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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Maldição dos Braganças

A Maldição dos Braganças é um mito, citado em diversas crônicas a respeito das antigas famílias reinantes do Império do Brasil (1822-1889) e do reino de Portugal (1139-1910) e portanto, também do império ultramarino português.
D. João IV de Portugal
A "maldição" ter-se-ia iniciado no reinado de Dom João IV, no século XVII, quando o monarca teria agredido um frade franciscano aos pontapés após este ter-lhe implorado por esmola. O frade, em resposta, rogou uma praga ao rei, dizendo que jamais um primogênito varão dos Bragança viveria o bastante para chegar ao trono.
De fato, a partir de então, todos os primogênitos varões daquela dinastia morreram antes de reinar.
Um século após a maldição, Dom João VI e Dona Carlota Joaquina de Bourbon, rei e rainha de Portugal, tentaram revertê-la, fazendo visitas anuais aos mosteiros franciscanos de Lisboa e Rio de Janeiro, sem resultados, no entanto. Coincidentemente, com raras exceções, os primogênitos dos ramos reais dos Bragança apenas deixaram de morrer quando a família perdeu a soberania tanto em Portugal quanto no Brasil.
Supostas vítimas:
Em Portugal:
Dom Teodósio (1634–1653) – primogênito do próprio Dom João IV, morto aos dezenove anos de idade, deixou a sucessão da coroa a seu irmão Dom Afonso VI, o qual, morrendo sem descendentes directos, transmitiu a coroa a seu irmão Dom Pedro II de Portugal;
Dom João (1688) – primeiro príncipe deste nome, primogênito de Dom Pedro II de Portugal, abriu caminho ao trono para o segundo João, que reinou como Dom João V;
Dom Pedro (1712–1714) – primeiro varão de Dom João V, irmão mais velho do rei Dom José I. Este teve apenas filhas, da qual Dona Maria I, a primogênita, assume o trono;
Dom José (1761–1788) – primogênito de Dona Maria I e do rei Dom Pedro III, dando lugar, após sua morte, ao futuro rei Dom João VI;
Dom António Pio (1795–1801) – primogênito de Dom João VI, morreu aos seis anos de idade, abrindo caminho para o futuro Dom Pedro I;
Dom Miguel (1820) – primogênito de Dom Pedro I, abrindo caminho para a ascensão de D. Maria II ao trono português e de Dom Pedro II ao trono brasileiro;
Dom Luís Filipe (1887-1908) – primogênito de Dom Carlos I, assassinado juntamente com seu pai, em 1 de fevereiro de 1908. O crime precipitou a queda da monarquia portuguesa, em 5 de outubro de 1910.
No Brasil:
A praga continuou a agir até mesmo após a separação dos tronos do Brasil e de Portugal (1822):
Dom Afonso Pedro (1845–1847) – primogênito de Dom Pedro II, morreu em 1845 com menos de dois anos de idade, fazendo herdeira sua irmã Dona Isabel. Muitos apontam a falta de um herdeiro masculino como uma das causas pela queda da monarquia no Brasil, pelo que a ascensão de um aristocrata estrangeiro, ainda que consorte da futura imperatriz, acirrava ânimos nacionalistas.
Curiosidades:
D.João VI e D.ª Carlota Joaquina
Graças à origem da maldição, todos os primogênitos que morreram ao longo do período da monarquia brasileira foram enterrados no Convento de Santo Antônio, de frades franciscanos, como se estivessem sendo dados como penhor de arrependimento pela agressão de seu antepassado.
Os frutos de alguns relacionamentos extraconjungais de D. Pedro I acompanharam a coincidência. Foi o caso de seu primeiro filho com a marquesa de Santos, natimorto, e de Pedro, seu primogênito com Noémi Thierry, morto antes de completar um ano. Ainda, com a uruguaia María del Carmen García teve uma criança natimorta.
Apesar da maldição dizer respeito aos primogênitos varões, algumas varoas também foram "vítimas" dessa infeliz coincidência. Foi o caso de Dona Luísa Vitória, primogênita de Dona Isabel, princesa imperial do Brasil, natimorta em 1874. Pode-se considerar o mesmo de D. Maria Amélia, primogênita de D. Pedro com sua segunda esposa, D. Amélia. A princesa brasileira morreu aos 21 anos, de tuberculose, quando já era noiva do futuro Maximiliano do México.
Exceções:
Dom Pedro V, primogênito de Dona Maria II, foi uma das exceções à maldição durante a monarquia em Portugal, sagrando-se rei aos dezesseis anos, em 1853. Contudo, morreu alguns anos depois, em 1861, aos vinte e quatro anos, de febre tifoide. Passa a coroa para seu irmão Dom Luís I.
Dom Carlos I, primogênito de Dom Luís I, foi também outra exceção à maldição durante a monarquia em Portugal, tendo todavia sido assassinado juntamente ao seu primogênito, Dom Luís Filipe, em 1908, aos quarenta e cinco anos.
Dom Pedro Augusto, príncipe de Saxe-Coburgo-Gota, primogênito da infanta Dona Leopoldina, princesa do Brasil, foi pretendente ao trono brasileiro até 1891, quando finalmente a princesa imperial, Dona Isabel, deu à luz um filho. Apesar de ter sido uma exceção à maldição durante a monarquia, o "príncipe maldito" acabou por desenvolver doença mental de fundo psicótico, tentou o suicídio e acabou por morrer, solteiro, em um sanatório de Viena em 1934, aos sessenta e oito anos.
Pós-monarquia:
D.Pedro II
Ainda em relação a Dona Isabel, seu varão primogênito, Dom Pedro de Alcântara, não chegou a morrer prematuramente, mas renunciou a seus direitos dinásticos. Seu irmão Dom Luís Maria Filipe foi nomeado príncipe imperial do Brasil, mas não pôde ascender à condição de imperador de jure, pois morrera pouco tempo depois devido a um grave reumatismo ósseo contraído durante sua participação em trincheiras, na Primeira Guerra Mundial. Assim, o título de chefe da casa imperial do Brasil passou ao primogênito deste, Dom Pedro Henrique, após a morte de Dona Isabel.
Com relação aos descendentes de Dom Miguel II, foi seu terceiro filho varão, primeiro do segundo casamento, Dom Duarte I, quem assumiu a chefia desse ramo dinástico, tendo seus irmãos mais velhos renunciado a seus direitos sucessórios. Curiosamente, nota-se que a descendência deste ramo dos Braganças, herdeira de Dom Miguel I, segundo filho varão de Dom João VI, é tida por muitos, atualmente, como a pretendente legítima ao trono de Portugal.
Para estes, a descendência do filho varão mais velho de Dom João VI, os herdeiros de Dom Pedro IV, está extinta.
Dom Pedro Luís, filho primogênito de Dom Antônio e quarto na linha de sucessão ao trono brasileiro, desapareceu no Oceano Atlântico devido ao acidente do Voo Air France 447, em 31 de maio de 2009.

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