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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Ambria Ardena ou as sete mulheres que cantam a cultura transmontana

 Sete mulheres transmontanas estão juntas num projeto musical que está a recuperar o repertório das canções populares do antigamente.


Chamam-se Ambria Ardena - do dialeto transmontano, que quer dizer fome ardente - são dos concelhos de Macedo de Cavaleiros e de Mirandela, distrito de Bragança, e têm idades entre os 19 e os 43 anos.

Reunidas num ensaio no centro cultural de Macedo de Cavaleiros, depois dos devidos aquecimentos, entoaram primeiro a história da Rosinha ("Lá vai Rosinha"), uma jovem 'embeiçada' por um Careto mas prometida pelo pai em casamento a um velho ‘tchaloto’ (maluco) em troca de 100 canadas de vinho, 10 alqueires de pão e, talvez, “uma ‘corriça’ e um palheiro”.

Numa pausa, Carla Germano Lopes, a mais velha e mentora do grupo, que nasceu e cresceu na Alemanha, descreveu à agência Lusa “a típica vida de emigrante” na aldeia de Talhas, naquele concelho. “Passava um mês de férias sempre na aldeia. Ouvia as nossas típicas palavras, como ‘tchiba’, ‘cutcho’ [cão], ‘tchinelo’…”, recordou.

Há dois anos que Carla está em Trás-os-Montes. Quis trazer para o presente as recordações, sempre associadas às mulheres.

“Houve sempre memórias que a minha avó cantava que ficaram na minha cabeça. A ideia foi fazer um levantamento da nossa riqueza cultural”, contextualizou. 

Assim, juntou na aldeia cantigas da ceifa, do tempo I Guerra Mundial, sobre os amados que foram combater, rezas e mezinhas. Tudo com sotaque: ”Temos as nossas palavras, o nosso dialeto próprio. (…) Alguém tem que fazer valer isso. Se não dermos continuidade a essas canções das nossas avós, [esse património] vai morrer em esquecimento, vai para o caixão”, sublinhou Carla Germano Lopes.

São estes saberes que compõem o cancioneiro que agora reproduzem e que em breve querem alargar. Deram-lhe “um toque pessoal e alguma percussão”, com instrumentos simples, em que sobressai a parte vocal.

“O nosso maior número de seguidores [nas redes sociais] são mulheres. Não esquecemos o que a mulher passou. Histórias que se ouviam, das nossas avós, tias… Da submissão, de tantos filhos a morrer nos braços, dos maridos a bater, da violência… Nós carregamos essa dor”, salientou Carla Germano Lopes, acrescentando que este projeto, “com orgulho”, dá voz às gerações passadas.

Antes de serem as sete, era só Carla e precisava de mais vozes femininas. Por isso, fez uma publicação nas redes sociais. Depois de uma “avalanche de partilhas”, a seleção foi feita de “modo muito natural”, com pessoas de áreas distintas.

Lisa Eugénio, farmacêutica de 31 anos, e Marta Serapicos, 29 anos, das 'engenharias', juntaram-se depois de assistirem a um ensaio.

“Senti-me, desde o momento zero, logo ‘super-identificada’ com o projeto. Por adorar as letras, por fazermos a pesquisa e darmos vida a músicas que dificilmente seriam ouvidas novamente”, partilhou Lisa Eugénio.

Para Marta, foi “uma surpresa” e tem sido uma experiência que catalogou como incrível.

Lara Dias, 19 anos, é estudante de teatro, tem outras iniciativas ligadas à música e está no grupo desde o início, em 2022. “É o que eu quero fazer da minha vida. E este projeto é das melhores coisas de que faço parte”, disse a jovem à Lusa.

As restantes integrantes das Ambria Ardena também não fazem neste momento vida da música, onde são, sobretudo, autodidatas. Têm igualmente outras ocupações, como trabalhadoras remotas, no caso de Carla e de outros elementos, e uma jornalista. 

“Embora nem sempre seja fácil conjugar a vida profissional com com o projeto, tento sempre encontrar forma de não faltar a ensaios e concertos. O que fazemos é autêntico e o que nos move é bonito”, explicou Julieta Carneiro, 31 anos, que trabalha na rádio local de Macedo de Cavaleiros.

Já se apresentaram ao vivo, com o público a reagir “muito bem”, contou Carla Germano Lopes, que partilhou a ambição de chegar ao Word Stage Music.

Para 2024, a agenda de concertos começa a ficar composta, com estreia prevista também em festivais.

As Ambria Ardena estão nas redes sociais Facebook, Instagram e You Tube.

TYR // MAG
Lusa/Fim

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