Estando Miranda do Douro adormecida no extremo NE do território português, numa área despovoada e agreste, a construção da sua grande barragem hidroeléctrica, permitiu o acesso a Espanha, fez com que nela se desenvolvesse notavelmente o comércio.
História
Ignora-se como começou o povoamento de Miranda do Douro. Sabe-se que foi ocupada pelos Mouros nos começos do século viu. D. Afonso Henriques, que a herdou de seus pais, vendo nela um ponto estratégico para a resistência ao poderio do reino leonês deu-lhe carta de foro em 1136, renovada em 1217 por D. Afonso II e por D. Dinis em 1286. Elevada à categoria de vila em 1325, D. João I, em ordem a reforçar-lhe o poderio e para aumento da sua população converteu-a em couto de homiziados. Em 1510 D. Manuel I outorgou-lhe foral novo.
Elevada a cabeça de diocese em 1545, D. João III concedeu-lhe a categoria de cidade por carta régia de 10 de Julho de 1545; contava então 1635 moradores. Por bula de 27 de Setembro de 1780 a sua diocese ficou unida à de Bragança com o bispo a residir nesta cidade, mas mantendo a igreja matriz de Miranda a categoria de Sé, ficando a diocese a denominar-se «de Bragança e Miranda».
Património Monumental
O Castelo afonsino de Miranda do Douro, reforçado por D. Dinis e D. João IV, foi quase todo destruído em 1760 pela explosão dum paiol da pólvora; além das muralhas subsiste a torre de menagem com as armas de Avis e o Arco de Nossa Senhora do Amparo. A Sé, de grande envergadura e harmonia de linhas sóbrias e verticais, foi edificada na 2.” metade do século XVI; na frontaria renascentista, duas altas torres unidas por um artístico balaústre ladeiam o pórtico; o corpo do templo, de planta cruciforme, é constituído por três naves, separadas por duas fiadas de três pilares quadrangulares, sustentando uma ampla abóbada de granito com nervuras cruzadas estelares; o altar-mor apresenta um retábulo renascentista composto por 56 imagens bíblicas em alto-relevo; a Catedral conserva o magnífico órgão que lhe foi dado na época joanina; uma das singularidades da Sé é a ingénua imagem do Menino Jesus da Cartolinha, datado de meados do século XIX, mas que corporaliza uma lenda que remonta à Guerra da Restauração (século XVII), durante a qual um rapazinho de espada em punho (depois identificado com o Menino Jesus) andou a percorrer as ruas da cidade atiçando a coragem dos seus moradores para fazerem frente aos Espanhóis.
O Paço Episcopal de Miranda do Douro, pouco depois de construído foi vítima de incêndio em 1706 dele resta o andar térreo com uma arcada contínua i amplas proporções transformado em local ajardinado. De registar ainda que na Rua da Costanilha se conservam casas quinhentistas de portas rectangulares e janelas estreitas floridas, entre elas sobressaindo: uma moradia toda de pedra com janelas geminadas; cachorros medievais esculpidos no granito; a velha Casa da Câmara alberga agora o museu; junto à porta medieval pode ver-se a Fonte dos Canos, construídos nos séculos XVII. Em Malhadas, 8 km a Norte podem ver-se uma excelente igreja românica com belo alpendre contíguo e um esplêndido cruzeiro. Em Duas Igrejas, 8 km a Oeste, conhecida pelo seu grupo folclórico de pauliteiros que personificam a cultura mirandesa, há uma igreja românica e um gruta com vestígios de arte rupestre.
Artesanato de Miranda do Douro
Característica de Miranda do Douro é a capa de honra, feita de burel ricamente bordada, com capuz e uma espécie de palácio nas costas, claramente inspirada na litúrgica capa de asperges gótica, e que é envergada por homens importantes. Continuam a fazer-se na região tecidos e saragoça e buréis bem como curtimento de couros. A cidade tem feira anual na segunda-feira de Páscoa.
As principais romarias do concelho são a de Nossa Senhora do Monte, a 15 de Agosto, realização em Duas Igrejas, e a de Nossa Senhora do Nazo, na freguesia da Póvoa em 7 e 8 de Setembro.
Gastronomia
Especialidades culinárias mirandesas são a posta de carne, o presunto ou salpicão e as trutas; no campo da doçaria surgem as súplicas, os sodos e os cavacos.
Atracções
Locais com bons panoramas na área do concelho de Miranda do Douro são o Pico de São Cristóvão e o Alto da Castanheira na Serra de Mogadouro. Miranda do Douro possui a pousada turística de Santa Catarina anexa à Barragem de Miranda.
Na área do concelho de Miranda do Douro encontram-se dois dos maiores empreendimentos hidroeléctricos portugueses ambos situados no troço do Douro internacional. A Barragem de Miranda do Douro, construída junto a um brusco cotovelo do rio, dista apenas um km da Sé; iniciadas as obras em 1956, o primeiro grupo de geradores entrou em funcionamento no mês de Agosto de 1960; a barragem mede no coroamento 263 m de largura, sendo de 80 m a sua altura acima das fundações; a potência total dos três geradores é de 174 MWh.
A Barragem do Picote, 20 km a SÓ, situada num impressionante estrangulamento do rio, começou a ser construída em Agosto de 1954, e começou a funcionar em Janeiro de 1958; a barragem tem a altura de 100 m e mede no coroamento 92,30 m, sendo a potência dos três geradores da ordem dos 180 MWh.
in:viagenstravel.com
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