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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

O Cavaleiro das Sombras - Capítulo XIV – O Coração do Nevoeiro


 O amanhecer trouxe uma luz pálida, mas suficiente para dissipar parte do nevoeiro que cercava Bragança. A cidade respirava em alerta, todos os ruídos amplificados pelo silêncio tenso das ruas. Afonso reuniu novamente Lídia, Baltasar e Miguel no alto das muralhas.

- Hoje enfrentaremos o que a floresta esconde, disse ele, a voz firme. - Mas não apenas com armas. Precisamos entender o que guardam. Só assim a paz será possível.

Seguindo os símbolos antigos, o grupo entrou na clareira no coração da floresta. Lá, os seres esperavam, organizados em círculo, não em posição de ataque, mas de julgamento. Entre eles, o líder adiantou-se, impondo silêncio com um gesto.

- Bragança, disse, a voz soando entre as árvores, demonstraram coragem, inteligência e respeito pelos segredos que protegemos. Mas agora enfrentarão o último teste, provar que merecem compreender e conviver com o equilíbrio que guardamos há séculos.

De repente, o nevoeiro condensou-se em ilusões vivas. Paisagens da própria cidade, batalhas antigas, rostos de antepassados. Os passos em falso podiam confundir o grupo, prendê-lo em labirintos mentais ou despertar criaturas ilusórias para os atacar.

- Lembrem-se, murmurou Lídia, observem o estilo, não a aparência. Cada ilusão tem uma lógica.

Afonso guiou o grupo com calma, desafiando os enganos e analisando os sinais. Baltasar protegeu os flancos, e Miguel observava detalhes que os adultos poderiam ignorar, lembrando histórias antigas contadas pelo Cavaleiro das Sombras.

No centro da clareira, uma grande pedra antiga erguia-se, coberta por inscrições que apenas Lídia conseguiu decifrar parcialmente:

- “Aquele que respeitar o passado e proteger o futuro será digno do equilíbrio.”

Com passos firmes, Afonso e o grupo tocaram a pedra. Um clarão suave percorreu a clareira, dissipando ilusões e revelando a verdadeira forma dos seres. Humanos transformados pelo tempo, guardiões de segredos e do equilíbrio natural entre cidade e floresta.

- Vocês compreenderam, disse o líder, agora com expressão quase humana, Bragança não lutará contra nós. Lutará connosco, respeitando o que foi preservado por eras.

O alívio percorreu o grupo. Não houve aplausos, apenas um silêncio profundo, carregado de respeito e entendimento. A cidade, de volta às muralhas, agora sabia que poderia proteger-se, crescer e conviver com os mistérios da floresta.

Baltasar respirou fundo, apoiando-se no bordão:

- Então a guerra terminou… não com sangue, mas com sabedoria.

Afonso olhou para a cidade e para a floresta à frente:

- Bragança sobreviveu, não apenas por força ou coragem, mas por aprender a ouvir. E esta será a lição que carregaremos para as próximas gerações.

Enquanto o nevoeiro se dissipava totalmente, a floresta parecia mais calma, como se reconhecesse a cidade como aliada. E Bragança, pela primeira vez em séculos, respirava sem medo, consciente de que a verdade, a coragem e a compreensão eram as chaves para o seu futuro.

Continua...

N.B.: A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

HM

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