D. Julião de Alva – Foi confessor e esmoler da rainha D. Catarina, mulher do rei D. João III, capelão-mor do rei D. Sebastião e já anteriormente de D. João III.
Era natural de Madrigal (21), ou Madrigalejo (22), ou Madrid (23), onde nasceu de família humilde. Morreu em Vila Franca de Lampaças, bispado de Bragança, segundo Pires, e ali jaz sepultado (24), ou em Vila Franca, do bispado da Guarda (25), a 13 de Fevereiro de 1570, ordenando que o seu cadáver fosse a enterrar à Sé de Portalegre, na capela-mor, à qual deixou vários ornamentos, peças de grande valor e muita fazenda, para sufrágios de sua alma. Efectivamente, o Agiologio Lusitano diz que está sepultado na Sé de Portalegre. Frei Fernando de Abreu diz que faleceu em Lisboa, indo depois a sepultar a Portalegre. A esta opinião nos acostamos, ainda que o Portugal – Dicionário Histórico o dê como falecido em Miranda. O Censual diz que morreu em «Villa Franca de Lampaças, deste bispado, e ali foi sepultado, porém, não se acha ali vestígio algum de sua sepultura, talvez seria seu corpo trasladado dali para a Sé de Miranda ou para outra parte».
Era natural de Madrigal (21), ou Madrigalejo (22), ou Madrid (23), onde nasceu de família humilde. Morreu em Vila Franca de Lampaças, bispado de Bragança, segundo Pires, e ali jaz sepultado (24), ou em Vila Franca, do bispado da Guarda (25), a 13 de Fevereiro de 1570, ordenando que o seu cadáver fosse a enterrar à Sé de Portalegre, na capela-mor, à qual deixou vários ornamentos, peças de grande valor e muita fazenda, para sufrágios de sua alma. Efectivamente, o Agiologio Lusitano diz que está sepultado na Sé de Portalegre. Frei Fernando de Abreu diz que faleceu em Lisboa, indo depois a sepultar a Portalegre. A esta opinião nos acostamos, ainda que o Portugal – Dicionário Histórico o dê como falecido em Miranda. O Censual diz que morreu em «Villa Franca de Lampaças, deste bispado, e ali foi sepultado, porém, não se acha ali vestígio algum de sua sepultura, talvez seria seu corpo trasladado dali para a Sé de Miranda ou para outra parte».
----------
(21) PIRES,Manuel António – Opúsculo de Considerações Históricas sobre a Edificação da Catedral de Bragança, p. 22, e também o Censual de todos os benefícios do Bispado de Miranda.
(22) CUNHA, Rodrigo da – Catálogo e História dos Bispos do Porto, parte II, p. 364. É a indicada por este escritor a verdadeira terra da naturalidade do bispo.
(23) Portugal – Dicionário histórico, artigo «Alva».
(24) PIRES,Manuel António – Opúsculo…, que segue, como já dissemos, o que se encontra, pelo que toca aos bispos, na lista junta aos Estatutos do Cabido; mas tratando da sua sepultura, estes dizem que não aparecem em Vila Franca vestígios dela, sendo provável que fosse transportado dali para Miranda ou para outra parte.
(25) LEAL, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, artigo «Portalegre», p. 20 a 214.
----------
Foi comendatário do convento de Refojos, junto a Ponte de Lima, cuja dignidade renunciou em 1564 nas mãos do Papa Pio IV (26).
D. Julião de Alva foi outro castelhano que veio para Portugal com a rainha D. Catarina, a quem foi muito aceite e do seu conselho, cargo que deixou de exercer durante a regência de D. Henrique. Era tal a consideração que aquela tinha pelo bispo, que ainda em 20 de Janeiro de 1559, quando governava já D. Sebastião, o inculcou ao neto para tal, o que porém não teve efeito(27).
Sendo criada a Sé de Portalegre foi nela provido D. Julião de Alva, seu primeiro bispo, tomando posse a 16 de Junho de 1550.
Erigiu a fundamentis a Sé deste novo bispado, «templo majestoso com uma soberba frontaria e doze óptimos altares», cuja primeira pedra foi lançada a 14 de Maio de 1556 (28).
«Distribuía, diz Cardoso, por suas próprias mãos, aos pobres muitas esmolas, todos os dias mandava para isso coser muitos alqueires de pão e o distribuía e isto em público e muito mais em secreto a pessoas envergonhadas.
E posto que não fosse letrado, estimava tanto as letras que nunca os doutos lhe saíam de casa, com eles comunicava» (29).
Deu Constituições à sua Sé de Portalegre.
Cardoso, Frei Fernando de Abreu e o autor do Portugal Antigo e Moderno (30) dizem que D. Julião foi transferido de Portalegre para bispo de Miranda em 1557, o que não tem fundamento algum, como já vimos, e além disso, Cardoso e o Portugal Antigo e Moderno parecem dar a perceber que essa transferência se seguira imediatamente à morte de D. Toríbio Lopes, o que é notável equívoco.
A transferência foi em 1560.
Os seguintes documentos esclarecem assuntos respeitantes ao provimento deste bispo:
– Carta do rei de 16 ou 22 do Fevereiro de 1560 a Lourenço Pires de Távora, embaixador em Roma, para que peça a Sua Santidade que queira prover no bispado de Miranda o Bispo de Portalegre D. Julião de Alva (31).
----------
(26) CARDOSO, Jorge – Agiologio Lusitano, ao dia 13 de Janeiro.
(27) SILVA, Luís Augusto Rebelo da – História de Portugal nos séculos XVII e XVIII, livro IX, parte IX, cap. III, p. 396.
(28) LEAL, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, artigo «Portalegre».
(29) CARDOSO, Jorge – Agiologio Lusitano, ao dia 13 do Fevereiro, e «Advertências necessárias», p. 18.
(30) Lugares já citados. A mesma opinião segue o autor do Portugal – Dicionário histórico, Artigo «Alva».
(31) CARDOSO, Jorge – Agiologio Lusitano.
----------
– Carta do mesmo à rainha D. Catarina, de 22 de Março de 1560, participando-lhe que no Consistório realizado dali a três dias se proporiam os bispos de Miranda e Portalegre (32).
– Carta do mesmo ao rei, de 16 de Maio de 1560, em que lhe envia a Bula do provimento de D. Julião de Alva (33), na Sé de Miranda.
– Carta de D. Fernão Mascarenhas, de 22 de Janeiro de 1564… que o Bispo de Miranda deixara o bispado (34).
A 11 de Novembro de 1563 convocou sínodo diocesano em Miranda e deu a esta diocese as Constituições por que ainda hoje se rege, pois as dadas por D. Fr. Aleixo de Miranda Henriques não foram ainda publicadas.
Também deu ao cabido os Estatutos já mencionados, igualmente em vigor, e em Bragança fundou o Colégio de S. Pedro, do qual dizemos em lugar próprio.
Em fins do ano de 1564 renunciou a esta diocese para servir no cargo de capelão-mor do rei D. Sebastião(35).
O grande latinista e antiquário André de Resende, íntimo amigo do nosso bispo, dedicou-lhe uma ode (36), onde o classifica de vir clarissimus.
Garibay diz que D. Julião de Alva foi mestre nas primeiras letras, latim e grego da princesa D.Maria, filha do rei D.Manuel e da rainha D. Leonor, sua terceira mulher, a qual se tornou distinta pela sua vasta ilustração, como referem Duarte Nunes de Leão e João de Barros, o que muito depõe a favor da competência do mestre. Outros, porém, não concordam em tal e dizem que a princesa fora educada cientificamente pela célebre Luísa Sigeia (37).
Este bispo escreveu:
Constituições Sinodais do Bispado de Miranda. Em Lisboa, em casa de Francisco Correia, impressor do Cardeal Infante. Anno 1565. Este título está dentro de uma portada em madeira, tendo no alto uma tarja com a inscrição Jesus e no centro um escudo com o cordeiro sustentando na mão a haste da cruz. Fólio de 8 folhas inumeradas e 136 numeradas de
----------
(32) Corpo Diplomático Português – Relações com a Cúria Romana, vol. VIII, fl. 367.
(33) Ibidem, fl. 403.
(34) Ibidem, fl. 424.
(35) Ibidem, vol. X, fl. 161.
(36) Vita Resendi in «De Antiquitatibus Lusitaniae caetera que historica quae extant opera». Conimbricensis Academiae, tomo I, p. XI.
(37) RIBEIRO, Silvestre – História dos Estabelecimentos Científicos e Literários em Portugal, vol. I, p. 62 a 64.
----------
frente contendo as Constituições em 37 títulos.
O volume termina com a seguinte declaração: «Forão revistas pelo padre Frei Manuel da Veiga, Inquisitor dos Livros – Frey Manuel da Veiga». A Carta Pastoral do mesmo bispo, junta a estas Constituições, em que as manda executar, datada de 1563, deu talvez ocasião a supor-se que a edição seria desse ano. Também não existe a edição de 1562, em que fala António Ribeiro dos Santos (38).
Estatutos da Sé de Miranda do Douro, fólio de 84 páginas numeradas só de frente. Por baixo do título, um brasão de armas feito à pena e no fim do volume uma Lista dos Bispos de Miranda com alguns dados biográficos.
Vimos um exemplar destes Estatutos, que pertence ao Paço Episcopal de Bragança, o qual começa assim: «Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e quinhentos sessenta e quatro, aos quinze dias do mez de abril, nesta cidade de Lisboa nas casas da morada do muito Illustrissimo e Reverendissimo Snr. D. Julião d’Alva, Bispo de Miranda, do conselho del Rey nosso Senhor e seu Capellão Mor, etc. estando hi presente eu notario apostolico abaixo nomeado por elle dito Senhor Bispo me foi dito que elle tinha feito e ordenado huns Estatutos per bom governo da sua Igreja Cathedral, e Cabbido de Miranda e o mesmo me deu hum Breve Apostolico sub annulo piscatoris escripto em pergaminho... pelo que sua Santidade lhe da faculdade para poder mudar ou alterar nelles o que lhe parecer... Segue o Breve que commeça: Pius Papa IV. Venerabilis Frater. Salutem. etc. Exponi feci nobis fraternitas tua...
Foi dado em Roma aos 12 de janeiro de 1564 anno quinto do pontificado do mesmo Papa».
No sepulcro deste bispo, que está na Sé de Portalegre, lê-se o seguinte epitáfio:
«Aqui jaz D. Julião d’Alba
primeiro Bispo d’esta cidade
Capellão Mor D’el-rei D. Sebastião
feitura da rainha, D. Catharina
Sua avó
Falleceu a 13 de fevereiro de 1570» (39).
----------
(38) SILVA, Inocêncio Francisco da – Dicionário Bibliográfico, tomo IX, Suplemento, artigo «Constituições Sinodais do bispado de Miranda», onde emenda o que escrevera no tomo II e dá notícia de três exemplares dessas Constituições existentes em Lisboa.
(39) LEAL, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, artigo «Portalegre».
----------
Ordenou em testamento que toda a prata de sua casa, que era muita, se convertesse em moeda e fosse distribuída pelos pobres dos dois bispados em que pontificara (40).
A vida deste bispo anda impressa no princípio das Constituições de Portalegre, feitas por D. Lopo de Sequeira, prelado da mesma diocese.
Também dele faz menção Vaseo em duas partes da sua Crónica, cap. VI e XXI (41).
Baena (42) diz que D. Julião era da fazenda dos Alva, que tem por armas o escudo de veiros de azul e prata, com um chefe de azul carregado com uma estrela de prata alusiva à estrela de alva.
Ao tratar de D. João de Sousa Carvalho, a quem julgamos pertencer o brasão de armas que vem no princípio dos Estatutos da Sé de Miranda do Douro, faremos a sua descrição, pois é perfeitamente igual ao que há no frontispício do Paço Episcopal em Bragança.
Na tela que contém o retrato deste prelado no Paço Episcopal de Bragança, vê-se esta legenda: D. Julianus Dalva ex oppido / de Madrigal in Hispania, Regioe Magestatis sacrificus maximus / in Eccl. Cathedrali hujus Dioecesis / primus synodum dioecesanam / celebravit XI novembris anno Do / mini M. D. LXIII Constituciones / que sancivit, obiit in oppido Villa Franca hujus dioe / cesis ibique jacet.
----------
(40) CARDOSO, Jorge – Agiologio Lusitano.
(41) Ibidem, ao dia 13 de Fevereiro.
(42) SANCHES DE BAENA – Arquivo Heráldico Genealógico.
----------
MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO - HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA
Sem comentários:
Enviar um comentário