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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Azeite - Sector defende aposta contínua nas exportações

Apostar na qualidade do azeite, na gestão sustentável e em mercados externos mais diversificados foram alguns dos desafios deixados pelos especialistas do sector olivícola na conferência «Olival e Azeite - Os novos desafios do mercado», a 10 de Outubro, em Lisboa. Para os participantes no encontro, Portugal deve manter o actual nível das exportações superior as importações.
O mercado de azeite cresce em Portugal, a cada ano, em produção e consumo. Um mercado que oferece grandes possibilidades de incremento exportador em novos países consumidores, como os EUA e o Brasil. Por sua vez, o olival ocupa uma área crescente de terreno em Portugal, sobretudo no Alentejo. Neste momento o país já exporta mais do que importa, permitindo igualmente um reconhecimento internacional importante.
Foi este o mote do encontro, que deu início à discussão em torno das «Novas técnicas de condução do olival em sebe», através de Marisa Fernandez, da empresa espanhola Todolivo, no mercado desde 1985, e que há dez anos utiliza tecnologias e maquinaria avançada no sector do olival. «Está claramente provado que os custos de produção podem ser menores e a produtividade é o grande sucesso deste tipo de cultura», garantiu.
«O olival de sebe é uma excelente alternativa para a produção de azeite 100% virgem extra, sobretudo se a tecnologia que utilizarmos for devidamente utilizada», considerou a responsável, acrescentando que este sistema de cultivo «permite uma gestão mais eficaz durante o ciclo produtivo, desde a assistência técnica ao olival ou à utilização de máquinas modernas para apanha da azeitona em oliveiras em sebe».

Marisa Fernandez realçou igualmente que neste tipo de sistema, «de grande capacidade e com os mais rigorosos sistemas de controlo de qualidade para a produção de azeite virgem extra, a produtividade e a rentabilidade da colheita é muito maior» sobretudo se a comparação for com os sistemas de cultura tradicional, «onde há falta de rentabilidade, custos de produção elevados e perda de qualidade».
Para a técnica da Todolivo, um sector olivícola com sustentabilidade tem igualmente de ter em conta «os baixos preços existentes no sector» bem a «concentração da distribuição que influi nos preços». Por tudo isto, considerou ser «fundamental apostar em tecnologias que promovam a qualidade, racionalizando os custos».
Ou seja, o olival em sebe, quando bem gerido, promove «elevados índices de produtividade, baixos custos de produção e altos benefícios sem necessidade de recorrer a subsídios», frisou.
Consumo per capita aumentou em Portugal:
A Manuela Nina Jorge, da Agrogés, coube a exposição sobre a «Análise de rentabilidade em diferentes tipos de olival». A especialista realçou que, a nível mundial, «o azeite está limitado em termos de produção», sendo que actualmente 95% da superfície do olival está concentrada na Bacia Mediterrânica. Países como Espanha, Itália, França, Grécia e Portugal têm a seu cargo 72% produção mundial.
Os dados recentes sobre o sector indicam que na UE, Portugal representa 3,3 % da produção. «Nos últimos 15 anos verificou-se um crescimento de 37% a nível mundial, sendo que a UE representa 63% do consumo mundial», informou.

A responsável da Agrogés sublinhou também que «o consumo tem aumentado em países que, até agora, não eram tradicionalmente consumidores», como é o caso dos Estados Unidos, país que, na lista se posiciona imediatamente a seguir à Itália e à Espanha, no segmento do mercado de consumo. «Já na UE, os principais produtores são, paralelamente, os principais consumidores». E são eles Itália, Espanha, Grécia e Portugal.
Outra mudança, «positiva», registada nos últimos anos em Portugal, diz respeito ao consumo de azeite per capita, onde o nosso país tem alcançado índices «consideráveis». «Apesar da crise económica, o consumo per capita aumentou, tendo descido nos restantes países consumidores», disse, lembrando que tal facto pode estar associado à cada vez maior substituição de outras gorduras pelo azeite, «conhecidos que são os benefícios deste para a saúde».
Em Portugal, explicou, «houve investimento em áreas novas», ainda que o país «mantenha praticamente os mesmo níveis de área registada nos anos 90, à volta de 350 mil hectares de cultivo».

No que respeita à produção, há duas regiões que se mantêm muito produtivas, e que se destacam do restante território olivícola: Trás-os-Montes e Alentejo (esta última região registou, em 2011, um aumento significativo, sobretudo com apostas em olival intensivo e superintensivo).
«Também a qualidade do azeite melhorou bastante na última década. Globalmente, devido à melhoria do grau de acidez mas também na concepção da produção e com a melhoria dos lagares», salientou. No que toca aos lagares, Manuela Nina Jorge lembrou que as novas normas de higiene, resíduos e obrigações ambientais, potenciaram a «exigência». «Muitos lagares viram-se obrigados a fechar as portas. Por outro lado, aumentou bastante a transformação das colheitas, por exemplo, em lagares industriais».

E na exportação, que «tem vindo sempre a aumentar», Portugal conseguiu, pela primeira, ao fim de 12 anos, obter no sector do azeite, uma balança comercial positiva. «O valor da exportação do azeite é mais valorizado do que o que importamos. O que prova que Portugal é um país com excepcional vocação exportadora». E os números provam isso mesmo. O Brasil é o principal destino do azeite português, importando duas vezes mais do que toda a UE, seguindo-se Espanha e Angola.
«O mercado brasileiro representa 65 % das exportações nacionais e 50% do consumo do azeite no Brasil», afirmou Manuela Nina Jorge. Contudo, alertou para a necessidade de Portugal «se abrir a novos mercados» já que «pode ser perigoso a concentração de marcas apenas no Brasil».
No final da sua intervenção, a especialista lembrou que na última década, o nosso país «duplicou a produção e o consumo de azeite, registaram-se melhorais na qualidade do azeite, verificaram-se investimentos consideráveis de olival, sobretudo no Alentejo, bem como foi notório um aumento do consumo global». «Tudo isto fez com que a linha exportadora alcançasse níveis de topo. Continuar esta aposta é decisivo para o futuro do sector e da nossa economia», finalizou.
«Melhor azeite, com custos controlados»:
 Ana Carrilho, da empresa Olivais do Sul, fez uma exposição sobre a «Gestão da produtividade e da qualidade do azeite», numa abordagem à optimização na extracção de azeite. E começou por se dirigir aos produtores: «nos tempos actuais, temos que produzir mais barato e cada vez com maior qualidade. E temos de o fazer, sacrificando os custos, tendo custos mais controlados para também as nossas empresas serem mais sustentáveis».
A responsável prosseguiu enumerando os factores fundamentais para obter, desta feita, um azeite de qualidade. «Há factores que determinam a qualidade do azeite, intrínsecos, que não podemos modificar, como o clima, o solo, variedade, localização. Mas, depois, temos os extrínsecos, que podem ser trabalhados, como a colheita, a rega, as práticas culturais, a fertilização, poda, tratamentos, fitossanitários, transporte, etc.».

Na elaboração, «é fundamental a separação por variedades da azeitona, por qualidade e atingir o grau de maturação desejável, grau esse que define as características organolécticas do azeite».
Também o uso de materiais inertes é essencial: «é importante impedir o esmagamento da azeitona, calcular o tempo de armazenamento, ter um pátio coberto que protege do calor ou da chuva, cuidar do devido transporte, e ter depois uma boa amostragem, sabendo o que está a entrar no lagar em termos de gordura e de humidade».
No campo da extracção, «dever ter-se em conta o tempo, a velocidade e a temperatura do batido; a quantidade e temperatura da água nas centrífugas; a análise do rendimento e humidade do bagaço; a acidez e análise organolética a todas as partículas (para a correcta separação dos azeites obtidos); e a higiene de todas as instalações».
Ana Carrilho não esqueceu também de salientar a importância do armazenamento, «onde é fundamental a utilização de depósitos opacos de material inerte e o controlo da temperatura em armazém para facilitar a decantação».

No engarrafamento «é essencial o loteamento, consoante o tipo de mercado, seja a granel ou engarrafado, mas também a filtragem do azeite, que evita o aparecimento de borras. Seja em garrafa, garrafão ou lata, os produtores, para terem azeite de qualidade devem, pois, certificar-se que obtêm a temperatura e o volume de ar adequados». E, apesar de a validade recomendada, em termos gerais, ser de 18 meses, «cabe a cada embalador definir os prazos certos de validade consoante o tipo do azeite. «O consumidor é o nosso objectivo fina e se não houver qualidade, não há azeite de sucesso», concluiu.
 No final do encontro, vários responsáveis de algumas empresas nacionais que se dedicam à produção e comercialização de azeite, partilharam com o público as suas experiências ao nível da exportação, dos mercados e da concorrência.
A Conferência «Olival e Azeite - Os novos desafios do mercado» foi organizada pela Revista Vida Rural.

Ana Clara
in:cafeportugal.net

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