(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Muitos, provavelmente, não o saberão, há mais de 670 anos era criado o primeiro morgadio no distrito. Instituição que muito me diz, por ter sido na minha terra. Terra essa, conjuntamente com as restantes do distrito, que me têm consumido muitas horas para lhes perceber a essência.
Deparei-me, há uns anos, com a existência de uma ilustre figura dessa tal de minha terra, a qual era, na primeira metade do século XVIII, a detentora do anteriormente referido morgadio. O que a estranho me soou… Apenas porque a instituição do morgadio, no longínquo século XIV, havia sido feita por um descendente Braganção, então já da linhagem dos «de Macedo», da qual era o representante máximo.
Porém, mais de 350 anos após a criação do morgadio, o seu detentor era um «Morais Sarmento». Facto que os estudiosos pareciam não conseguir explicar. “Bai daí, scarafuntcha daqui, scarafuntcha d’álém’e”, lá fui desaguar a uma das mais ilustres famílias bragançanas, os Figueiredo Sarmento. Família essa cujos membros ocuparam diversos cargos de relevo na História de Bragança.
Parece que, pelo lado dos «Figueiredo», a Bragança vieram parar, por influência do Duque de Bragança, das Beiras vindo. Já pela via dos «Sarmento», à nobre cidade aportaram vindos de Espanha. E que ligação teriam os Figueiredo Sarmento com o morgadio da minha terra? Pelos vistos, o primeiro «Sarmento» deixar-se-ia “imbeiçare” por uma dona Bragançã dos «de Macedo». Dona essa que era directa descendente do instituidor do referido morgadio.
Instituidor que era neto de um dos últimos ilustres Bragançãos a utilizar o «de Bragança» como apelido. Como, por tripla via feminina, os Figueiredo Sarmento, possuíam «sangue» dos «de Macedo» e, consequentemente, dos Bragançãos, justificado estava que um dos seus inúmeros descendentes tivesse passado a ser o detentor do morgadio da minha terra, o tal de mais antigo do distrito.
E fiquei a saber que uns ilustres alcaides-mor de Bragança, os «Figueiredo Sarmento», por via feminina, também eram Bragançãos. E «de Macedo»…
Rui Rendeiro Sousa – Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer.
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas.
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana.
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros.
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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