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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 12 de setembro de 2023

FERNÃO MENDES, O VELHO (O PRIMEIRO BRAGANÇÃO… OU NÃO…)

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
 
Fernão Mendes, o Velho, sucedeu a Mendo Alanes (ou Alão), filho de Alano, conde de Nantes de onde veio antes de tomar para si os vastos territórios adjacentes ao poderoso e influente Mosteiro de Castro de Avelãs, casado com Joana Ardzrouni, princesa arménia do reino da Vaspuracânia. Por ter nascido nos territórios paternos de Benquerença, sucedânea da romana Brigantia, de onde houve nome a actual cidade de Bragança, é, o dito Fernão, justamente considerado, o primeiro braganção.
Foi, nessa qualidade, homenageado pelo município brigantino, no verão de 2019. Não tenho qualquer informação que me possa justificar a razão de ser dessa data, mas há de ter sido uma decisão devidamente avaliada e ponderada pelos decisores autárquicos. Faria, talvez, mais sentido comemorar o milénio do seu nascimento… mas este, de acordo com os registos conhecidos só se cumpre em 2030, muito para além do mandato da atual equipa autárquica. Porém…
O casamento de Mendo com Joana aconteceu por volta do ano de 1020 (talvez 1021 ou 1022) por ocasião da peregrinação feita a Santiago de Compostela do rei arménio João Sinequerim. Seria expectável que tivessem tido descendência antes do início da década de trinta. E, na verdade, assim foi. Em 1023 ou 1024 nasceu Ouroana Mendes da união do bretão Mendo e da arménia Joana. Ela é, efetivamente, a primeira criatura que, há mil anos, inaugurou a “dinastia” de onde haveriam de nascer as mulheres e os homens que viriam a formar a Casa de Bragança. Celebrar esse acontecimento milenar é algo que, a não ser feito agora, só voltará a ter justificação em 3023 ou 3024, muito para lá do natural horizonte de vida de qualquer um de nós.
Quem ficou para a história foi, sem dúvida, o seu irmão, Fernão Mendes, mas esse culto da supremacia masculina pertence já ao passado. Estou certo que a edilidade brigantina não vai perder a oportunidade de incluir na história das festas da cidade, um contributo para o crescente abandono da vetusta e obsoleta misoginia, que marcou os tempos idos. Não duvido que a vereadora da cultura, por causa destes valores e, sobretudo, por ser mulher, não deixará de abraçar e promover esta causa, com a dignidade e grandeza merecidas. A lei que estabeleceu uma quota para a participação feminina nas listas candidatas às autarquias foi feita, precisamente para que elas pudessem pontuar a governação com valores que rompem a desconsideração sofrida, no passado, pelas mulheres.
Acrescentando à oportunidade irrepetível da celebração milenar, a Câmara de Bragança não vai, certamente, desperdiçar a boa vontade e disponibilidade de cooperação com a Associação de Amizade Portugal Arménia (metade do sangue fundador, veio dessas paragens) já manifestada pelo seu Presidente, Vahé Mkhitarian, muito empenhado em reforçar os laços seculares através de celebrações conjuntas, geminações e atividades culturais com especial referência para a possibilidade de atuação, na capital do nordeste, da Orquestra de Câmara Consonância, dirigida pela violinista Elena Ryabova-Mkhitarian com um conceituado repertório de música erudita portuguesa e arménia, desde o período barroco até à actualidade.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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