Reinando D. Duarte, aos 22 de Agosto de 1437 partiu uma expedição a Tânger, de que iam como chefes os infantes D. Henrique e D. Fernando, irmãos do rei e filhos de D. João I. Nesta expedição, desastrada para as nossas armas, pois nela ficou cativo o infante D. Fernando, ia também D. Duarte, senhor de Bragança e do castelo de Outeiro de Miranda, como traz Landim, filho de D. Fernando, que o precedeu no senhorio (648).
Durante a menoridade do rei D. Afonso V e por ocasião de se transferir a regência para o infante D. Pedro, convocaram-se cortes em Lisboa aos 10 de Dezembro de 1439. As intrigas fomentadas pelo bastardo D. Afonso, mais tarde duque de Bragança, ferviam no intuito de levar a rainha viúva a não consentir na regência do cunhado; com o fim de que não viessem a essas cortes, escreveu ela aos fidalgos dizendo-lhes que se limitassem simplesmente a mandar a elas «procurações abastantes com suas protestações de não outorgarem nem obedecerem em coisa que se nelas acordasse». Entre os fidalgos a quem a rainha escreveu nesse sentido, figura D. Duarte, senhor de Bragança (649).
Como D. Duarte morresse em 1442 (650) sem filhos, o generoso D. Pedro, regente do reino, esquecendo as ofensas que tinha recebido do bastardo D. Afonso, seu meio irmão, deu o senhorio de Bragança ao conde de Ourém (651). Pobre regente! Mal sabia que peçonhenta víbora acalentava ao seio! Não tardaria que lhe experimentasse o mortal veneno.
Nas cortes celebradas em Lisboa no mês de Dezembro de 1439, os procuradores de Bragança queixaram-se amargamente das prepotências praticadas por D. Duarte, senhor desta cidade. Segundo por elas se vê, ele tomava aos habitantes bois, vacas, carneiros, ovelhas, cabritos, galinhas, pão e vinho e o mais que lhe apetecia, sem curar de pagar nada
Durante a menoridade do rei D. Afonso V e por ocasião de se transferir a regência para o infante D. Pedro, convocaram-se cortes em Lisboa aos 10 de Dezembro de 1439. As intrigas fomentadas pelo bastardo D. Afonso, mais tarde duque de Bragança, ferviam no intuito de levar a rainha viúva a não consentir na regência do cunhado; com o fim de que não viessem a essas cortes, escreveu ela aos fidalgos dizendo-lhes que se limitassem simplesmente a mandar a elas «procurações abastantes com suas protestações de não outorgarem nem obedecerem em coisa que se nelas acordasse». Entre os fidalgos a quem a rainha escreveu nesse sentido, figura D. Duarte, senhor de Bragança (649).
Como D. Duarte morresse em 1442 (650) sem filhos, o generoso D. Pedro, regente do reino, esquecendo as ofensas que tinha recebido do bastardo D. Afonso, seu meio irmão, deu o senhorio de Bragança ao conde de Ourém (651). Pobre regente! Mal sabia que peçonhenta víbora acalentava ao seio! Não tardaria que lhe experimentasse o mortal veneno.
Nas cortes celebradas em Lisboa no mês de Dezembro de 1439, os procuradores de Bragança queixaram-se amargamente das prepotências praticadas por D. Duarte, senhor desta cidade. Segundo por elas se vê, ele tomava aos habitantes bois, vacas, carneiros, ovelhas, cabritos, galinhas, pão e vinho e o mais que lhe apetecia, sem curar de pagar nada
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(647) LEAL, Pinho — Portugal Antigo e Moderno, artigo «Bragança».
(648) PINA, Rui de — Crónica de D. Duarte, cap. 15.
(649) PINA, Rui de — Crónica de D. Afonso V, cap. 40 e 44.
(650) Landim diz que foi no fim do ano do 1443, mas deve enganar-se. LANDIM, Gaspar Dias de — Copiosa Relação das Competências que houve neste reino sobre o Governo dele entre a Rainha D. Leonor e o infante D. Pedro, seu cunhado. Lisboa, 1893, livro 2, cap. 27 e 28 («Biblioteca de clássicos portugueses»).
(651) MARTINS, Oliveira — Os filhos de D. João I, p. 304.
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a seus donos (652). Isto devia ser pecha velha, porque um pergaminho que há no Museu de Bragança (653) refere outras que tais proezas de João Afonso Pimentel [99].
Landim não concorda inteiramente com o acima exposto. Diz ele:
«No fim do ano de 1443, faleceu o infante D. João, e sendo passados alguns dias faleceu D. Duarte, senhor de Bragança, que também era senhor do castelo de Outeiro de Miranda. Veio logo à corte a pedir este estado o infante D. Afonso; seu irmão D. Pedro, regente do reino, recusou por dizer que o tinha prometido ao conde de Ourém, seu filho, que na pretensão se antecipara: mas o pai e o filho se concordaram, com que o conde de Ourém desistiu da pretensão e promessa porque, como primogénito, havia de suceder em seus estados, e com o seu consentimento o houve seu pai com o ducado de Bragança e título dele, suposto que lhe não veio a sucessão, por seu pai o passar de dias, e por lhe não ficarem filhos veio a casa com todos os estados ao segundo filho, D. Fernando, o primeiro que era conde de Arraiolos» (654).
Pelo documento nº 47, que é do ano de 1435, parece que D. Duarte por aqueles anos é que tomaria conta do senhorio de Bragança. Quanto ao ano da morte de D. Duarte engana-se Landim, pois teve lugar no de 1442.
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(652) Documento nº 76, cap. 1.
(653) Documento nº 66.
(654) LANDIM, Gaspar Dias de — Copiosa Relação das Competências que houve neste reino sobre o Governo dele entre a Rainha D. Leonor e o infante D. Pedro, seu cunhado.
Lisboa, 1893, livro 2, cap. 27 e 28 («Biblioteca de clássicos portugueses»).
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA
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