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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Torre de Moncorvo - (Distrito de Bragança)

O topónimo deriva da existência de uma torre habitada por um senhor local de nome Mendo Curvo, o qual, por evolução fonética, deu Moncorvo. Recebeu o primeiro foral do mencionado senhor em 1062, confirmado por D. Afonso Henriques entre 1128 e 1140. D. Manuel l outorgou-lhe foral novo em 1512.
Tem raízes em medievos tempos e pensa-se que terá sido um grande senhor da época, Mendo Curvo, que junto à serra do Reboredo, construiu uma fortaleza com uma torre, no século Xl, existindo ainda no local algumas ruínas – ou simplesmente Mendo, que tinha uma casa com uma torre e um corvo, quem primeiro lhe deu foral e o nome também.
De, J. de Vilhena Barbosa, em “As Cidades e Vllas da Monarchia Portugueza, que têm Brasão d’Armas” (1862): “ A fundação desta vila data do século Xll ou Xlll, e teve princípio em uma Torre, que aí edificou um tal Mendo ou Mem Corvo, para sua morada e segurança. Segundo o costume, e necessidade daqueles tempos, os aldeões pobres, que viviam isolados naquelas circunstâncias, demandando o abrigo de uma casa forte e a protecção de um rico proprietário, foram mudando pouco a pouco as suas choupanas pra junto da Torre. Assim se formou, ao que parece o primeiro núcleo da povoação. Passado pouco tempo aumentou rapidamente à custa da vila de Santa Cruz, que ficava dali uma légua, em sítio tão doentio, e falto de água, que os seus moradores foram-se transferindo para a nova povoação, que lhes oferecia a triplicada vantagem de ares salubres abundância de água, e excelentes terrenos para cultura.
A vila de Santa Cruz abandonada completamente, caiu em ruínas, e hoje raros vestígios mostra o nome por que era conhecida a torre, começou a chamar-se Torre de Mendo Corvo ou de Mem Corvo. Pretendem alguns antiquários, que a etimologia de Moncorvo se deriva de Mons Curvus, dizendo que assim designavam o monte Reboredo, por ser um tanto curvo ou arqueado. Não se pode, porém, aceitar esta opinião, visto achar-se em todos os documentos antigos, que falam desta terra, o nome de Torre de Moncorvo, e não Moncorvo, como agora dizemos. Outros querem que o seu primeiro nome fosse Torre do Monte do Corvo ou dos Corvos, autorizando-se com o brasão d’armas da vila.
A respeito da fundação da Torre, e da etimologia do nome, há uma tradição no povo, que apesar de não merecer crédito, a vamos referir pela originalidade, e por julgarmos próprio desta obra consignarmos nela as lendas, históricas ou fabulosas, que as crenças populares têm enlaçado com a origem das povoações.
Conta, pois, a tradição que um pobre lavrador chamado Mendo, que vivia com sua mulher em uma choupana não longe do monte Roboredo, achara um tesouro enterrado. Vendo-se de repente tão rico cuidou perder o juízo; mas voltando a si, reconheceu a necessidade de fazer segredo do achado para que lho não roubassem. O seu primeiro pensamento foi referir o caso à consorte, tanto para que ela tomasse parte nas suas alegrias, como para que o ajudasse na guarda do precioso tesouro. Porém, a esta ideia sucedeu logo outra na alma desconfiada do lavrador. Seria sua mulher capaz de conservar em si o segredo ? este receio levou-o a pôr a provar a discrição dela, e para isso lhe disse que acabava de presenciar um acontecimento nunca visto até então, mas que lhe pedia um segredo inviolável. Era o caso que vira um corvo pariu uns poucos corvozinhos. A mulher ficou pasmada, e não podendo conter em si um mistério tão maravilhoso, foi-o divulgando às vizinhas, acrescentando o número de filhos, que o corvo parira; mas a cada uma ia pedindo o mais absoluto sigilo. De boca em boca foi correndo o conto até não haver quem o ignorasse em todas aquelas imediações. À vista disto resolveu-se o lavrador a ocultar o tesouro a sua mulher, e para o ter mais seguro, edificou uma Torre para sua morada, e depósito dele.
Do nome do lavrador e do caso do corvo, ficaram chamando ao edifício a Torre de Mendo do Corvo, nome que com o tempo se corrompeu em Torre de Moncorvo e depois Moncorvo”.
Torre de Moncorvo
Torre de Moncorvo teria nascido de uma remota Vila da Alta Idade Média, que em antigos documentos vem designada Vila Velha de Santa Cruz da Vilariça, situada no topo da margem direita do Rio Sabor e nas proximidades do núcleo de vida pré-histórica do Baldoeiro.
Segundo a tradição, os habitantes desta povoação, devido à insalubridade do local muito sujeito às emanações palustres e, talvez, também, em consequência dos estragos sofridos com as Razias Mouriscas tão frequentes na época abandonaram-na deslocando-se para o ponto mais arejado no sopé da Serra do Roboredo. De qualquer maneira, a ter-se dado o abandono da Vila de Santa Cruz da Vilariça, este ter-se-ia processado nos fins do séc. XIII. No principio desse século existia ainda a Vila de Santa Cruz da Vilariça e dava sinais de relativa vitalidade, pois recebeu de D. Sancho II, em 1225, uma carta foral que lhe concedia importantes isenções e regalias fiscais e penais.
Quanto à origem do topónimo de Torre de Moncorvo, segundo as Memórias Paroquiais de 1978, " hé tradição que se mudava da Villa de Santa Cruz pela multidão de formigas, que não só faziam dano considerável em todos os viveres, mas aos mesmos viventes lhe cauzavão notável opressão, e resolvendo-se a evitar estes incomodos forão para o pé do Monte Reboredo aonde havia uns cazaes de que era senhor um homem chamado Mendo, o qual dizem que na sua casa tinha uma torre e domesticando nela um corvo. Crescendo depois a povoação e tendo o foral de Villa lhe chamarão de Villa de Mendo do Corvo, que com fácil corrupção se continuou a chamar a Villa de Moncorvo".
Seja como for, o certo é que só a partir do tempo de D. Dinis, no pensar do erudito padre Francisco Manuel Alves, Moncorvo adquire "o seu incremento". Este Rei concede-lhe foral em 12 de Abril de 1285 passando então o concelho a ter nova sede e nova designação que seria o Concelho de TORRE DE MONCORVO.
Em 1372 D. Fernando considera Moncorvo como uma vila das melhores de "Tralus Montes" e atendendo à valentia dos seus moradores, demonstrada nas guerras com os castelhanos, dá-lhe como termo as vilas de Vilarinho da Castanheira e a de Mós.
D. Manuel I, a 4 de Maio de 1512, concede a Moncorvo novo foral depois de visto o foral da dita vila dado por el-rei D. Dinis. Entretanto ao mesmo tempo do foral começa a erguer-se o padrão manuelino da Igreja Matriz, já extra-muros, dominadora e acolhedora e o casario acantoa-se à sua volta.
Segundo Duarte Nunes de Leão em 1609, Torre de Moncorvo era uma das grandes correições em que se dividia judicialmente o País. Estava a par de correições tais como Miranda, Vila Real e Coimbra de grande extensão e relevo.
Padre Joaquim M. Rebelo

Lenda de Moncorvo
Segundo a lenda, viveu naquela região, há muito tempo atrás, alguns séculos, um homem chamado Mendo ou Mem. Dizem uns que era um nobre senhor, mas a nossa lenda faz dele um pobre lavrador que habitava uma choupana com sua mulher, não muito longe do monte Reboredo.
Aconteceu certo dia que Mendo achou um tesouro enterrado sob um penedo do monte. Vendo-se, de repente, tão rico - o tesouro era fabuloso -, o homem sentiu fugir-lhe o juízo. Em breve, porém, recuperou o sangue frio e, reconhecendo ser melhor manter em segredo aquele achado, para que lho não cobiçassem tratou de pensar no que lhe fazer, onde o guardar.
Tão grande era a sua alegria que não cabia em si e no fundo, desejava partilhar o seu segredo com alguém que consigo se regozijasse. E, como a pessoa que mais perto de si estava por muitas razões óbvias, era a mulher, sentiu uma imensa vontade de lhe contar a felicidade que acabara de ter. Contudo, Mendo era desconfiado, e como conhecia a mulher de ginjeira achou que ela não seria capaz de guardar segredo por muito tempo.
Assim, decidiu arranjar uma mentira para a pôr à prova. Depois de muito pensar, encontrou o que dizer e foi ter com ela.
- Anda cá, mulher, senta-te aqui comigo nesta pedra! Quero contar-te uma coisa, mas tens de prometer guardar segredo...
- Então o que é? Conta, homem, conta!!
- Juras que não contas nada disto a ninguém?
- Juro pois! ... por estes dois que a terra há-de comer! ... - disse ela apontando para os olhos.
- Então lá vai: calcula que vi hoje um corvo parir um par de corvinhos!...
- Ora homem, isso é lá possível!?
- ... eu seja ceguinho!
A mulher ficou-se um pouco incrédula, sentada na pedra, enquanto ele se afastava para ir à sua vida, contente com a história que arranjara. Agora era só esperar algum tempo, ter um pouco de paciência e... ver o resultado. Durante algum tempo, a mulher quedou-se pasmada com a história que Mendo lhe contara: «era lá possível um corvo parir, parir como gente!? ... Não, não é verdade! Aquilo foi o homem a mangar comigo!...».
Sem poder conter-se mais, e como segredo é aquilo que se conta a uma pessoa de cada vez, foi dali à vizinha mais próxima relatar o que dissera o marido. Desta vez o corvo já não tinha parido dois corvinhos, mas quatro e, é claro, tudo isto era um segredo.
Acabada a conversa, despediram-se as vizinhas e foi dali cada uma contar a outra pessoa. De tal modo se espalhou o segredo que em breve toda a gente da região conhecia a história do corvo parindo em variadissimas versões.
Em vista disto, Mendo, o lavrador, decidiu ocultar de todos o seu segredo, o seu tesouro, e para isso construiu uma grande torre onde passou a morar para melhor defender o seu ouro.
Do nome do lavrador e da história do corvo, ficaram a chamar ao edifício Torre do Mendo (ou Mem) do Corvo. Com o tempo, esquecida a história, o povo foi simplificando o nome até chamar ao local TORRE DE MONCORVO.

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