A partir desta chegada sombria, do início das aulas no liceu, dos conhecimentos que trava no ano que lá passa, desenrola-se a questionação do papel do homem.
Vergílio Ferreira continuou neste livro a sua "quase" obra única: uma espécie de manifesto existencialista, de eterna colocação de perguntas sobre a função da humanidade neste território e da ausência de um deus que amenizasse a não-descoberta.
Publicado em 1959, Aparição permanece um dos romances mais importantes do século XX português. O quadro que pinta cidade alentejana, das suas gentes e dos seus costumes continua a fazer sentido e a encontrar semelhanças com a actualidade. Vergílio Ferreira também leccionou em Évora e os paralelismos autobiográficos sucedem-se, numa interligação com o papel de difusor de uma mensagem transcendental que Alberto desempenha. Em redor, a compor a moldura, temos Bexiguinha, Ana, o Doutor Moura, a Madame, o Bailote, a Cristina e uma Sofia que não cabe naquela época, tudo personagens que se imiscuíram na literatura e se repercutem na realidade. Afinal, a questão continua cada vez mais presente: quem sou eu?
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