Contudo, a região fica de fora dessa ajuda. Parte do território está apenas em seca moderada. Ainda assim, há concelhos a ser ajudados e que estão em situação idêntica à da região.
Vítor Rodrigues, dirigente da Confederação Nacional de Agricultura, diz que não compreende em que se baseou o ministério para criar esta declaração e que é urgente ajudar a região:
“Achamos que seria da mais elementar justiça e urgente que se estendesse, desde já, a situação de seca a estes territórios para permitir, pelo menos, aliviar ou mitigar os danos que já são irreversíveis”.
Vítor Rodrigues esteve, na sexta-feira, em Mogadouro, para uma visita a explorações agrícolas naquele concelho, percebendo os “danos já visíveis provocados pela seca”:
“Há um teor de água no solo extremamente baixo e aquilo que verificamos é que já se notam os efeitos nefastos e irreversíveis dessa situação, nomeadamente nas searas, que não cresceram e que, algumas, não vão ser cortadas, outras vão ser dadas para pastoreio para gado. Por outro lado, temos a falta de pasto porque já foi comido ou está seco. Sendo um segundo ano de seca, as pessoas já não têm reservas. Espanha também está nesta situação e não tem palha para vender aos portugueses, deste lado, tal como no ano passado. Há um certo pânico por parte dos criadores de animais”.
Carlos Lopes, dirigente da Associação para o Desenvolvimento Agrícola e Rural das Arribas do Douro, também está receoso com o cenário que já tem à frente. A entidade tem cerca de mil associados, entre criadores de animais e agricultores com culturas permanentes, de Mogadouro, Vimioso e Miranda do Douro, e não há muitos que estejam minimamente bem:
“Já o ano passado foi dramático, de seca extrema, mas ainda havia reservas dos anos anteriores e conseguiu-se ultrapassar. Este ano perspetivava-se que houvesse forragens e aconteceu tudo ao contrário. quer dizer que este ano estamos piores”.
Carlos Lopes, que também é agricultor, lamenta que o único apoio que o ministério dá ao agricultor seja “aquilo que vem da Comunidade Europeia”. “Do Orçamento do Estado não sai um cêntimo para o agricultor. Essa é a verdade. A única coisa que recebemos são as ajudas da PAC, que lhe temos direito, por lei”.
O fenómeno climático adverso de seca severa ou extrema é reconhecido, segundo um despacho assinado pela Ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, nos distritos de Évora, Beja, Faro, Portalegre, Santarém e Setúbal, mas nem todos estes estão nessa situação. Assim sendo, não se compreende porque é que o distrito fica de fora da ajuda, já que uma grande parte dos concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela, bem como uma pequena percentagem do de Vimioso, estão em seca moderada. O mesmo acontece, por exemplo, com Castelo Branco.
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