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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

A IA E A IMPRENSA REGIONAL

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Não é de agora. Desde há muito que o poder se empenha em influenciar, condicionar, se possível, controlar a imprensa a seu favor. É verdade que o poder desta já não é o que era no tempo anterior à existência das redes sociais, mas, mesmo assim, continua a desempenhar um papel de relevo na formação da opinião pública que pode fazer a diferença, de quatro em quatro anos, na altura dos sufrágios. 
Assim o demonstra a existência de assessores especializados, a promoção de conferências de imprensa, o cuidado em incluir os diretores dos jornais e respetivos repórteres nas listas de protocolo, os convites insistentes para que compareçam ou se façam representar nas iniciativas oficiais e até, em casos “desesperados” os pedidos (alguns, acompanhados de ameaças retaliatórias) para afastamento ou despedimento de jornalistas que, no entender do político, não dão o tratamento “adequado” às questões mais delicadas da atividade governativa. 
A situação financeira da imprensa, em geral e da regional, muito particularmente, já teve melhores dias e, sabendo disso, não raramente, os profissionais da escrita periódica sentem-se vulneráveis e receosos de serem vítimas do seu trabalho, quando o mesmo, servindo a verdade e a nobre missão de bem informar, desagrada aos detentores do poder de que, provisoriamente, estão empossados. O incómodo que a visão correta dos factos pode, eventualmente, causar é, ao contrário do que pode parecer, a sua maior arma e mais sólida âncora no desempenho profissional. 
Se o Presidente da Câmara pede a sua cabeça é porque lhe reconhece importância e relevo, portanto, receia-o. Ora, a maioria dos jornalistas ativos já viu mais do que um autarca à frente das respetivas edilidades, mostrando que a posição destes é mais efémera do que a daqueles. E se os segundos se sentem incomodados pelos primeiros, igualmente traduz não só a importância do desempenho adequado do chamado e requerido contra-poder, tão útil e necessário aos regimes democráticos. E tão apreciados pelos leitores, solidificando os pilares da existência dos órgãos de comunicação social.
A par de jornalistas que não abdicam de emitir uma opinião que, devendo ser independente e rigorosa, não deixa de ser sua, há outros que, por facilitismo, intenção de agradar ao poder em exercício, ou qualquer outra razão, se limitam a dar forma de letra às informações recebidas dos gabinetes municipais, acrescentando-lhes o nome, para dar “credibilidade” e aumentar o impacto da referida “notícia”. Ora quando a nota de imprensa dos Paços do Concelho garante que a multidão concentrada na Praça do Município agitava bandeiras de uma só cor partidária e o jornalista publica tal “notícia”, sabendo que o grupo, muito inferior ao caracterizado, era heterogéneo ostentando igualmente cartazes de protesto, estando a delir o seu crédito, junto dos leitores, está, igualmente, a abrir na muralha informativa uma brecha por onde há de sair depois de ser despedido por passar a disponível. 
Qualquer uma das ferramentas da Inteligência Artificial (IA), facilmente redige uma notícia, de forma adequada e sem erros, com várias versões, para escolha a partir de um qualquer tema. Só a razão crítica poderá fazer a diferença entre uma imprensa laboratorial, inventada e fabricada em gabinetes e o jornalismo verdadeiro, humano e baseado na observação direta e com critério.
A sofisticada IA será cada vez mais perfeita… mas nunca terá alma, como salientava, recentemente, o nosso capitão de Abril, Jorge Sales Golias.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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