Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

O Cavaleiro das Sombras - Capítulo XIII – O Cerco no Nevoeiro


 O céu amanheceu encoberto por nuvens densas, e um nevoeiro espesso estendeu-se sobre Bragança, mais denso do que em qualquer outro dia. As ruas silenciosas estavam preparadas, mas o ar carregava a promessa de perigo iminente. A cidade, que tinha aprendido a reconstruir-se e a ouvir, agora precisava de enfrentar aquilo que sempre esteve à espreita.

Afonso reuniu os líderes da cidade na torre mais alta das muralhas:

- Hoje não lutamos apenas por casas e ruas. Lutamos por Bragança inteira. Todas as decisões serão decisivas. Não subestimem o inimigo, disse, olhando para os rostos determinados, mas tensos, de Lídia, Baltasar e dos jovens vigias.

Pelas beiras da floresta, as sombras começaram a mover-se. Diferentes das que haviam enfrentado antes, eram maiores, mais numerosas e organizadas. Olhos brilhantes surgiam entre os troncos, calculando cada movimento da cidade. O nevoeiro tornou-se um véu quase impenetrável, e o silêncio, cortante.

- Eles aproximam-se! - gritou um vigia, fazendo sinais com uma tocha.

Afonso posicionou os arqueiros nas muralhas, preparando flechas especiais com pontas reforçadas. Baltasar bloqueou entradas estratégicas com barricadas e alavancas. Lídia guiava grupos mais pequenos pelos becos, coordenando ataques de surpresa e sinalizações silenciosas.

Quando as primeiras formas emergiram do nevoeiro, a batalha começou. Flechas cortaram o ar, mas muitas criaturas desviavam-se com uma precisão quase sobrenatural. A cidade percebeu que não bastava força ou estratégia convencional, era necessário prever os movimentos do inimigo, como aprender o ritmo do próprio nevoeiro.

No meio do confronto, uma figura mais alta e imponente surgiu, era um líder dos seres, com armadura completa, adornada com símbolos antigos e olhos que refletiam séculos de sabedoria. Ele dirigiu-se à cidade com voz clara, embora carregada de autoridade:

- Bragança, conhecemos a sua coragem e a sua inteligência. Mas o que vocês defendem aqui não é apenas o vosso território, é o equilíbrio de forças que guardamos há séculos. Vós podeis sobreviver… se provarem que merecem entender.

Afonso ergueu a espada, firme:

- Estamos prontos para proteger o nosso povo e nossa cidade. Mas queremos compreender o que vocês guardam. Só assim haverá paz.

O líder recuou, ordenando que as suas forças fizessem um recuo estratégico. A batalha parou, mas não como uma rendição, como um teste contínuo, indicando que a cidade precisava não apenas de lutar, mas agir com sabedoria, paciência e coragem.

Baltasar, olhou para o grupo:

- Esta é apenas a primeira fase. Eles não vão embora. Mas agora sabemos que podemos enfrentá-los… e que talvez, se entendermos, possamos até ganhar aliados.

Afonso viu o nevoeiro a dissipar-se lentamente.

- Amanhã será decisivo. Não só pela força dos nossos braços, mas pela clareza da nossa mente. A cidade que reconstruímos será a mesma que decidirá o seu destino, com coragem, estratégia e conhecimento.

Enquanto isso, na floresta, os olhos dos seres brilhavam na penumbra. Eles sabiam que Bragança tinha aprendido algo importante, que coragem sozinha não bastava, e que a cidade, agora, começava a tornar-se digna do que a floresta guardava há séculos.

Continua...

N.B.: A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

HM

Sem comentários:

Enviar um comentário