D. João IV de Portugal |
De fato, a partir de então, todos os primogênitos varões daquela dinastia morreram antes de reinar.
Um século após a maldição, Dom João VI e Dona Carlota Joaquina de Bourbon, rei e rainha de Portugal, tentaram revertê-la, fazendo visitas anuais aos mosteiros franciscanos de Lisboa e Rio de Janeiro, sem resultados, no entanto. Coincidentemente, com raras exceções, os primogênitos dos ramos reais dos Bragança apenas deixaram de morrer quando a família perdeu a soberania tanto em Portugal quanto no Brasil.
Supostas vítimas:
Em Portugal:
Dom Teodósio (1634–1653) – primogênito do próprio Dom João IV, morto aos dezenove anos de idade, deixou a sucessão da coroa a seu irmão Dom Afonso VI, o qual, morrendo sem descendentes directos, transmitiu a coroa a seu irmão Dom Pedro II de Portugal;
Dom João (1688) – primeiro príncipe deste nome, primogênito de Dom Pedro II de Portugal, abriu caminho ao trono para o segundo João, que reinou como Dom João V;
Dom Pedro (1712–1714) – primeiro varão de Dom João V, irmão mais velho do rei Dom José I. Este teve apenas filhas, da qual Dona Maria I, a primogênita, assume o trono;
Dom José (1761–1788) – primogênito de Dona Maria I e do rei Dom Pedro III, dando lugar, após sua morte, ao futuro rei Dom João VI;
Dom António Pio (1795–1801) – primogênito de Dom João VI, morreu aos seis anos de idade, abrindo caminho para o futuro Dom Pedro I;
Dom Miguel (1820) – primogênito de Dom Pedro I, abrindo caminho para a ascensão de D. Maria II ao trono português e de Dom Pedro II ao trono brasileiro;
Dom Luís Filipe (1887-1908) – primogênito de Dom Carlos I, assassinado juntamente com seu pai, em 1 de fevereiro de 1908. O crime precipitou a queda da monarquia portuguesa, em 5 de outubro de 1910.
No Brasil:
A praga continuou a agir até mesmo após a separação dos tronos do Brasil e de Portugal (1822):
Dom Afonso Pedro (1845–1847) – primogênito de Dom Pedro II, morreu em 1845 com menos de dois anos de idade, fazendo herdeira sua irmã Dona Isabel. Muitos apontam a falta de um herdeiro masculino como uma das causas pela queda da monarquia no Brasil, pelo que a ascensão de um aristocrata estrangeiro, ainda que consorte da futura imperatriz, acirrava ânimos nacionalistas.
Curiosidades:
D.João VI e D.ª Carlota Joaquina |
Os frutos de alguns relacionamentos extraconjungais de D. Pedro I acompanharam a coincidência. Foi o caso de seu primeiro filho com a marquesa de Santos, natimorto, e de Pedro, seu primogênito com Noémi Thierry, morto antes de completar um ano. Ainda, com a uruguaia María del Carmen García teve uma criança natimorta.
Apesar da maldição dizer respeito aos primogênitos varões, algumas varoas também foram "vítimas" dessa infeliz coincidência. Foi o caso de Dona Luísa Vitória, primogênita de Dona Isabel, princesa imperial do Brasil, natimorta em 1874. Pode-se considerar o mesmo de D. Maria Amélia, primogênita de D. Pedro com sua segunda esposa, D. Amélia. A princesa brasileira morreu aos 21 anos, de tuberculose, quando já era noiva do futuro Maximiliano do México.
Exceções:
Dom Pedro V, primogênito de Dona Maria II, foi uma das exceções à maldição durante a monarquia em Portugal, sagrando-se rei aos dezesseis anos, em 1853. Contudo, morreu alguns anos depois, em 1861, aos vinte e quatro anos, de febre tifoide. Passa a coroa para seu irmão Dom Luís I.
Dom Carlos I, primogênito de Dom Luís I, foi também outra exceção à maldição durante a monarquia em Portugal, tendo todavia sido assassinado juntamente ao seu primogênito, Dom Luís Filipe, em 1908, aos quarenta e cinco anos.
Dom Pedro Augusto, príncipe de Saxe-Coburgo-Gota, primogênito da infanta Dona Leopoldina, princesa do Brasil, foi pretendente ao trono brasileiro até 1891, quando finalmente a princesa imperial, Dona Isabel, deu à luz um filho. Apesar de ter sido uma exceção à maldição durante a monarquia, o "príncipe maldito" acabou por desenvolver doença mental de fundo psicótico, tentou o suicídio e acabou por morrer, solteiro, em um sanatório de Viena em 1934, aos sessenta e oito anos.
Pós-monarquia:
D.Pedro II |
Com relação aos descendentes de Dom Miguel II, foi seu terceiro filho varão, primeiro do segundo casamento, Dom Duarte I, quem assumiu a chefia desse ramo dinástico, tendo seus irmãos mais velhos renunciado a seus direitos sucessórios. Curiosamente, nota-se que a descendência deste ramo dos Braganças, herdeira de Dom Miguel I, segundo filho varão de Dom João VI, é tida por muitos, atualmente, como a pretendente legítima ao trono de Portugal.
Para estes, a descendência do filho varão mais velho de Dom João VI, os herdeiros de Dom Pedro IV, está extinta.
Dom Pedro Luís, filho primogênito de Dom Antônio e quarto na linha de sucessão ao trono brasileiro, desapareceu no Oceano Atlântico devido ao acidente do Voo Air France 447, em 31 de maio de 2009.
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