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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Miranda do Douro: Conselho Geral apresentou propostas para a promoção do mirandês

 Na tarde do dia 27 de dezembro, realizou-se em Miranda do Douro, o primeiro Conselho Geral para a Língua Mirandesa, uma iniciativa do município que tem como objetivo definir um plano estratégico para a salvaguarda da língua, auscultando as várias entidades e personalidades que se dedicam ao estudo, preservação e divulgação do mirandês.


Na abertura deste primeiro encontro, que decorreu no miniauditório, a presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril desafiou os vários intervenientes – oMovimento Cultural da Terra de Miranda (MCTM), a FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, a Associação de língua e Cultura Mirandesas e a associação Galandum Galundaina – e outras personalidades a indicarem medidas concretas para revitalizar o mirandês.

“É o primeiro conselho geral dedicado à língua mirandesa e tem como objetivo escutarmo-nos uns aos outros, para assim definir um plano estratégico conjunto para a defesa e promoção do mirandês”, justificou.

Como exemplo de uma medida concreta para a promoção da cultura e língua mirandesas, a autarca de Miranda do Douro informou que estão e decorrer negociações entre o município e a empresa Cafés Delta, para divulgar a região através dos pacotes de açúcar, com imagens da região e mensagens escritas em mirandês.

Ao longo da tarde em Miranda do Douro foram abordadas várias dimensões afetas à língua mirandesa, como a atual situação do mirandês, o valor cultural e económico da língua, o ensino do mirandês no ensino superior, a comunicação em mirandês no quotidiano, entre outros âmbitos.

Sobre o atual estado do mirandês, foi invocado um estudo da Universidade de Vigo, que conclui que atualmente existem 3500 pessoas que conhecem e língua, mas apenas 1500 a falam regularmente. E esta realidade é ainda mais preocupante, perante o ininterrupto despovoamento das aldeias do concelho de Miranda do Douro.

O presidente da Associação da Língua e Cultura Mirandesas (ALCM), Alfredo Cameirão destacou que o mirandês é uma marca identitária da região, à semelhança da Capa d’Honras Mirandesa.

“Sem investimento, a língua não sobrevive e não se desenvolve. Atualmente, o número de professores de mirandês é insuficiente para a transmissão e ensino da língua”, alertou.

Por sua vez, o secretário da FRAUGA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote, o professor António Bárbolo Alves, sublinhou as bases científicas da língua mirandesa.

“O mirandês começou a ser estudado há mais de 100 anos. E esta língua é o corpo da cultura da Terra de Miranda, nas suas várias expressões, como são a música, as danças dos pauliteiros, os rituais de solstício de inverno, os ditos e dezideiros. Por isso, é determinante preservar a língua mirandesa”, explicou.

Paulo Meirinhos, dos Galandum Galundaina, falou da experiência do grupo musical, cujos concertos e trabalhos discográficos são cantados em mirandês.

“A nossa missão é cantar e recriar memórias em mirandês. E através da música conseguimos divulgar a língua a milhares de pessoas”, partilhou.

Em representação do Movimento Cultural da Terra de Miranda (MCMT), José Maria Pires, criticou a “falta de vontade política” para defender e promover a língua e relembrou o trabalho realizado por António Maria Mourinho, Júlio Meirinhos e Amadeu Ferreira.

“A língua e a cultura mirandesas são as principais atrações turísticas da Terra de Miranda. Por isso, felicito a iniciativa do município de Miranda do Douro em criar este conselho e assim juntar os intervenientes na preservação e divulgação deste valioso património cultural”, disse.

No âmbito da cultura, a diretora do Museu da Terra de Miranda, Celina Pinto, avançou que aquando da reabertura do remodelado museu, prevista para o primeiro trimestre deste ano, os funcionários do museu vão acolher os visitantes em língua mirandesa.

Também a pintora, Balbina Mendes, referiu que na inauguração das suas exposições faz questão de que a língua mirandesa seja ouvida, na declamação de poemas ou através da música.

Para assegurar a transmissão da língua, o historiador, António Rodrigues Mourinho sublinhou a importância da família na partilha deste legado linguístico aos mais novos.

Como forma de aproveitar o potencial turístico e económico da língua e cultura mirandesas, o presidente da FRAUGA, Jorge Lourenço, sugeriu a criação de um programa turístico “passaporte”, para convidar pessoas a conhecer a Terra de Miranda.

Para conferir mais notoriedade e qualidade aos setores da restauração e do comércio local, sublinhou-se a mais valia que seria o recurso e apresentação em língua mirandesa, no acolhimento ao público, nas ementas e nos produtos e serviços.

No âmbito do ensino da disciplina de Língua e Cultura Mirandesas, o diretor do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, o professor António Santos, indicou que atualmente 80% dos alunos frequentam a disciplina.

“Atualmente a disciplina de Língua e Cultura Mirandesa é opcional, mas seria de equacionar a obrigatoriedade desta disciplina no programa curricular”, avançou.

Nos momentos finais deste primeiro Conselho Geral para a Língua Mirandesa, o presidente d Assembleia Municipal de Miranda do Douro, Óscar Afonso, participou por videoconferência e criticou a inoperância do atual governo em atribuir os apoios financeiros prometidos para a criação do Instituto da Língua Mirandesa.

“Quando o IMI das barragens for pago ao município de Miranda do Douro, uma parte desse valor será destinado à defesa e promoção da língua”, adiantou.

Os trabalhos deste primeiro Conselho Geral para a Língua Mirandesa encerraram com uma síntese feita pela presidente do município de Miranda do Douro, que agradeceu a participação dos intervenientes e as propostas apresentadas para a definição do Plano Estratégico.

“Pelo que ouvimos ao longo desta tarde, a língua mirandesa precisa do envolvimento de todos, a começar pelas famílias que transmitem a língua aos mais novos, mas também pelas instituições, as associações, o agrupamento de escolas e também pelos vários setores de atividade, sobretudo os ligados ao turismo como o comércio, a hotelaria e a restauração. Com estas primeiras propostas vamos começar a elaborar o plano de ação para a promoção da língua”, sintetizou.

Helena Barril indicou que o segundo Conselho para a Língua Mirandesa, está agendado para o dia 27 de março de 2024.

HA

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