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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 21 de dezembro de 2024

OS FIDALGOS - CAÇARELHOS


 1º MANUEL PIRES, foi administrador do morgadio de Caçarelhos, concelho 
do Vimioso, sobre a capela do qual proferiu sentença em 1621 o licenciado Francisco Ferreira, vigário-geral do bispado de Miranda do Douro.
Parece que a capela era dentro da igreja matriz de Caçarelhos, e, além de outros encargos, tinha o de manter um hospital na povoação(200).
JOSÉ FRANCISCO DA SILVA PADRÃO, abade de Caçarelhos, e sua irmã D. Quitéria Maria do Sacramento, obtiveram em 1785 licença para oratório particular nas suas casas de moradia (201).
Já que de morgados se trata, vem a propósito citar um, embora fantástico, todavia criação genial de um grande espírito: é Calisto Elói e Benevides de Barbuda, morgado de Agra de Freima, nascido em Caçarelhos em 1815, segundo diz Camilo Castelo Branco no seu livro A queda de um anjo.
Camilo descreve este morgado como um trasmontano robusto, enérgico,erudito em estudos arcaicos, pautando o seu viver, pensar e discorrer pelas leituras clássicas dos quinhentistas, só vendo o bem-estar social nas usanças, leis e costumes antigos. Quando deputado pelo seu círculo, aponta-o como homem de fino espírito e de eloquência arrebatadora, esmagando os adversários com argumentação irresistível, finas ironias e acertados apartes, mas sempre, mesmo no vestir e falar, como um quinhentista.
Por fim, aparece-lhe em casa uma cortesã, a pretexto de consultas genealógicas, e tanto se saracoteia, tantos requebros ostenta, que o homem cai babadinho de todo, e, de anjo que fora, sempre muito virtuoso, não pensando em mais mulheres do que na sua, sem lhe perpassar pela mente o adultério, precipita-se nos braços desta sereia que o transforma. Deixa a leitura dos bons clássicos portugueses; aprende francês e lê só obras desta língua; deixa o seu viver simples, português de lei e requinta no luxo indumentário, na custosa mobília, no palacete profusamente adornado de mil pequenos nadas, de quadros, de objectos artísticos, de colgaduras; faz viajatas ao estrangeiro, enlaçado à marafona; goza a vida numa ânsia de voluptuosidade estonteante. Por seu lado, sua mulher, que até ali vivera
somente pensando na boa administração do grangeio doméstico – galinhas, porcos, debulha de cereais, sementeiras e melhor oportunidade na venda das colheitas – cede às instâncias de um primo e lá vai tudo.
Diz-se que esta genial criação de Camilo Castelo Branco é decalcada sobre o tipo moral de Francisco António Pereira de Lemos, bacharel em direito, deputado às cortes em 1838, morgado de Vilarelhos, concelho de Alfândega da Fé, a quem nos referimos adiante, e que as críticas literárias dos seus discursos alvejavam o ministro Aires de Gouveia, bispo de Betezaida.
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(200) Museu Regional de Bragança, maço Capelas. Ver o volume IV, p. 673, destas Memórias Arqueológico-Históricas do distrito de Bragança.
(201) Ibidem.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

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