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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Freguesia de Duas Igrejas

A freguesia de Duas Igrejas encontra-se no extremo oriental do concelho de Miranda do Douro e na fronteira com Espanha. Situada paredes-meias com a freguesia-sede, é delimitada a norte precisamente pela freguesia de Miranda do Douro e ainda pela de Malhadas, a sul por Vila Chã da Braciosa e a ocidente por Palaçoulo, Águas Vivas e ainda pelo vizinho município de Vimioso. É constituída pelos lugares de Duas Igrejas, Cércio, Vale de Mira e Quinta do Cordeiro. O povoamento da área em que hoje se insere a freguesia remonta à pré-história. É o caso da Necrópole de Duas Igrejas, de datação indeterminada e classificada como Valor Concelhio. Aqui foi achado um cipo funerário numa das paredes de uma casa em pedra.
O povoado fortificado de Casa do Quinteiro data da Idade do Ferro. Este castro, com boas condições naturais de defesa, tinha uma linha de muralha a noroeste e duas linhas a norte, com cerca de três metros de espessura. O abrigo rupestre da Solhapa, em Poço Picão, data do período Neolítico. A sua importância justificou a classificação como Imóvel de Interesse Público em 26 de Fevereiro de 1982. Trata-se de vários abrigos rochosos, onde se notam vários vestígios de representações parietais, ou seja, de arte rupestre.
O povoado de Urreta da Malhada é claramente proto-histórico, embora a sua datação exacta ainda esteja por determinar.
Aí apareceram restos de Moinho, fragmentos de cerâmica comum mal cozida e manchas de terras enegrecidas, provavelmente pertencentes a fogueiras. Já nada existe desse povoado, destruído que foi pela prática agrícola. Foi detectada ainda uma mancha de ocupação de época indeterminada, mas pré-histórica, no sítio arqueológico de Olgas. Localizado num cabeço de pequenas dimensões, aí foi recolhido um fragmento de dormente. No sítio arqueológico da Via do Padre, lugar de Poço Picão, apareceram à superfície vários vestígios de cerâmica romana.
Do mesmo período são os achados da Senhora do Monte – um conjunto de dezasseis sepulturas formadas e tapadas por lajes transversalmente. No sítio da Faceira, no lugar da Granja, apareceram várias moedas e lápides, assim como muita cerâmica comum e de construção. Todos estes vestígios datam do período romano. A Necrópole romana de Fonte de Amador é composta por duas lápides epigrafadas, junto de duas sepulturas formadas por lajes. Perto, foram encontradas mais sete estelas funerárias romanas e duas de tipo medieval. Ou seja, o local foi utilizado no período romano e continuou a sê-lo durante a Idade Média. A via de Carris Mourisco, no lugar de Brunhosinho, é um caminho de terra, que alguns autores apontam como sendo romana.
Esta via continua em direcção ao concelho de Mogadouro, freguesia de Urrós. Desde muito cedo, a povoação de Duas Igrejas começa a ser citada nos documentos medievais. Muito antiga também é a povoação de Cércio, freguesia que hoje já não existe. Já é referida nas inquirições de D. Afonso III, em 1258. Durante a Guerra dos Sete Anos, a casa paroquial de Duas Igrejas foi a sede do quartel-general do Marquês de Sárria. No que diz respeito ao património edificado, a Igreja Paroquial de Santa Eufémia está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 29 de Maio de 2003. De destacar, em especial, a fachada, que termina em empena truncada por campanário com dois sinos.
Acima do portal principal, em arco de volta perfeita, um pequeno óculo rectangular. Templo de planta rectangular, composto por uma só nave, capela-mor e sacristia. A parede do lado sul tem aparelho de silharia do século XVI, bem como a capela-mor. No interior, podem ver-se ainda restos de pinturas murais. A Igreja da Senhora do Monte é um dos templos mais bem conservados do distrito. Tem uma só nave, capela-mor abobadada, um púlpito de características góticas e um excelente retábulo de talha barroca joanina. A Igreja de Cércio tem também nave única.
O arco triunfal é seiscentista, bem como o tecto da capela-mor. A porta de entrada do lado nascente é anterior. No «Guia de Portugal», Sant’Anna Dionísio escreveu o seguinte acerca desta freguesia: «Segue-se através da ampla planura mirandesa, em sucessivos segmentos rectilíneos bordados uma vez por outra de freixos e de negrilhos. De um lado e doutro extensos afolhamentos de cereais (centeios, trigos, aveia) e uma ou outra vinha de cepas rasteiras.
Nisto chegamos a Duas Igrejas, povoação agro-pastoril, levemente estremunhada desde que nela se fixou a provisória estação-terminus da linha férrea do Pocinho a Miranda. A planura parece infinda. Aqui e além, um montículo, coroado de rebos morenos. Passada a Fonte da Aldeia, encontra-se a encruzilhada com o letreiro do Picote.» A ordenação heráldica da freguesia, publicada a 10 de Setembro de 2003, é a seguinte: « Armas - Escudo de ouro, duas lisonjas de negro alinhadas em faixa, entre gavela de espigas de centeio de verde, atada de vermelho, em chefe e dois paulitos de azul, cada um atado de vermelho, passados em aspa, em ponta. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: “ DUAS IGREJAS - MIRANDA DO DOURO “Bandeira - De vermelho. Cordão e borlas de ouro e vermelho. Haste e lança de ouro.
Área: 4926 ha
População: 900 habitantes
Património cultural edificado: Igreja Matriz, Igreja do Senhor do Monte, Igreja de Cercio, Capelas de Stª Marinha, de S. Bartolomeu, do Divino Espírito Santo, de Stª Ana, de Stº Isidro, Cruzeiros de S. Bartolomeu, de Coreixe, de Nossa Senhora do Monte, de Santo Cristo, Fonte Ferrada, Fonte da Foulosia, Fragas da Solhapa, da Moura, Sede da Freguesia, Vários Tanques Públicos com Bebedouro para Animais, duas Alminhas na Senhora do Monte, Estrada da Quinta de Cordeiro, Casa do Povo, Centro Social com Centro de Dia
Feiras: Feira Mensal ao dia 15 de cada mês, Feira Anual a 5 de Outubro e a 14 de Agosto
Festas e Romarias: Festas de Stº Amaro a 15 de Janeiro, de S. Sebastião a 20 de Janeiro, do Senhor das Candeias a 2 de Fevereiro, de S. Brás a 3 de Fevereiro, do Senhor dos Passos na 5ª feira santa, de Stª Bárbara no 3º Fim-de-semana de Maio e no último Domingo de Agosto, de Stº António a 13 de Junho, de Stº Isidro no 1º Domingo de Junho, de Stª Marinha a 18 de Julho, de Nossa Senhora do Monte a 15 de Agosto, , de Nossa Senhora das Dores no 1º Domingo de Setembro, de Stª Ana no 1º Domingo de Novembro, de S. João a 27 de Dezembro, de Stº Estêvão a 26 de Dezembro
Gastronomia: Fumeiro, Folar de Carne e Doce, Bôla Doce, Cavacas, Sodos 
Locais de lazer: Zona Ribeirinha do Douro, Largo do Vale do Monio, Parque de Merendas da Lagoa das Bichas
Espaços lúdicos: Campo de Futebol de Duas Igrejas, Polidesportivo de Duas Igrejas
Artesanato: Colchas de Renda, Tapetes, Alforges, Mantas de Lã, de Farrapos, Arados, Jugos, Gaita de Foles, Castanholas, Paus para os Pauliteiros, Rendas e Bordados Tradicionais
Orago: Stª Eufémia
Principais actividades económicas: Agricultura, Pecuária, Olivicultura, Vitivinicultura, Castanha, Transformação de Mármores e Granitos, Carpintaria, Mecânica, Construção Civil, Serralharia Civil, Comércio, Serviços
Colectividades: Associação Cultural Pauliteiros de Miranda Duas Igrejas, Grupo de Pauliteiros de Duas Igrejas, Grupo de Pauliteiros de Cercio, Rancho Misto


1 comentário:

  1. Uma publicação que merece todo o nosso interesse pela riqueza histórico cultural que nos dá a conhecer destas terras de Miranda e Mogadouro.
    Um documento precioso!!!!.

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