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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 8 de novembro de 2025

Sem «sangue bragançano», a História de Portugal não teria sido a mesma… Os Condes de Barcelos, um Alcaide-mor de Lisboa e Almirante de Portugal… Aljubarrota e um Alcaide-mor de Bragança...

Por: Rui Rendeiro Sousa
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Para alguns dos acompanhantes desta magnífica página, poderá soar a repetitivo, mas não é! Está MUITO longe de o ser! Todos aqueles que se interessam pelo tema «História de Portugal», devem conhecer os reis, as dinastias, os grandes acontecimentos da nossa história. Foram repetidos até à exaustão nas aulas de História, e são-no, de alguma forma, sempre que um qualquer canal televisivo dá um pouco de antena a essa tal de nossa História. Com uma particularidade: as «Terras de Bragança» não existem! Saber-se-á lá porquê…

Nem os Bragançãos parecem ter existido, «encostados para canto» pela nossa História, como se não tivessem passado de uns actores secundários no desenrolar dessa mesma História, relegados para uma prateleira onde vão acumulando pó. “Ó d’peis'e”, aparecem uns “tchutchinhus’e” que pegam no “spanadore”, esforçando-se por “bufare ó pó”, procurando resgatar aqueles que foram, logo nos primeiros reinados, intérpretes principais. E ora foram Governadores de Terras (Tenentes), ora foram «primeiros-ministros» (Mordomo-mor), ora «comandantes-chefe do exército» (Alferes-mor), ora «magistrado supremo» (Meirinho-mor). Nada de transcendente… 

Já por aqui trouxe os «de Castro», também eles Bragançãos, pela inevitável Inês de Castro, bem como pelo 1º Condestável de Portugal, o seu irmão. Família que, no período que antecedeu a Crise de 1383-85, no reinado de D. Fernando, era uma das principais de Portugal, conjuntamente com outra de... Bragançãos: os Teles de Meneses! A célebre Rainha D. Leonor Teles, mais a sua filha D. Beatriz, já tiveram aqui direito a destaque. Hoje, é a vez do irmão da Rainha, mais um Braganção… Mas é só mais um, entre TANTOS…

A toda a gente é familiar o nome de D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável. É um herói nacional, à custa de Aljubarrota, isso indesmentível é. Assim como o é o facto de ter sido antecedido por um Braganção no dito cargo de Condestável. Mas ninguém nos quer falar nisso… D. Nuno Álvares Pereira que, muitos o saberão, também seria Conde de Barcelos, nomeado por D. João I. Porém, antes dele, seis outros houve. E os três que imediatamente o antecederam eram… Bragançãos! Uma vez mais, ninguém nos quer falar nisso (“bá, anda pur aí um tchalutinhu’e q’agora num se le fetch´á matraca co ez’ta cousa da proa… ó menus hai um que fala”…). 

E eram dos Teles de Meneses. Hoje trago aqui o 6º Conde de Barcelos. O qual era irmão da Rainha D. Leonor Teles, por via dupla Bragançã (facto de que me esqueci quando aqui a trouxe). Porque, de facto, por essa dupla via, os pais de D. Leonor Teles e de D. João Afonso Telo, eram ambos trinetos do «último Braganção». Significa isto que, contrariamente ao veiculado pela bibliografia relacionada com genealogia, não obstante os Bragançãos terem tido tendência para produzir mais “rapazas’e” do que “raparigus’e”, o que os levaria a perder a varonia, não perderam, porém, o estatuto e o prestígio de grande família. Que as Mulheres Bragançãs “num se casabum c’um qualquera”! Como tal, a D. Berengária e a D. Aldara, respectivamente, avós paterna e materna da Rainha D. Leonor e de D. João Afonso, eram Bragançãs e primas em 2º grau, bisnetas que eram do Aio e Mordomo-mor de D. Dinis, o «último Braganção» que já por aqui trouxe. “Ele hai cousas du catanchu’e, or sim’e? Algua beze ez’tes aldrúbias que fazim na Stória nus di’xerum iz’tu’e? Ah peis nãu’e, que num les int’ressa, pur’i! Quere sabere mais um cibinhu’e? Atão bamus lá, pur aí arriba. Dá-le gáse!”…

Influências na Corte, o «nosso» Conde de Barcelos, D. João Afonso Telo, seria Alcaide-mor de Lisboa (“caralhitchas’e, tibemus um home de sangue Bragançãu’e a mandare im Liz’boa”!). Mas ainda foi mais… Foi Almirante do Reino, ou Almirante de Portugal, o Comandante Supremo da Armada Real! Coincidentemente, para lá de 6º Conde de Barcelos, também foi o 6º Almirante, sucedendo a figuras com ligações a «terras Bragançanas». O mais destacado, o genovês Emanuele Pessagno, conhecido que ficaria por Manuel Pessanha, do qual descendem todos os Pessanha destas «terras Bragançanas». Esse, porém, contrariamente ao veiculado, não foi o primeiro Almirante, mas sim o segundo. Que o primeiro, trasmontano de Chaves, era primo do nosso «último Braganção», que a Bragançã mãe deste último era meia-irmã do pai do primeiro. Outras histórias... 

A verdade é que o «nosso» Almirante do Reino, por “nóbinhu’e” ser, levou «traulitada» contra uma armada espanhola, deixando de rastos a nossa Marinha de Guerra... Numa fase inicial, até foi próximo do Mestre de Avis, tendo estado presente no célebre assassinato do conde Andeiro. Todavia, por familiares questões, colocou-se ao lado da causa da irmã e da sobrinha, a Rainha D. Leonor Teles e D. Beatriz. Por isso esteve do lado de lá da barricada em Aljubarrota, tomando partido pelos Castelhanos, com papel de destaque. Não lhe correria de feição a aventura, pois aí morreria em batalha. No entanto, tal era o respeito que o Mestre de Avis lhe tinha que, a crer na Crónica de Fernão Lopes, foi o único adversário em relação ao qual deu instruções de sepultura. «E mais nom», diz-nos o cronista, que os outros que jaziam no campo de batalha, por lá ficaram a apodrecer e a servir de alimento para «cães e aves»... O lado macabro da História...

Por fim, outra Bragançã, meia-irmã da Rainha e do Conde: D. Joana Teles de Meneses. História curiosa, de Comendadeira do Mosteiro de Santos, ao abandono da vida religiosa, para casar com João Afonso Pimentel. O tal que era Alcaide-mor de Bragança na Crise de 1383-85, cunhado da Rainha D. Leonor Teles, e que, por “bias” disso, «tomou voz por Castela» e se recusou a entregar o castelo ao lado do Mestre de Avis. As histórias que não nos contam… E há tantas mais! “Deus No’Senhore me deia pacência pr’ás ir trazendu pur aqui’e, e que pacência deia ós que quijerim sabere mais um tantinhu’e sobr’u tantu que sêmus’e”! 

“Stãu a precebere pur’u q’é que sou tchatinhu’e? Tânhu ou num tânhu r’zãu’e? E inda num sabim da miss’á métade! A purcissão inda bai nu adru’e”...


Rui Rendeiro Sousa
– Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer. 
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas. 
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana. 
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros. 
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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