Construção do Palácio da Justiça de Bragança |
Em todo o caso, apesar da monumentalidade com que se edificou, a permanência de lotes sem utilização transmitiram duradouramente a sensação de um espaço fragmentado e carente da genuína vitalidade que, essencialmente, continuava a ser comandado a partir da Praça da Sé. Apesar da diversidade de linguagens estéticas, sinais dos diferenciados ritmos de ocupação de solos, será útil acrescentarmos que a sensação de desordenado campo aberto só se ultrapassou com a construção do Banco Nacional Ultramarino e, mais recentemente, com a do Teatro e de um bloco quase inteiramente dedicado à atividade comercial.
Capela de Santo António do Toural |
Os propósitos iniciais relativos à construção da Igreja Catedral arrastar-se-iam no tempo por variados motivos, os quais decorriam de orçamentos curtos e também dos temores institucionais relativamente às novas tendências da arquitetura. Paralelamente, sentiam-se as dificuldades de conjugação das inércias que o tempo longo fomentava com alguns dos inovadores normativos que o Concílio do Vaticano II sancionou. Num outro tempo, à vista das grandes transformações que, cruzando os seus efeitos, produziram uma sociedade mais complexa, a Cidade respondeu expandindo-se, nem sempre bem, enquanto procurava responder às diversificadas solicitações que se exigiam.
D. Manuel de Jesus Pereira, que sucedeu a D. Abílio Vaz das Neves, aceitou aquele desígnio como herança e “mandou fazer nova planta, modesta, (e) escolheu o local, lá para as bandas do Toural, perto da Capela de Santo António”. O projeto chegou a ser exposto no salão da Câmara Municipal mas logo se esgotaram as vontades que o impulsionaram.
Diversas perspetivas da Catedral de Bragança |
Passaram mais alguns anos para que o projeto da equipa do arquiteto Vassalo Rosa pudesse começar a concretizar-se, justamente com a abertura das fundações, iniciadas em 8 de junho de 1992. Este projeto, segundo o texto inserido no “Programa preliminar para a Nova Sé de Bragança”, de 1982, “tratando-se de uma igreja, além da verdade e pureza próprias de uma arquitetura autêntica, deve caraterizar-se por um conjunto harmónico de qualidades que exprima, em linguagem propriamente arquitetural, mais do que pelo recurso ao simbolismo das formas ou das decorações, o caráter sagrado do edifício que, pela consagração ritual, é retirado dos usos profanos e destinado a usos exclusivamente sacros. Por outras palavras, tanto exterior como interiormente, deve impor-se ao sentir comum dos homens não como um edifício que também pode ser uma igreja, mas como um edifício que não pode deixar de o ser”.
Agora, num outro sítio, encostando-se onde estiveram algumas cortinas do antigo Forte de S. João de Deus, edificou-se em Portugal a sua última catedral, inaugurada oficialmente em 7 de novembro de 2001 – sendo, como todas as catedrais portuguesas, dedicada a Nossa Senhora da Assunção.
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa
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