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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Um distrito que tem tanto, mas tanto! E ainda Algoso… um Convento… e umas históricas terras Marianas...

Por: Rui Rendeiro Sousa
(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Há casualidades curiosas. Andando às voltas com o Castelo de Algoso, que por aqui trouxe nas últimas publicações, alguém quis saber informações acerca de um convento existente no meu concelho, o conhecido Convento Mariano de Balsamão. Para os meus botões disse: «Olha que coincidência!». E perguntarão: «Coincidência porquê, que relação tem Balsamão com o Castelo de Algoso?». De facto, para lá de Balsamão também ter tido um castelo, o qual, tal como o de Algoso, tomado foi por Afonso IX de Leão, quando ficou “imbutchinadu’e” com o nosso Afonso II, poderia nada mais haver. Mas há!

Num distrito com marcada devoção Mariana, onde subsiste o tesouro popular da «Lenda das Sete Irmãs», ou «Las Sîete Armanas», em Mirandés. Lenda essa que também existe do lado de lá da fronteira e que, a fazer jus ao «cada terra seu uso, cada roca seu fuso», são encontrados dezassete nomes distintos para enquadrar sete… Mas adiante, aqui não vim por causa da magnífica lenda. Nem pelas renomadas romarias que se mantêm vivas no distrito, de repente me lembrando da Sra. da Serra, da Sra. da Assunção, da Sra. da Luz, da Sra. do Naso ou da Sra. da Ribeira (para os devotos, se me esqueci de alguma, que a memória não dá para tudo, ficam as antecipadas desculpas). 

De súbito também me lembrando das inevitáveis festas da Sra. do Amparo, padroeira de Mirandela, o que me conduziu à Sra. das Graças, a qual não sendo a padroeira de Bragança, é-o do seu concelho, o que também dá direito às «festas da cidade». E numa mental viagem pelos concelhos do distrito, se equivocado não estiver, a Senhora também é a padroeira de Vinhais e de Torre de Moncorvo. Se errado estou, façam o favor de me corrigir, que das correcções vem a aprendizagem. 

Nestas sequências de acelerado pensamento, parei na antiquíssima Igreja de Santa Maria, ou do Castelo, e recordei-me que o inicial nome para Nossa Senhora era... Santa Maria. Pensamento puxa pensamento, lembrei-me que, daqui por poucos dias, até se cumprirá um aniversário «redondinho», a caminho dos 900 anos, sobre a existência documental da mais antiga paróquia do distrito a ter Santa Maria como padroeira. Por acaso, até fica no meu concelho, numa aldeia que me apaixona: a encantadora Pinhovelo. 

Depois, assolado também fui, a propósito do Convento Mariano de Balsamão, de outras instituições que pelo distrito houve, sob a invocação da Senhora. Obrigatório foi lembrar-me, de imediato, das que houve no meu concelho, onde até existiram um convento franciscano e um recolhimento das oblatas, ambos sob a protecção da Senhora, este último que até começou em Bragança. Caso os neurónios ainda operacionais estiverem, noutros concelhos também houve instituições cuja designação tinha por nome um título da Senhora: um hospício em Vila Flor, um seminário em Vinhais e outro convento em Freixo de Espada à Cinta. “Bá, iz’tu é u que dá andare, fai muntu tempu’e, áz boltas co ditu Cumbentu de Balsamão”. Convento este que, para quem não o conheça, é merecedor de uma visita demorada. E perguntarão: «Mas o que tem isto a ver com Algoso?»…

Apenas porque Algoso “tamém têbu um cumbentu’e”! O qual passou por três ordens religiosas distintas antes de… passar para as mãos dos Marianos de Balsamão! Já perceberam a casualidade a que fiz menção no início deste texto? “Ah peis é, u mundu é piquerrutchu’e”! E agora, essa coincidência já me deu o mote “p’ra bire pr’áqui a butare faladura, pr’ós q’intresse tiberim”, acerca do impacto da «devoção mariana» no distrito. Distrito onde até se situa a casa-mãe dos Marianos da Imaculada Conceição, em Portugal! “Que mai fai”?… E, num país onde Fátima ainda é uma indelével marca para as gentes, ninguém parece dar importância ao facto de termos, por cá, a sede dos Marianos. Somos umas terras paradoxais... E assim fui, de Algoso a Balsamão...

Amanhã, com bastante probabilidade, já cá trarei mais umas espantosas curiosidades históricas acerca de Santa Maria, de Algoso e do espectacular Convento Mariano de Balsamão. Que este distrito guarda tanto!!! 

(Foto: Tecto, em perspectiva, do século XVIII, na Igreja do Convento de Balsamão)


Rui Rendeiro Sousa
– Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer. 
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas. 
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana. 
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros. 
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

1 comentário:

  1. Amigo Rui. Vou-lhe ser muito sincero. Adorava ter o conhecimento suficiente para poder comentar os seus, prestimosos e esclarecidos, contributos. Nem vou tentar, como para mim é evidente. No entanto não resisti a dizer-lhe que, e penso que falo em nome de todos ou quase todos, o seu conhecimento sobre as nossas "coisas" (que não caiu do céu com toda a certeza e que lhe deve ter queimado muitas pestanas) é impressionante e de um valor inestimável. Desejo, do fundo do coração, que as suas publicações no grupo não sejam desperdiçadas por quem pode usufruir delas. LEIAM PORRA! Abraço amigo Rui e obrigado.

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