecnologias) e em conversas com gente jovem, cheguei a uma conclusão a qual vou dividir em três vertentes.

Administração ou direções das organizações (Ranchos e Grupos Folclóricos)

Toda a gente sabe que a maioria das administrações dos ranchos ou grupos folclóricos são compostas por gente com pouca formação, gente de origens humildes que nem tinham posses para estudar, gente que só pensava em trabalho para levar a vida e que por isso não tinha tempo para pensar na sua formação.

Por esses motivos, há várias administrações que gerem os ranchos ou grupos folclóricos como se geria uma associação há 40 ou mais anos atrás.

Assim, encontram grandes dificuldades para se adaptarem ao modo atual de gerir e, por conseguinte, ter uma boa administração.

É básico que se uma administração for deficiente se percute por toda a organização e aí começam os problemas.

Há jovens que entram nestas organizações com um certo receio, quer pela inexistência de informação dos vários órgãos de comunicação, quer por certas declarações que se fazem tentando fazer do folclore “uma coisa parola”, por isso nunca chegam, de início, a entrar com os dois pés, só se integrando em pleno passado algum tempo e se por acaso encontrar dentro da organização quem os ajude, quem os motive e os esclareça.

Se por acaso dentro da organização houver problemas, a sua saída é rápida e depois esses administradores não fazem uma análise exaustiva a essa saída rápida dos jovens, desculpando-se dizendo que os jovens não gostam de folclore.

Isso é uma das piores desculpam, porque tal como as declarações depreciativas ao folclore isso vai aumentando a desconfiança de outros jovens potenciais candidatos à entrada.

Por isso, é urgente mudar a forma de dirigir.

Pouca democracia dentro das organizações (Ranchos e Grupos Folclóricos)

Com o decorrer da nossa vida e com os anos aumentar, vamos perdendo faculdades que foram muito importantes nas nossas vidas.

Não é novidade nenhuma que há dirigentes no movimento folclórico que perpetuam os seus cargos de dirigentes, não se importando de renovar, dando uma ideia que eles são os donos da organização, não admitindo opiniões diferentes das suas.

Por outro lado, escondem dos componentes as “contas” da organização e o que se paga às pessoas que desempenham diversos serviços dentro da coletividade, muitas das vezes ouvimos alguns componentes dizer “se somos precisos para arranjar dinheiro também devemos saber o dinheiro que existe”.

Isto é mais uma prova que os dirigentes não devem esconder as “contas” e as devem apresentar regularmente a todos os componentes, porque assim estarão todos informados para quando surgir alguém que queira arranjar confusão estejam melhor preparados para não permitir que isso aconteça, e assim vão-se cativando os componentes mais jovens e integrando-os, e aproveitando-os para arranjar fundos necessários para atividade da coletividade.

Por isso há que realizar periodicamente, em conformidade com os estatutos, eleições, e integrar jovens nas várias listas de candidatos para que comecem a sentir a responsabilidade de dirigir.

Sabemos que os jovens, com a sua irreverência e o seu modo de pensar mais atual e auxiliados pela experiência dos mais velhos, iram com certeza trazer mais-valias e mais inovações para concretizar novos projetos e novos desafios.

O desconhecimento dos usos, costumes e tradições dos nossos antepassados

Como atrás apontei, com o passar dos anos da nossa vida, vamo-nos acomodando e julgamos que já ensinamos tudo, puro engano.

Há muitos jovens interessados pelo usos, costumes e tradições e logo por inerência pelo folclore, mas que desconhecem totalmente os usos e costumes e tradições dos nossos antepassados.

Por isso teremos de ser nós, os mais velhos, a explicar-lhes como eram esses tempos e como se divertiam as pessoas, sem adulterar, para que assim consigamos ajudar esses jovens a ter uma boa representação desses tempos.

Sabemos, por outro lado, que de vez em quando surge “gente” no movimento folclórico com ideias que nada tem a ver com a vida dos nossos antepassados, e, como tal, adulteram tudo.

Nalguns casos, há conselheiros técnicos da estrutura federativa que rege o movimento folclórico que não têm formação para tal cargo ou desconhecem os usos e costumes ancestrais da região.

A salutar rivalidade existente entre alguns ranchos e grupos folclóricos em diversas regiões leva certos conselheiros a tirar partido por certos ranchos ou grupos que por vezes até nem representam melhor os usos e costumes e as tradições.

O que leva certas direções ou administrações, com boas intenções, a ficarem desconfiadas com essas entradas na estrutura federativa, e depois houve-se dizer: “só é federado quem pagar jantares”, “a Federação não dá nada e só quer dinheiro”, e que “as melhores atuações são para os amigos”, etc.

A estrutura federativa do Folclore

Por isso, a estrutura federativa terá também que mudar a mentalidade de dirigir.

Há que promover vários encontros abertos nas diversas regiões do país para discutir os usos, costumes e tradições, e os problemas do folclore, para que assim possamos esclarecer e ajudar os jovens, e para os tornar mais fortes e mais capazes de saber reconhecer como devem estar no folclore e como o devem representar, para que os “sabichões elitistas” que aparecem no folclore e que adulteram tudo sejam desmascarados.

Neste contexto, a estrutura federativa, as direções e administrações dos grupos e ranchos têm um papel importante de esclarecimento dos jovens e assim os ajudar na sua entrada plena no folclore.

Manuel Abreu Castro

Nota: Esta é a minha opinião, e é capaz de não estar completa, mas, com a análise e discussão de todos os folcloristas interessados, estou ciente que poderá ser melhorada. Para isso peço a contribuição de todos com humildade.

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