A primavera começava a surgir nas colinas ao redor de Bragança. A neve tinha derretido quase completamente, deixando as ruas limpas e os jardins preparados para florescerem. Pela primeira vez em anos, o ar da cidade estava leve, carregado de esperança e expectativa.
Afonso caminhava pelas ruas recém-reconstruídas, observando. Telhados reparados, janelas restauradas, praças iluminadas pelas primeiras cores da estação. Lídia seguia ao seu lado, tomando nota de pequenas melhorias e ajudando os artesãos a reorganizar os mercados. Baltasar, sempre vigilante, ainda patrulhava os becos, mas o seu semblante agora carregava mais orgulho do que preocupação.
- Nunca imaginei que veria Bragança assim, disse Miguel, olhando para as crianças que corriam entre as fontes restauradas e os pátios limpos. - Parece que a cidade respira de novo.
Na praça central, o povo reunia-se para celebrar a reconstrução física, e a memória que agora carregavam. O Cavaleiro das Sombras, a verdade revelada sobre Dom Martinho e a aliança recém-descoberta com os guardiões da floresta. Bandeiras foram hasteadas, e músicos improvisados enchiam o ar com melodias alegres, enquanto risos preenchiam os becos que antes guardavam ecos de medo.
Afonso subiu ao pelourinho, agora decorado com flores, e ergueu a voz para todos:
- Hoje celebramos a coragem de cada cidadão, a sabedoria de aprender com a história e a força de caminharmos juntos. Bragança renasce, em pedra e em espírito.
Os habitantes responderam com aplausos e gritos de alegria. As crianças correram para abraçar os guardiões que, agora visíveis, caminhavam entre eles, testemunhas vivas de que coexistir com o desconhecido era possível.
Baltasar olhou para o horizonte, onde a floresta se erguia tranquila.
- Aprendemos a ouvir, e isso salvou-nos. Mas também aprendemos que a coragem nunca deve descansar. Que esta cidade continue vigilante e sábia.
Lídia sorriu para Afonso:
- Finalmente, paz e reconstrução. Mas desta vez, consciente e verdadeira.
O sol, tímido no horizonte, iluminou a cidade inteira. As muralhas refletiam a luz dourada, e Bragança festejava o seu passado e o seu futuro simultaneamente. O inverno, os segredos e os fantasmas do passado tinham cedido o lugar à vida, à verdade e à esperança.
E, enquanto o vento percorria as ruas e a floresta, parecia sussurrar uma última promessa. Bragança estaria preparada para qualquer sombra que o tempo ousasse trazer, mas sempre com coragem, inteligência e coração.
A cidade respirava de novo.
Continua...
N.B.: A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

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