(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
...”arrecebi ua mensaige. Adonde m’era préguntadu pur’u q’é que tinha tanta proa im sermus dif’rentes’e.”…
Porque pouco aprecio mensagens, que azo podem dar a (des)interpretações e a (re)interpretações, acabei por continuar a conversa por via telefónica. “E lá têbu de m’aturar’u home”…
Tendo-lhe dito: «Começa logo porque somos bilingues, que isto é mais do que uma pronúncia ou simples forma de falar». E lá lhe expus umas quantas regras que acasos não são, menos o sendo o estigma do «falam mal português». A pessoa parece ter ficado convencida, até porque a conheço há muitos anos, e sei bem como falávamos fora do âmbito escolar. Tendo-me dito, porém, que isso não bastava para essa tal de diferença que pareço apregoar.
E lá tinha de vir a História, mais as falácias com que a «cartilha da velha guarda» nos adulterou. Mantendo que muito orgulho tenho em ser Português, maior o tendo no facto de ter sido “paridu e criadu’e” neste canto Nordeste. Onde se fala de uma forma “ztranha” e somos detentores de uma História ímpar. Só procuro, humildemente, que as pessoas tenham “proa” nisso.
Por fim, a conversa derivou para dois dos caracteres mais distintivos que possuímos. Os Caretos, mais as Mascaradas e as Chocalhadas… E os Pauliteiros, mais as suas Danças/Lhaços, e os tamborileiros e gaiteiros. Todavia, isso dá pano para mangas, e já não estou “arreguitchadu’e” para continuar com a escrita. O meu interlocutor já me deu «rastilho» para, amanhã, vir por aqui deixar mais “uas zcritas’e, a bere se ganhêmus algua proa”.
“Peis, atãu’e, bou-me lá, só quiju bire aqui p’ra dar as boas neites, ou boas noutes, ó cunsuante. Bou-me a tchiz’care ó strafugueiru co’as stanazes’e, a bere se num saim muntas falmegas pur’i, que fai friu’e, e um home tem de se quecere”…
(Foto: © Rui Rendeiro Sousa)
Rui Rendeiro Sousa – Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer.
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas.
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana.
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros.
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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