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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 20 de maio de 2023

Anos 40 do século passado

 Esta deve ser uma fotografia dos anos 40 do século passado. Descobri-a numa gaveta onde se guardam coisas avulsas, algumas anódinas, outras capazes de nos enternecer. Esta está no segundo caso: enternece.
Mas situemo-nos. O cenário da fotografia é o largo fronteiro aos Paços do Concelho de Macedo de Cavaleiros. Como se vê, não estava ainda ajardinado, era um espaço amplo, onde se encontram três pessoas e um cão (um doce a quem descobrir o cão). Dessas três pessoas, a que está mais afastada não faço ideia de quem seja. Mas os outros dois, em plano mais aproximado, estão mais do que identificados. A figura da esquerda era um médico muito conceituado em Macedo, de apelido Miranda. A figura da direita era o meu Pai, farmacêutico. A medicina e a farmácia lado a lado, como lhes compete.
Reparem na gravata do meu Pai. O meu Pai usou toda a vida gravata preta, andasse que não andasse de luto: era uma das suas imagens de marca. Outra imagem de marca era trazer sempre num bolso do casaco rebuçados de boa qualidade, que ao longo do dia ia dando à petizada com que se cruzava. Miúdos havia que se faziam encontrados com ele só para abichar mais um rebuçado. Ainda há em Macedo muita gente que se lembra disso, e que disso tenha beneficiado. E é aqui, nesta evocação meio comovida do meu Pai, que entra a ternura de que falei acima.
Finalmente, a época do ano. Não será arriscado acreditar que seja em pleno Inverno e num dia de nevão. E que nevão! Dir-se-ia que está tudo coberto por um álgido lençol branco. Há quanto tempo não temos um nevão assim? O tempo está virado, ou não? Vejam-me só aquele bloco de gelo. Até parece uma daquelas massas de gelo polar que vemos na televisão a desprender-se e cair ao mar — o que aliás é um péssimo sinal para tantas cidades ribeirinhas espalhadas pelo mundo.
Mas isso sabem os meus Amigos melhor do que eu. Mas não será pior que ao deitar,  enquanto o sono não chega, meditem um pouco na catástrofe que está prometida à humanidade por via do temido aquecimento global.

A. M. Pires Cabral

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