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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

As Férias Grandes.

Nas férias grandes, as do Verão, sempre com três saborosos meses, o destino de quase todos nós era a construção civil, a estrada a colocar alcatrão, a apanha do lupúlo, ou a Lupulex que era a empresa que preparava a matéria prima que posteriormente, com cevada, água e outros componentes dava origem à cerveja.

Esta foto foi tirada, na merenda, após uma manhã a encher sacas com lúpulo. Na foto, podem-se ver, para além do "precoce" e já direccionado para a função, com a garrafa de tinto, o Fernando Sá e a Fátima Sá do Bairro e St.ª Isabel e, salvo erro o Carlos Gomes do mesmo Bairro.
Na apanha do lúpulo, recordo a hora da merenda com a garotada toda junta e alegre apesar do cansaço sempre presente. Aquele trabalho não deveria ser para crianças, mas a três coroas o quilo…O lúpulo é uma planta muito leve e um quilo demorava uma eternidade a apanhar. Por vezes éramos mauzinhos e antes de levarmos o saco à balança tratávamos de o humedecer com um banho no rio ou um xixi devidamente direccionado. Sempre iria pesar mais umas gramas.
Poucos ou nenhuns sabiam o que era ir para a praia, ou tão simplesmente o que eram férias na verdadeira acepção do termo. Para nós era a possibilidade de ganhar dinheiro para comprar aquelas calças de ganga que só víamos nas montras, ou aquelas botas de camurça que não eram para a carteira dos nossos Pais.
Evidentemente que parte do “pecúlio” ia direitinho para as mãos das nossas Mães que, com sabedoria, o iriam gerir como bem entendessem. Mas, era com a chegada das férias que tínhamos a possibilidade de ver um filme no cinema e de comprarmos calçado e roupa nova e, para os mais malandrotes, de fumar um Kentucky sem ter de andar a juntar periscas.
A melhor parte das férias eram os dias que passávamos na Quinta dos Sás.
Lameiros a perderem-se de vista, rio, peixes com fartura, tralhões, fruta legumes…
Todos garotos e sozinhos longe da cidade e dos adultos. Ali não passava ninguém.
Dormíamos ao relento ou numa das construções da Quinta. O dia seguinte, era sempre preparado na noite anterior.
Colocávamos, estrategicamente, as pescoceiras municiadas com a respectiva formiga de asa no lameiro e, perto do tronco das árvores.
Ao início da manhã já tínhamos o almoço garantido. Uns “tralhões” assados numa chapa (a tampa de um bidão) apenas com sal grosso. Fazíamos acompanhar o maná com lustrosas e substanciais saladas que vinham da horta. Pimentos, tomates, alface, cenouras, cebolas…era sempre um alguidar cheio...e regado com azeite fino que havia sempre na Quinta.
A sobremesa era invariavelmente fruta da Quinta do Zé Carlos, que ficava depois de passar a linha do comboio.
O Zé Carlos bem sabia que éramos nós que, lhe "roubávamos" os melões e as melancias. Mas como havia tanta fartura na Quinta, ele fazia que não sabia.
Só vínhamos a casa quando se nos acabava o pão.
Depois de almoço, era o “obrigatório” jogo de futebol no lameiro, com quatro pedras a servirem de baliza e depois, bem transpirados, toda a gente para a água nas bóias feitas das câmaras-de-ar dos pneus dos tractores.
Uns ficavam de papo para o ar e outros iam pescar. Era preciso fazer refeições variadas e nutritivas. Uma refeição de carne e outra de peixe.
Quantas gerações aprenderam a nadar no Rio Fervença, agora perdido para a cidade e para as gerações vindouras, na sua condição de Rio...




HM

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